“Sabe, também, que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos.” (2 Tim 3.1)
Estas palavras contêm uma advertência de perigos iminentes. E há quatro coisas nas mesmas: – Primeiro, a maneira do aviso: “Sabe.” Em segundo lugar, o próprio mal do qual são avisados: “tempos trabalhosos”. Em terceiro lugar, a forma de sua introdução: “sobrevirão”. Em quarto lugar, o tempo e a época dos mesmos: “nos últimos dias”.
Primeiro. A maneira do aviso: “Sabe” – “Tu Timóteo, quanto às demais instruções que te dei sobre como se portar na casa de Deus, para que tu possas ser um modelo para todos os ministros do evangelho em eras futuras, também deves adicionar isto: Este “sabe também”. Pertence ao teu dever e ofício conhecer e considerar os juízos iminentes que estão vindo sobre as igrejas.”
É dever dos ministros do evangelho prever e tomar conhecimento dos perigos nos quais as igrejas estão caindo. E o Senhor nos ajude, e todos os outros ministros, para sermos despertados para esta parte do nosso dever! Você sabe como Deus o define ( Ez 33) na parábola da vigilância, para advertir os homens da aproximação de perigos.
E realmente Deus nos tem dado essa lei: – Se alertarmos as igrejas sobre os perigos que se aproximam, nós cumprimos o nosso dever, se não o fizermos, o seu sangue será requerido de nossas mãos. O Espírito de Deus previu negligência apta a crescer em nós nesta matéria; e, portanto, a Escritura propôs o dever por um lado, e por outro o sangue do povo a ser requeiro das mãos dos vigilantes (atalaias), se não cumprirem seu dever.
Assim fala o profeta Isaías, Isa 21.8: “Então, o atalaia gritou como um leão: Senhor, sobre a torre de vigia estou em pé continuamente durante o dia e de guarda me ponho noites inteiras.” Um leão é um símbolo de aproximação de julgamento. “Rugiu o leão, quem não tremerá?”, diz o profeta Amós. É dever dos ministros do evangelho dar aviso de perigos iminentes.
Mais uma vez, o apóstolo, ao falar a Timóteo, falou a nós também, a todos nós, “Sabe também.” É a grande preocupação de todos os cristãos, de todas as igrejas, para que seus corações estejam vigilantes sobre a aproximação de perigos. Temos perguntado por tanto tempo sobre os sinais, símbolos, e as evidências de libertação, e não sei o quê, que quase nos leva a perder o benefício de todas as nossas provações, aflições e perseguições.
O dever de todos os crentes é, estar atento sobre os perigos presentes e iminentes. “Ó Senhor”, dizem os discípulos, Mat 24, “qual será o sinal da tua vinda?” Eles estavam focados em sua vinda. Nosso Salvador responde: “Eu vou lhes dizer:
1. Haverá uma abundância de erros e de falsos mestres: muitos dirão: “Eis aqui o Cristo”, e “Lá, está o Cristo.”
2. Haverá uma apostasia da santidade: “a iniquidade se multiplicará, o amor de muitos esfriará.”
3. Haverá grande angústia entre as nações: “Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino.”
4. Haverá grandes perseguições: “vos perseguirão, e sereis trazidos perante governadores e sereis odiados de todos por causa do meu nome.”
5. Haverá grandes símbolos da ira de Deus no céu: “sinais nos céus, o sol, a lua e as estrelas.” O Senhor Jesus Cristo instruiu os cristãos como eles devem olhar para a sua vinda, ele lhes advertiu de todos os perigos. Esteja atento sobre essas coisas. Eu sei que você está apto para ignorá-las, mas estas são as coisas sobre as quais você deve vigiar.
Não ser sensível a uma presente época perigosa, é este tipo de segurança que a Escritura condena, e eu vou lhe entregar isto, em suma, nestas três coisas:
1. Esta é a condição de coração que, de todas as outras, Deus mais detesta e abomina. Nada é mais odioso para Deus do que um coração se sentindo seguro e insensível em dias perigosos.
2. Eu não temo em dizer isto, porque penso que no dia do juízo: Uma pessoa em segurança insensível, em épocas perigosas, está certamente sob o poder de um desejo predominante, aparente ou não.
