É do Espírito Santo que o verdadeiro amor cristão surge, tanto para Deus, quanto em relação aos homens. O Espírito de Deus é um Espírito de amor, e quando entra no nosso espírito, o amor também entra com Ele. Deus é amor, e aquele que tem Deus habitando nele pelo seu Espírito, terá o amor também habitando nele. A natureza do Espírito Santo é amor; e é a própria natureza dEle que comunica aos santos, de modo que o amor é derramado abundantemente em seus corações pelo fato do Espírito Santo estar habitando neles.
Nisto entendemos porque o apóstolo diz nos três primeiros versos do 13º capítulo de I Coríntios, que caso não se tenha este amor, nada aproveita ter dons, talentos, fazer doações e sacrifícios. E assim, em qualquer ação boa que possa haver de um homem para com o seu próximo, a razão ensina que será tudo inaceitável e em vão, se ao mesmo tempo não houver nenhum respeito real no coração para com aquele próximo, se a conduta externa não for motivada pelo amor interior, iniciado e motivado pelo Espírito Santo.
Por exemplo, nenhum pai ama naturalmente a seus filhos por motivo de glorificar o nome de Deus, ou para educá-lo nos seus santos caminhos. Assim, esse amor natural, apesar de ser importante, não possui nele, a marca, o selo, do amor espiritual divino.
Daí se ordenar na Palavra de Deus que todos os nossos atos sejam feitos com amor, ou seja, o amor deve estar presente em nós, para acompanhar as nossas obras feitas em Deus, para que sejam aceitáveis, e para que não sejam em vão.
Como vemos em Apocalipse 2.2-5 Jesus sempre requererá o primeiro amor, ainda que nossas boas obras estejam aumentando cada vez mais. Toda verdadeira virtude e graça cristãs podem ser resumidas no amor. A Bíblia nos ensina que o amor é a soma de tudo aquilo que está contido na lei de Deus, e de todos os deveres requeridos na Sua Palavra.
Agora, a menos que o amor fosse de fato a soma do que a lei exige, a lei não poderia ser cumprida completamente; porque uma lei somente é cumprida através da obediência à soma total do que ela contém e ordena. Paulo afirma em Rom 13.9 e em Gál 5.14 que aquele que ama o próximo tem cumprido toda a lei.
E o mesmo parece ser declarado em Tiago 2.8, onde chama o amor ao próximo de a lei régia das Escrituras. O apóstolo nos ensina em Gál 5.6 que “a fé atua pelo amor”. Uma verdadeira fé cristã é a que produz boas obras, mas as boas obras que produz são por amor.
O verdadeiro amor é um componente da verdadeira e viva fé. O amor não é nenhum componente em uma fé meramente especulativa, mas é a vida e alma de uma fé prática. Uma fé verdadeiramente prática ou salvadora, está portanto cheia de fervor, luz e amor. Uma fé especulativa somente consiste no aumento da compreensão; mas numa fé salvadora há também o consentimento do coração; e aquela fé que somente é do tipo anterior, não é nada melhor que a fé dos demônios, porque têm uma fé que pode existir sem amor, enquanto creem e tremem, mas tal tipo de fé de nada lhes aproveita diante de Deus.
É o tipo de fé de conhecimento de coisas que se referem a Deus, mas que não produz o amor no coração. O amor é a vida mesma e o espírito de uma verdadeira fé, e está especialmente evidente nesta declaração do apóstolo de que a “fé trabalha por amor”, e o último verso do segundo capítulo da epístola de Tiago declara que “assim como o corpo sem o espírito está morto, de igual modo a fé sem obras também está morta”.
Devemos portanto nos examinar, e ver se temos colocado como centro de nossa vida cristã o amor a Deus e ao próximo, porque é neles que se cumpre toda a vontade de Deus para conosco, e sem os quais, tudo o que fizermos será vão, já que o cumprimento de todos os mandamentos depende destes dois grandes mandamentos.
Pr Silvio Dutra