Tudo o que é deste tempo presente, seja bem ou mal, é nosso, para o nosso conforto em nossa peregrinação e passagem para o céu. Deus é tão bom para com os seus filhos, que ele não somente lhes faz uma reserva para a felicidade deles em outro mundo, como também lhes faz um caminho confortável para o céu.
As coisas presentes são deles. Eles podem apreciá-las com conforto, pois eles têm liberdade para desfrutar de todas as coisas, para o seu refrigério etc. “Todas as coisas são puras para os puros”, Tito 1.15. “Toda criatura de Deus é boa, sendo recebida com ações de graças e oração”, 1 Tim 4.4. Temos liberdade para usá-las, mas isto tem que ser feito com oração e ação de graças. Assim, embora tenhamos liberdade de usar as “coisas presentes,” deve haver uma utilização santificada delas. Devemos ir a Deus para achar a graça de usá-las bem; tudo deve ser santificado pela oração e ação de graças.
E como as coisas boas, as coisas más presentes também são nossas. As aflições são nossas, porque elas se destinam a produzir em nós um estado mais feliz; elas exercem o que é bom em nós, e mortificam o que está doente. Elas são santificadas para subjugar aquilo que é ruim em nós, e para aumentar o que é bom, e nos tornar mais habilitados para a glória.
Quem é mais capaz de glória, do que aquele que tem sido afligido neste mundo?
Para quem é de fato o céu, senão para o homem que tem sido afligido na vida, num curso de conflito com o mundo e com suas próprias corrupções? O céu é um lugar de felicidade na verdade para ele. Portanto, as coisas más são nossas, porque adoçam a felicidade por vir, e nos tornam mais capazes e mais desejosos dela. Assim, tanto as coisas boas quanto as más, no presente, são nossas.
Nunca houve um homem que pudesse afirmar que ele aprendeu a paciência por um caminho diferente do sofrimento.
Assim, as coisas presentes, sejam elas boas ou más, são nossas, para nos ajudar no estado de graça, e para nos preparar para o estado de glória.
Tradução de citações do tratado de Richard Sibbes, intitulado A Porção do Cristão, em domínio público.