3. Esta segurança insensível é o presságio certo de aproximação de ruína. Saibam isto, irmãos, orem sobre isto, eu lhes peço, pelo bem da minha e suas próprias almas, que sejam sensatos e sensíveis com os perigos de qualquer época em que vivamos.
O que são estes dias trabalhosos, se Deus me ajudar, eu lhes mostrarei passo a passo.
Em segundo lugar. Há o mal e o perigo em si mesmos, assim avisados de, que ocorrem em – tempos difíceis, tempos trabalhosos, tempos de grande dificuldade, como os de pestes públicas, quando a morte se encontra em cada porta; tempos em que eu tenho certeza nem todos nós escaparemos.
Em terceiro lugar. A forma de sua introdução, “sobrevirá.” Nós não temos palavra em nossa língua que expresse a força do evento. Os latinos o expressam por “iminente, incidente”, – a descida de uma ave até sua presa. Agora, os nossos tradutores têm dado a maior força que podem. Eles não dizem, “tempos difíceis virão”, como eventos futuros prognosticados, mas “Sobrevirão tempos trabalhosos”.
Aqui está a mão de Deus nesse negócio, pois eles assim virão, ou seja, de modo instantâneo em sua vinda, que nada poderá se guardar deles, pois eles devem se instalar instantaneamente, e prevalecerão. Nossa grande sabedoria, então, será, observar o desagrado de Deus em épocas perigosas; uma vez que há uma mão judicial de Deus neles, e vemos em nós mesmos motivo suficiente por que eles deveriam vir. Mas quando virão?
Em quarto lugar. Eles “virão nos últimos dias”.
As palavras “últimos” ou “últimos dias” são apresentadas de três formas nas Escrituras; – às vezes para os tempos do evangelho, em oposição à igreja estatal judaica, como em Heb 1.2, “nestes últimos dias nos falou pelo Filho,” – e outras para os dias em direção à consumação de todas as coisas e o fim do mundo, e é também muitas vezes para os últimos dias de igrejas; 1 Tim 4.1: “O Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé.”
E assim vemos em I Jo 2.18, “Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora.” E essa é a época aqui indicada. Mas ainda assim você pode entendê-lo no seguinte sentido: nos últimos dias, os dias do Evangelho, nos últimos dias, no sentido da consumação de todas as coisas e o fim do mundo, nos últimos dias, seguindo os dias da profissão de igrejas, as chamadas Igrejas Reformadas, ou nossas próprias igrejas, nas formas em que andamos, e nos últimos dias, muitos de nós, com relação às nossas vidas.
Em qualquer sentido, que as palavras sejam tomadas, é hora de olhar para o que virá nos últimos dias.
Quando as igrejas têm sido fiéis por um tempo em sua profissão, e começam a cair em apostasias, tempos perigosos devem alcançá-las, dos quais será difícil para elas escaparem: “Sabe, que sobrevirão tempos trabalhosos.”
I. A primeira coisa que faz uma época ser perigosa é, quando a profissão da religião verdadeira é visivelmente mantida sob um predomínio de luxúrias abomináveis e maldade.
E a razão pela qual eu nomeio isto em primeiro lugar é, porque o apóstolo o exemplifica, neste lugar “sobrevirão tempos trabalhosos.” Por quê? “pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder.” Isso tornou a época perigosa. Se esta é uma época como esta ou não, você deve julgar.
E devo dizer, a propósito, podemos e devemos testemunhar contra isto, e chorar pelos pecados públicos dos dias em que vivemos. É uma coisa tão gloriosa ser um mártir por dar testemunho contra os pecados públicos de uma época, como em dar testemunho perante qualquer verdade que seja do evangelho.
Agora, onde essas coisas estiverem, a época é perigosa, –
1. Por causa da infecção. Igrejas e líderes estão aptos a serem infectados com isto.
O historiador nos fala de uma praga em Atenas, no segundo e terceiro anos da Guerra do Peloponeso, na qual multidões morreram e daqueles que viveram, apenas alguns escaparam, mas perderam um membro, ou parte de um membro, – a infecção foi muito grande e terrível. E, na verdade, irmãos, quando esta praga vem, – da prática visível de desejos impuros no âmbito de uma profissão externa, – embora os homens não morram, perdem um braço, olho, perna, por causa disto: a infecção se difunde ao melhor dos líderes, mais ou menos. Isto a torna uma época perigosa e trabalhosa.
