O verdadeiro significado do descanso sabático
A questão da guarda do sábado tem sido ao longo da história um dos temas mais controversos entre as mais variadas correntes cristãs. Desde o início do cristianismo o assunto divide opiniões, tanto de teólogos e eruditos renomados, quanto de pessoas simples e anônimas, como você e eu.
Algumas denominações defendem veementemente a obrigatoriedade da observância do sétimo dia como sendo válida ainda para os dias atuais, uns inclusive, alegando ser a prática (de guardar o sábado) ponto inexorável de salvação, como é o caso da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Em uma de suas obras literárias mais conhecidas, a famosa escritora Ellen G. White (1827-1915), tida como profetisa pelos adventistas, preconiza categoricamente a importância do quarto mandamento (guarda do sábado) para o cristão.
“Santificar o sábado ao Senhor importa em salvação eterna”. ( Testemunhos seletos, volume 3, página 23).
Não obstante, a grande maioria das igrejas cristãs comunga de uma visão completamente oposta quanto à observância do sétimo dia. Creem que com o advento da nova aliança, confirmada pelo sangue do Senhor Jesus Cristo, toda a lei mosaica, incluindo os dez mandamentos, foi abolida (aperfeiçoada), dando lugar a uma lei muito mais excelente, gravada não em pedras, mas no coração do homem.
Mas e então… Quem está com a razão? Devo ou não guardar o dia de sábado? Muitos têm feito essas perguntas, seja por inexperiência na vida cristã, no caso dos novos convertidos, ou até mesmo por falta de leitura bíblica. Devo confessar que por longo tempo fiz essas mesmas indagações.
* O que a Bíblia diz?
Nas linhas que se seguem estarei compartilhando com os irmãos aquilo que pela misericórdia de Deus tenho aprendido (na Bíblia) no tocante ao verdadeiro descanso sabático, e respondendo com base nas escrituras, à pergunta título desta postagem: POR QUE NÃO GUARDO O SÁBADO, pelo menos não da maneira que os sabatistas o guardam.
Há várias referências no antigo testamento que deixam bem claro que a guarda do sábado era uma ordenança direcionada exclusivamente ao povo judeu do antigo pacto, dentre as quais podemos citar Êxodo 31:12-18, Deuteronônio 5:1-3,12, Ezequiel 20:10-12, etc…
Alguns tentam argumentar que desde a criação Deus ordenou a guarda do sábado, afirmando inclusive que Adão e Eva já o guardavam. Todavia esse argumento é fraco e infundado, além de não ter a menor base nas escrituras, haja a vista que Deus, na criação, embora tenha cessado sua obra no sexto dia e descansado no sétimo, em momento algum orientou Adão e Eva a guardá-lo. A única ordem expressa dada por Deus ao homem no jardim do Éden, segundo o relato bíblico, foi de que não comessem do fruto proibido. Se realmente já houvesse, naquela ocasião, um mandamento referente à guarda do sábado, será que Deus não advertiria Adão e Eva quanto a não o desobedecerem? É um caso a se pensar.
* Ilustração do pai e seus filhos
Para uma melhor compreensão vejamos uma pequena ilustração. Digamos que um pai está conversando com seus dois filhos, um de seis e outro de oito anos de idade. Num dado momento o pai diz para eles: Vou dormir, pois já são oito horas da noite.
Agora vem a pergunta: Será que o fato de o pai ter comunicado a seus filhos que já iria dormir significa que eles também teriam que ir dormir naquele mesmo horário? Claro que não! A não ser que ele dissesse: Vamos dormir, pois já são oito horas da noite. Aí sim o pai estaria ordenando seus filhos a irem para a cama na mesma hora em que ele.
Antes que alguém me julgue, quero deixar bem claro que esse exemplo é apenas uma ilustração. Todos sabemos que Deus não dorme, assim como sabemos que Ele jamais se cansa. Quando a Bíblia diz que no sétimo dia Deus descansou, está dizendo simplesmente que Ele cessou sua obra, ou seja, concluiu a criação.
