Nosso Senhor Jesus Cristo orava sem cessar.
Como não Ele tinha qualquer pecado, o motivo da sua oração não estava relacionado à necessidade que temos de vencer a natureza pecaminosa terrena através da oração, porque a natureza humana de nosso Senhor não era dominada pelo pecado, tal como a nossa.
Se nosso Senhor, em perfeita santidade tinha tal necessidade de orar, então a Sua necessidade é também a mesma que temos.
Devemos pedir portanto, ao Espírito Santo que nos ilumine para entender a razão da referida necessidade.
Nosso Senhor, como já dissemos, não necessitava de qualquer transformação, tal como nós, mas em seu esvaziamento ao assumir a forma de servo, dependia inteiramente de Deus Pai e do Espírito Santo para ser cheio do Espírito Santo, e conseqüentemente de todas as virtudes e dons espirituais. E Ele o recebia em plenitude, por meio da oração, porque o Espírito Santo não lhe foi dado por medida, tal como é dado a nós.
Com isto, em sua própria vida, nosso Senhor nos ensina o modo da nossa própria necessidade, porque a vida do céu não se manifestará e operará em nós a não ser sobretudo pela oração perseverante.
Quando nos posicionamos para orar de modo humilde e suplicante, nos rendemos ao Senhor.
Abandonamos os interesses do ego carnal, e nos voltamos em pensamento e em espírito para as coisas que são do alto, e não para as que são da terra.
E Deus quer que aprendamos isto: que há um poder real e eficaz na ação do Espírito Santo sobre nós, tomando e enchendo de poder e amor os nossos corações, quando permanecemos em oração.
Quando em oração, o Espírito Santo se manifesta em nós, movendo nossas mentes e espíritos, nos enchendo da vida sobrenatural de Cristo.
Nossas disposições interiores de fraqueza são transformadas em fortaleza espiritual; nossas tristezas em alegria; nossas amarguras em amor; e somos purificados de toda iniqüidade, ficando inteiramente absorvidos pela atmosfera espiritual do céu.
O Senhor quer marcar em nós esta certeza de que nada podemos ou somos sem que Ele atue em nós.
Daí, esta graça da Sua presença não vir sobre nós, quando não buscamos por ela. Porque se viesse, não saberíamos discernir o que estaria ocorrendo conosco, e nem também identificar a sua fonte.
Mas quando elevamos nosso pensamento ao Senhor, e continuamos orando com a ajuda da mente, até que sejamos transportados pelo Espírito Santo às regiões celestiais, temos a plena convicção do modo e por quem fomos abençoados.
E com isto estaremos prontos para a execução de todo dever espiritual que Deus nos tenha designado para ser feito.
Não admira portanto que a ordenança divina para os crentes seja a de que orem em todo o tempo no Espírito; que sejam perseverantes na oração, vigiando para que nunca se descuidem de tal dever de orar sem cessar, porque é por meio da oração que recebemos o poder da plenitude da vida de Cristo que nos vem do céu.
Daí a grande importância do conhecimento da Palavra de Deus pela meditação diária, porque por meio disto nos vem o assunto correto para a oração; e também a importância do louvor e adoração em espírito de oração, baseado na verdade da Palavra do Senhor aplicada à vida.
Vemos assim, que a indagação filosófica para fins espirituais, para promover a aproximação do homem a Deus, para nada serve, nem sequer uma simples gota de utilidade.
Pois o que vale é que o coração esteja revestido com graça, com a vida do próprio Deus, e isto nos vem de modo sobrenatural, e nunca por meios naturais que empreguemos para tentarmos nos aproximar de Deus, ou para o nosso aperfeiçoamento espiritual.
Daí entendermos as palavras de nosso Senhor que sem Ele nada podemos fazer.
Pr Silvio Dutra