2. É perigoso, por causa dos efeitos, pois quando as concupiscências predominam quebram todos os limites da luz e regra divina, e quanto tempo vocês acham que as regras humanas irão mantê-los em ordem? Eles rompem tudo numa época, como o apóstolo descreve. E se eles vêm para romper todas as restrições humanas, como eles romperam a divina, eles vão encher todas as coisas com ruína e confusão.
3. Eles são perigosos em consequência; isto é, os juízos de Deus. Quando os homens não recebem a verdade em amor a Ele, mas tendo prazer na injustiça, Deus lhes enviará a operação do erro, para darem crédito à mentira – 2 Tes 2.10,11.
Vamos agora considerar o que é o nosso dever numa época tão perigosa:
(1) Devemos nos entristecer muito por causa das abominações públicas do mundo e da nossa terra natal na qual vivemos.
Gostaria apenas de observar que em Ez 9, Deus envia seus juízos, e destrói a cidade, mas antes, ele coloca uma marca sobre as testas dos homens que suspiram por todas as abominações que se cometeram no meio dela.
Você vai encontrar esta passagem em Apo 7.3: “Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que tenhamos selado os servos do nosso Deus em suas testas.” Gostaria apenas de observar isso, que os tais são apenas os servos de Deus, homens que fizeram a Sua vontade, “que choram por causa das abominações que se fazem na terra.”
E, na verdade, irmãos, somos certamente culpados neste assunto. Temos quase ficado bem contentes que os homens sejam tão maus como se fôssemos eles mesmos, e ainda nos sentamos e vemos o que está por vir. Cristo foi desonrado, o Espírito de Deus blasfemado, e Deus provocado contra a terra do nosso nascimento, e ainda assim não ficamos afetados com essas coisas. Eu posso verdadeiramente dizer com sinceridade, eu graças a Deus, tenho às vezes trabalhado com meu próprio coração sobre isso. Mas eu temo que todos nós nos preocupemos pouco com nosso dever nesta matéria.
“Rios de águas”, diz o salmista, “correm dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei.” Horrível profanação do nome de Deus, abominações horríveis, que os nossos olhos viram e nossos ouvidos ouviram, e ainda assim os nossos corações não foram afetados com isto! Você acha que essa é a condição de coração que Deus requer de nós, em tal época?
(2) Nosso segundo dever, com referência a esta época perigosa, é tomar cuidado para que não sejamos infectados com os males e pecados da mesma. Quando os pecados de alguns homens crescem muito alto, as graças dos homens crescem muito baixo. Nosso Salvador nos tem dito em Mat 24.12: “Por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” Um homem poderia pensar que a abundância de iniquidade no mundo deve dar um grande impulso para amar uns aos outros. “Não”, diz o nosso Salvador, “o contrário será encontrado como verdade: assim como os pecados de alguns homens crescem alto, as graças de outros homens crescerão baixo”.
E existem estas razões para isso:
[1] Em tal época, estamos aptos a ter pensamentos evidentes de grandes pecados. O profeta olhou para isto como uma coisa terrível, que após o rei Joaquim jogar o rolo da profecia de Jeremias no fogo, até ser consumido, ainda assim ele não temeu, nem rasgou as suas vestes, nem o rei nem nenhum dos seus servos que ouviram todas aquelas palavras, Jer 36.24. Eles haviam crescido insensíveis, tanto quanto ao pecado, quanto ao juízo. E onde os homens podem crescer insensíveis ao pecado, rapidamente irão crescer insensíveis às decisões judiciais também. E eu temo, que a grande razão pela qual muitos de nós não têm impressão em seus espíritos de perigos, nos dias em que vivemos, é porque não somos sensíveis ao pecado.
II. Uma segunda época perigosa, e que, dificilmente termina, é que, quando os homens são propensos a abandonar a verdade, e os sedutores abundam para arrancá-los da posição em que estão, e você vai ter sempre essas coisas caminhando juntas. Você vê sedutores abundando? Você pode ter certeza de que há uma propensão nas mentes dos homens para abandonarem a verdade, e quando não há tal propensão, eles nunca desejarão sedutores, – aqueles que irão afastar as mentes dos homens da verdade; porque é tanto a mão de Deus e a de Satanás neste negócio.