Voltando à ilustração, assim como o fato de o pai ter ido dormir às oito horas da noite não significa que os filhos deveriam ir dormir no mesmo horário, o fato de Deus ter descansado no sétimo dia não significa que Ele estava ordenando a Adão e Eva a também descansarem.
Além de tudo isso há um número considerável de versículos no novo testamento que provam cabalmente que na nova aliança, tanto os cristãos gentios quanto os judeus que aceitam a Cristo, estão completamente desobrigados de guardar o sábado, bem como de observar qualquer outra ordenança da lei mosaica. Vide: Efésios 2:14-15, Gálatas 3:24-25, Romanos 7:4-7, 2 Coríntios 3:6-11, Colossenses 2:16-17. Esses são só alguns poucos versículos. Há muitos outros.
* O que é uma sombra?
E para desmistificar de vez a questão da observância do dia sétimo como dia de repouso para o cristão, quero usar aqui mais uma ilustração, não minha, mas que se encontra justamente em um dos versículos citados no parágrafo anterior, (Colossenses 2:16-17), onde o apóstolo Paulo instrui os cristãos da cidade de Colosso a não se preocuparem com as acusações daqueles que os julgavam pelo fato de não cumprirem os rituais e cerimônias da lei (mosaica).
O texto diz: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo.” (Colossenses 2:26-27).
Apesar do texto se referir a uma série de ordenanças, quero me ater ao nosso foco, que por hora é a guarda do sábado. Pois bem, apesar de parecer à primeira vista, não é tão difícil entender o que Paulo estava querendo dizer quando afirmou que tudo aquilo (as ordenanças da antiga aliança) vinham sendo sombra das coisas futuras, assim como também não é tão difícil entender o que ele queria dizer com: “porém o corpo é de Cristo”. Para entendermos tudo isso basta observarmos bem o contexto e prestarmos bastante atenção.
Mas o que seria então essa sombra? Ora, para que haja uma sombra é indispensável a presença de um corpo material, seja uma árvore, um carro, uma casa, uma pessoa, enfim… não tem como aparecer uma sombra onde não existe um corpo. E o que vemos quando olhamos, por exemplo, para a sombra de uma pessoa? É possível ver perfeitamente como a pessoa realmente é através de sua sombra? Evidente que não! Tudo que conseguimos enxergar é a silhueta, ou seja, o contorno da pessoa. Esse contorno nos dá uma ideia de como a pessoa é, porém não reproduz sua imagem perfeita. A sombra é só um reflexo, o corpo, porém, é a realidade.
* Explicando…
Talvez você esteja se perguntando: Mas o que tudo isso tem a ver? Ora, quando Deus ordenou a guarda do sábado ao povo de Israel, ele estava demonstrando a eles a sua misericórdia, dando-lhes um dia de repouso para que pudessem lembrar-se do Criador, pois aquele povo ainda era tão carente de discernimento espiritual que precisava de uma lei solene para aprenderem a honrar a Deus. Todavia a função principal do sábado era apontar aos filhos de Israel o verdadeiro sábado, o Messias, aquele que lhes daria o verdadeiro descanso, o descanso que eles tanto esperavam. O sábado semanal era apenas uma sombra do repouso pelo qual todo ser humano suspira, e que só Jesus pode dar; um símbolo que apontava para o descanso que hoje podemos encontrar em Cristo. A lei do sábado não foi inútil, muito pelo contrário, ela foi aperfeiçoada, ganhando um novo sentido, ou melhor, o seu real sentido, que é espiritual. Assim como os judeus descansavam ao sétimo dia da jornada dura de trabalho, nós descansamos das nossas más obras, a saber, dos nossos pecados, em Jesus Cristo, nosso redentor. Foi Ele mesmo que disse: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mateus 11.28-30).
* Conclusão:
O cristão verdadeiro não guarda tão somente um dia da semana, mas guarda sua fé todos os dias para não cair em tentação, e repousa tranquilo nos braços do Senhor Jesus, pois sabe que Ele (Jesus) é o verdadeiro sábado (descanso).
Um grande abraço a todos, e que Deus os abençoe superabundantemente em nome do
Senhor Jesus.
Erismar Oliveira Silva