Arthur Tappan Pierson, na parte final do século XIX foi convidado do por Charles Haddon Spurgeon para estar à frente dos trabalhos do Tabernáculo Metropolitano, no período em que a enfermidade que o levaria à morte, havia se agravado.
A pedido da própria congregação, ele foi convidado a assumir o pastorado da Igreja que
Spurgeon havia conduzido por tantos anos.
Pierson havia escrito muitas obras, e era profícuo em tudo o que fazia, especialmente em sua dedicação à obra missionária, que viria a inspirar muitos outros depois dele neste trabalho na virada do século.
Profundamente inspirado por Spurgeon dedicou a ele o livro que escreveu, intitulado Life-Power, no qual enfoca a importância de ter propósitos definidos para a nossa vida. E, na dedicatória que fizera destacou o próprio Spurgeon como um exemplo vivo, que havia encarnado todas as coisas que escrevera em seu livro, referentes ao poder de um propósito definidor da vida, a inspiração de ideais, sobretudo na moldagem do caráter e da conduta.
Nós vemos atualmente, este material de Pierson sendo usado de maneira desviada do propósito original com o qual escrevera sua obra, cuja releitura parcial tem servido para incentivar a obra de missões mundiais, de modo afastado daquela integridade de caráter bíblico que havia no autor.
Ora, isto se torna não somente danoso para o verdadeiro crescimento do cristão em santificação, como o expõe ao perigo de definir como sendo o seu propósito de vida, aquilo que outros têm definido para ele, sob a alegada condição afirmada, de serem os seus únicos e genuínos guias e mentores.
Quanto isto nos afasta daquela liberdade que temos em Cristo, e que deveríamos preservar para o bem de nossa própria alma e de todos aqueles que se miram em nosso exemplo!
Este evangelho com cheiro de “tecnelho”, ou seja, uma mistura de técnica com evangelho, e ainda por cima, não com o evangelho em toda a sua integridade, mas um evangelho parcial, que esconde o significado do verdadeiro arrependimento, do trabalho da cruz na mortificação do eu, no despojamento das obras da carne, e do revestimento do fruto do Espírito Santo, furta toda aquela atmosfera de liberdade santa e agradável à alma, que vence o pecado, quando andamos na verdade por instrução e direção do Espírito Santo, e não pela vontade, planos e metodologias dos homens.
Todos os membros da Igreja com suas funções e ministérios ficam amarrados pelos líderes nicolaítas, cuja obra Jesus odeia, porque impede a Igreja de ser de fato, a Sua Igreja, dirigida por Ele, o Supremo Pastor, e pelo Espírito, segundo a vontade de Deus Pai.
Que Deus tenha misericórdia de nós, para que os propósitos que estabeleçamos sejam de fato provenientes do céu, e não da terra, de homens carnais, que não entendem as coisas que são de Deus, senão somente as que são dos homens.
Pr Silvio Dutra