Deus judicialmente abandona os homens, quando os vê crescer cansados da verdade, e propensos a deixá-la, e Satanás ataca com a ocasião, e desperta sedutores. Isso faz com que seja uma época perigosa. O apóstolo a descreve em 1 Tim 4.1: “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos” (nestes dias perigosos), “alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios.”
E assim, Pedro alertou a quem ele escreve, 2 Pe 2.1,2, que “haverá falsos mestres entre eles, que secretamente introduzirão dissimuladamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição, e muitos seguirão as suas dissoluções.” Virão tempos cheios de perigo, que atrairão os homens para longe da verdade, em destruição.
Se for perguntado: como podemos saber quando há uma propensão nas mentes dos homens em qualquer época para se afastar da verdade? Existem três maneiras em que podemos julgar isto:
1. A primeira é a mencionada em 2 Tim 4.3: “Virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina, seguindo as suas próprias concupiscências, amontoarão para si mestres, tendo comichão nos ouvidos.” Quando os homens se cansam da sã doutrina, quando é muito simples, muito pesada, muito chata, muito comum, muito elevada, muito misteriosa, uma coisa ou outra que lhes desagrade, e gostariam de ouvir algo novo, algo que possa agradar, – é um sinal de que há em tal época muitas pessoas que estão propensas a abandonar a sã doutrina.
2. Quando os homens têm perdido o poder da verdade em sua conversação, e estão assim propensos e prontos para partirem com a profissão deles em suas mentes. Você vê um homem mantendo a profissão da verdade numa conversação mundana? Ele quer, mas as iscas de tentação, ou um sedutor, tiram a fé dele. Uma inclinação para escutar novidades, e a perda do poder da verdade na conversação, é um sinal de predisposição para esta decadência da verdade. Essa época, você vê, é perigosa. E por que é perigosa? Porque as almas de muitos são destruídas na mesma.
O apóstolo nos diz diretamente, 2 Pe 2.1, de “falsos profetas entre o povo, que secretamente trazem heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.” Isto permanecerá assim? Não: “E muitos seguirão as suas dissoluções, pelas quais o caminho da verdade será blasfemado.”
Irmãos, enquanto está tudo bem conosco, através da graça de Deus e nossas próprias casas não estão em chamas, oremos para que pensemos que os tempos não sejam perigosos, quando muitos caíram em erros perniciosos, e em perdição. Você vai dizer que o tempo da peste pública não era perigoso, porque você está vivo? Não. O fogo não era terrível, porque as suas casas não foram queimadas? Não; você vai, não obstante, diga que foi uma peste e um fogo terrível.
E oremos considerando, se não é uma época perigosa, quando multidões têm uma tendência para se afastar da verdade, e Deus, em justo juízo, tem permitido a Satanás levantar sedutores para atraí-los para práticas libertinas, e as suas pobres almas se perdem para sempre.
Além disso, há uma grande aptidão numa época assim para trabalhar indiferentemente nas mentes daqueles que não pretendem abandonar totalmente a verdade. Pouco, eu penso que deveria ter vivido neste mundo para encontrar as mentes dos mestres crescendo completamente indiferentes quanto à doutrina da eleição eterna de Deus, à eficácia soberana da graça na conversão dos pecadores, à justificação pela imputação da justiça de Cristo; mas muitos são, como para todas estas coisas, crescidos para uma indiferença: eles não sabem o que elas são ou não.
Eu graças a Deus sei alguma coisa da antiga geração, quando os mestres não ouviriam essas coisas sem uma grande repulsa; e agora mestres proeminentes começam a ser líderes nisto, e isto é muito comum entre os melhores de nós. Nós não estamos muito preocupados com a verdade, como nossos antepassados, eu gostaria de poder dizer que nós éramos santos.
3. Esta tendência para se afastar da verdade é uma época perigosa, porque é a maior prova da retirada do Espírito de Deus, de sua igreja, porque o Espírito de Deus está prometido para este fim, “para nos conduzir em toda a verdade”; e quando a eficácia da verdade começa a decair, é a maior evidência da partida e retirada do Espírito de Deus. E eu acho que isso é uma coisa perigosa, pois se o Espírito de Deus se afasta, então a nossa glória e a nossa vida partem também.
Agora, o que é o nosso dever em relação a esta época perigosa? Alertas de perigos nos são dados para nos instruir em nosso dever.
