Nós podemos ver em várias passagens das Escrituras que a par da salvação em Cristo Jesus ser inteiramente pela graça, a qual opera com poder para a nossa transformação, somente por arrependimento e fé, todavia, há um esforço em plena diligência que é requerido por Deus dos salvos porque são salvos para a santificação do Espírito Santo ( 1 Pe 1.2).
Deus em Sua presciência conhece aqueles que responderão a esta vocação para serem santos, que está embutida na salvação deles, e ainda que não tenham um adequado conhecimento de tudo isto, todavia são salvos por Deus segundo este Seu prévio conhecimento, e Ele completará a obra de santificação iniciada neles na conversão, ainda que não atinjam a plena maturidade espiritual aqui neste mundo; pois lhes aperfeiçoará completamente no céu.
Mas nos que têm se santificado, conforme é do propósito divino, esta santificação implica muita consagração, vigilância, oração, renúncias, para a necessária autonegação e o carregar diário da cruz que se demanda de todos aqueles que são verdadeiros discípulos de Jesus.
Por isso nosso Senhor nos alerta para a verdade de que não somente a porta de entrada para o reino do Céu é estreita, como também o caminho que deve ser trilhado após termos adentrado por ela.
Esta entrada no reino do Céu significa o ingresso àquela nova vida que recebemos do Espírito Santo na regeneração, e que será desenvolvida pelo mesmo Espírito na santificação.
Mas esta santificação será vista em maior grau em uns do que em outros porque depende não somente da graça de Deus como também da nossa diligência espiritual para que a graça se mostre eficaz em seu trabalho em nossas vidas.
Não se trata entretanto de algo como é comum de se ouvir, que uma é a nossa parte e outra é a parte de Deus, pois mesmo na santificação o trabalho é todo realizado pelo Espírito Santo na aplicação da Palavra em nossas vidas. O que se requer de nós é obediência ao Senhor e aplicação de tudo aquilo que temos recebido da Sua graça.
Lembramos aqui que a graça é concedida proporcionalmente à medida da nossa diligência. Daí se dizer que em Cristo temos recebido graça sobre graça.
Muita obediência, muita graça. Pouca obediência, pouca graça. Nenhuma obediência, nenhuma graça. A obediência aqui referida é em diligência e à Palavra de Deus, tal como se encontra revelada na Bíblia (sã doutrina).
Esta tem sido uma das maiores barreiras para o crescimento em santificação, uma vez que este é feito pelo Espírito na aplicação da Palavra. Por isso Jesus orou quanto à nossa santificação para que fosse realizada pelo Pai conforme a verdade, que Ele definiu como sendo a Palavra (Jo 17.17).
Quanta inobservância e desrespeito dos mandamentos do Senhor Jesus Cristo temos visto em nossos dias! E cabe lembrar que Jesus definiu como Seus amigos apenas aqueles que guardam os Seus mandamentos; ou seja, os que se encontram efetivamente em comunhão com Ele têm grande temor e apreço pelas Suas ordenanças.
Daí ter nosso Senhor advertido àqueles que pretendiam segui-lO que eles deveriam calcular o custo que está embutido na salvação (o da diligência para a santificação que se segue à conversão), quando lhes apresentou a ilustração do homem que pretendia construir uma torre, e que não pôde terminá-la, e de um rei que declarou guerra a outro rei e que não dispunha de um exército que pudesse enfrentá-lo.
Com isto, não estava ensinando que devemos ter recursos e méritos em nós mesmos para que possamos ser salvos e segui-lO, mas que teremos que estar dispostos a sermos enriquecidos pela Sua graça para que possamos responder de modo adequado a tudo o que se relaciona à nossa vocação, e nos empenharmos nos deveres espirituais que nos são designados na Sua Palavra para que possamos amadurecer espiritualmente (crescer na graça e no conhecimento de Jesus – 2 Pe 3.18).
Agora, à luz de tudo que foi dito, quando olhamos para o estado da Igreja apóstata, atualmente, não vemos muito disto sendo ensinado aos crentes e sendo vivido por eles, em sua grande maioria.
Sendo dias de apostasia, como está profetizado na Bíblia, haveria rejeição desta sã doutrina bíblica, e muitos seguiriam ensinos de homens e de demônios.
Por causa de negligência, muitos serão salvos como pelo fogo, outros perderão galardões, e ainda outros não subirão no dia do arrebatamento da Igreja (apesar de não perderem a salvação se forem genuínos cristãos), porque a salvação é de fato simplesmente por graça e mediante a fé.
Finalmente, cabe ressaltar que somos chamados a examinar a nós mesmos, a fazermos prova da nossa eleição, de forma a não fixarmos a segurança da nossa salvação em qualquer outro fundamento que seja diferente daquele que se refere a uma verdadeira santificação do Espírito Santo, pois é somente a santificação que é segundo a Palavra e que se mostra progressiva em nosso viver pode dar para nós mesmos a certeza de que entramos pela porta estreita e que estamos em nossa jornada no caminho estreito rumo ao céu.
“2Pe 1:5 por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento;
2Pe 1:6 com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade;
2Pe 1:7 com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.
2Pe 1:8 Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
2Pe 1:9 Pois aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora.
2Pe 1:10 Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum.
2Pe 1:11 Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.”
Pr Silvio Dutra