Falamos e escrevemos muito sobre o perdão. Mas será que em nosso dia-a-dia praticamos esse ensino de nosso Senhor Jesus como Ele o fez?
Resolvi escrever sobre esse assunto, porque muitos confundem o perdão com um simples ato de desculpar-se ou de simplesmente dizer que perdoa ou que perdoou. Mas será que é só isso? O que significa realmente o perdão do ponto de vista bíblico?
Vamos nos aprofundar então nessa questão, buscando responder a estas indagações.
Veja que o perdão tem como pressuposto a ocorrência de qualquer fato que constitua uma OFENSA, a qual, por sua vez precisa ser compreendida em pelo menos três aspectos:
a) o aspecto material: Quando alguém nos subtrai um bem, um objeto, ou um direito;
b) o aspecto físico: Quando alguém fere ou machuca nosso corpo;
c) o aspecto emocional ou moral: Quando alguém, mediante atos, palavras ou atitudes fere ou prejudica nossa reputação, sentimentos, ou ainda nossos padrões éticos.
Estas ofensas trazem a nossa vida sofrimento, decepções e mágoas. Prejudica nossa vida e em muitas pessoas abala a fé em Deus e a confiança nas pessoas. Proporciona e incentiva ainda o surgimento de problemas e enfermidades emocionais e físicas de vários tipos (doenças psicossomáticas).
Cria um clima de descontentamento e de desarmonia causando conflitos de relacionamentos e obstáculos à comunhão cristã.
Como então agir para evitar esses males. Há um remédio bíblico que cura e restaura pessoas e situações como as mencionadas, chamado PERDÃO.
Mas, antes de tudo, devemos entender o que é o perdão para que apliquemos o remédio correto e não genéricos falsificados que não produzirão nenhuma cura permanente, mas sim uma falsa sensação de unidade e paz, escondendo o real problema.
O perdão ensinado no texto bíblico não é um analgésico, não é uma “aspirina espiritual”. Não elimina somente as dores ou os sintomas. Ele atua na raiz do mal, na origem da enfermidade espiritual. Por isso, produz restauração completa.
O que é o perdão então?
1. Perdoar é desconsiderar (não levar em conta a ofensa);
2. Perdoar é transferir para Deus a prerrogativa de impor ao ofensor a punição que couber no caso; (Rom. 12:19-21)
3. Perdoar é permitir que o ofensor tenha em nossa vida a mesma posição que tinha antes de nos causar a ofensa;
4. Perdoar não é o mesmo que fazer VISTAS GROSSAS. – “Ah, isto não foi nada!” (Nunca devemos confundir o perdão com a conivência, ou o compactuar com o erro)
Dito isso, entendemos que o perdão inclui dois aspectos essenciais que ressalto a seguir:
a) o aspecto legal ou formal que trata com as implicações legais, a QUEBRA de regras e leis que tenham sido transgredidas.
b) o aspecto emocional que trata com nosso INTERIOR, restabelecendo toda boa disposição para com o ofensor.
Agora, que entendemos o que é o perdão e sua abrangência e aspectos, respondamos a indagação:
– Por que tenho que perdoar?
1. Porque Deus manda que perdoemos (Mat. 6:14; 18:21,22; Luc. 11:4; 17:4; Ef. 4:32; Col. 3:13).
2. Porque é uma das condições que Deus estabelece para atender nossas orações (Mat. 6: 14,15; 18: 23-37; Mc. 11:25; Luc. 6:27)
3. Porque o perdão é um gesto de grandeza e bondade que eleva aquele que o realiza a um patamar celestial.
4. Porque quando perdoamos podemos ver a ação de Deus nas situações de ofensa, modelando nossas vidas e alcançando outros propósitos (Gen. 45: 5-11; 50: 20,21; Rom. 8:28).
5. Porque quando perdoamos manifestamos o caráter gracioso e misericordioso de Deus e nos tornamos mais parecidos com Ele (Mat. 5: 44-48; Luc. 6: 32-37)
6. Porque o perdão nos livra do ressentimento e da amargura (Ef. 4:31,32; Hebr. 12:14,15)
7. Porque o perdão traz bênção recíproca de cura, tanto física, como emocional e espiritual (Tiago 5:16)
Respondida essa questão, alguém poderia perguntar:
– Mas quais os limites do perdão?
Penso que o referencial para qualquer atitude dos cristãos é o próprio Deus. Como é que Ele age? As Escrituras revelam que o perdão é baseado na graça e na misericórdia e, nunca na ofensa, qualquer que seja sua gravidade (Nee. 9: 16-21; Is. 55:7; Lam. 3:22; Miq. 7: 18; Rom. 5: 15,17,20).
Como podemos verificar, não há limites para o perdão, quer consideremos:
1. Quando perdoar ou 2. Quanto perdoar.
As consequências da recusa a perdoar são também explícitas nas Escrituras. Caso nos recusemos a perdoar àqueles que nos ofendem traremos sobre nós várias consequências, das quais destaco as seguintes:
1. Impedimentos de nossas orações (Mat. 6:15; Mc. 11:26)
2. Ressentimento e amargura que nos fazem insensíveis e egoístas, trazendo doenças para nosso corpo, alma e espírito.
3. Impedimento da ação modeladora de Deus em nossas vidas, não atentando para possíveis carências daqueles que nos ofendem (Gen. 50: 20,21). Existem situações em que somos ofendidos porque o ofensor quer nos chamar a atenção para suas carências e problemas. A ofensa é um pedido de socorro nesses casos.
Conclusão
Você tem certeza de que tem perdoado a todos que lhe ofenderam?
Há algum tipo de ofensa que você jamais perdoaria?
Você pode olhar com firmeza e tranquilidade nos olhos de alguém que lhe causou uma grande dor, uma grande ofensa?
Peça a Deus que lhe capacite para perdoar sem limites, como Ele mesmo lhe perdoou e continua a lhe perdoar sem limites!
Pr. Magdiel G Anselmo.
Pastor da Igreja Nova Aliança em Cristo.