(1) O primeiro é não se contentar com o que você julga ser uma profissão sincera da verdade; mas trabalhar para ser encontrado no exercício de todas as graças que se relacionam peculiarmente com a verdade. Se estas graças que se relacionam peculiarmente com a verdade, não forem exercitadas, e se não forem encontradas em nossos corações, toda a nossa profissão para nada servirá. E estas graças são:
[1] Amor: “Porque eles não amaram a verdade.” Eles fizeram profissão do evangelho, mas não receberam a verdade no amor a ele. Foi por falta de amor à verdade. A verdade não fará nenhum homem bom onde há falta de amor por ela. “Falando a verdade em amor”, é a substância da nossa profissão de fé cristã. Oremos, pois, irmãos, vamos trabalhar para amar a verdade, e para tirar todos os preconceitos de nossas mentes, para que possamos fazê-lo.
[2] Esta é a grande e única regra para nos preservar em tempos perigosos, – trabalhar para ter a experiência do poder de toda a verdade em nossos corações. Se é que já aprendemos do Senhor Jesus. Como? Assim: “despojando-nos do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano”, e “nos revestindo do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade”, Ef 4.22-24. Isso é para aprender a verdade. A grande graça que deve ser exercida com referência à verdade numa época como esta, é para exemplificar isto em nossos corações no seu poder. Trabalhem para a experiência do poder de toda a verdade em seus próprios corações e vidas.
[3] Zelo pela verdade. A verdade é o objeto mais adequado para o zelo. Nós devemos “batalhar pela verdade, uma vez entregue aos santos”; estando dispostos, quanto Deus nos ajude, a nos submetermos a escárnio e desprezo, tudo o que este mundo possa lançar sobre nós, por darmos testemunho da verdade. Cada coisa que o mundo considera querida e valiosa é para ser abandonada, ao invés da verdade. Este foi o grande fim com o qual Cristo veio ao mundo.
(2) Nosso segundo dever a ser praticado em tempos trabalhosos é nos apegarmos aos meios que Deus tem determinado e ordenado para a nossa preservação na verdade. Eu vejo alguns que estão prontos para ir dormir, e que não pensam ou se preocupam com essas coisas: o Senhor desperte os seus corações! Guarde os meios de preservação da verdade. Bendito seja Deus por um ministério remanescente que valoriza a verdade, conhecendo a verdade, firme na fé.
Há pouca influência sobre as mentes dos homens quanto a esta ordenança e instituição de Deus, o grande assunto do ministério. Mas sei que há algo mais nisso do que os ministros parecem ter melhores habilidades para pregar do que você; mais conhecimento, mais luz, melhor compreensão do que você. Se você não sabe que há mais no ministério do que isso, você nunca será beneficiado por ele. Os ministérios são ordenanças de Deus, o nome de Deus está sobre eles, Deus será santificado neles. Eles são ordenanças de Deus para a preservação da verdade.
III. A terceira coisa que faz uma época perigosa é, mestres, se misturando com o mundo e aprendendo a sua maneira, ou seja, se conformando a ele, e se as outras épocas perigosas vieram sobre nós, isso é vindo sobre nós também. Este foi o fundamento e a fonte da primeira época perigosa que houve no mundo, que trouxe um primeiro dilúvio de pecado e, em seguida, um dilúvio de miséria. Foi o início da primeira apostasia pública da igreja, que emitiu a marca mais severa do desagrado de Deus. Gên 6.2: “Os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.”
Este é apenas um exemplo da igreja de Deus, os filhos de Deus, os mestres, misturando-se com o mundo. O que é o fim dessa mistura com o mundo? Sl 106.35: “Eles se misturaram com as nações.” E depois? “E aprenderam os seus costumes.” Se qualquer coisa debaixo do céu vai fazer uma época perigosa, isso vai fazê-lo – quando nos misturamos com o mundo, e aprendemos os seus costumes.
IV. Quando há uma grande atenção em deveres externos, os internos e espirituais decaem.
V. tempos de perseguição são também tempos de perigo.
Agora, eu não preciso dizer se estas épocas estão ou não sobre nós, é seu dever investigar isso.
Tradução, adaptação e redução de um sermão de John Owen, realizadas pelo Pr Silvio Dutra.