Apascentar e pastorear. Os verbos da vida do Pastor.
Dizem que ser mãe é “padecer no paraíso”.
Certo. E ser pastor é padecer aqui mesmo.
O pastor deve ser a figura mais próxima de Cristo dentro da igreja.
É o peso maior. A responsabilidade mais cobrada.
De todos os que imitam ao Senhor, a imitação melhor deve ser a do pastor.
Ao mesmo tempo manso e rígido. Terno, mas com autoridade. Amoroso, mas com disciplina.
Quem disser que é fácil, é um mentiroso.
Pastores devem ter as ovelhas como filhos espirituais.
Deve aprender a ouvir.
Primeiro a Deus. Depois as ovelhas.
A atividade de apascentar se concentrava em algumas atitudes básicas.
Primeiro, alimentar o rebanho. Ou seja, ministrar a Palavra de Deus, o pão vivo que desce do céu, sem deixar fermentar ou se contaminar com outros ‘ingredientes’ que a tornem mais atrativa. Atrativa ou não, não cabe ao ministro fazer essa observação.
Rebanho mal alimentado se desvia mais, esfria mais e corre mais atrás de ‘retetés’ e ‘oba-obas’. Nunca está satisfeito. Lhe falta a Palavra. Fica fraco. Qualquer vento de doutrina da TV o impressiona.
Em seguida, temos o proteger, o cuidar. Antigamente, o grande inimigo do pastor era o lobo. Hoje, é o diabo. Ele cerca as ovelhas, fica procurando brechas nas cercas de proteção da igreja para poder entrar.
Um pastor é um reparador de brechas. Um reformador de cercas. Deve observar, primeiro em si, e em seguida nos demais, se há espaço para a ação do inimigo.
Como fazer, como executar, como cumprir esse ministério nos moldes da igreja de hoje?
Como apascentar sem conhecer o rebanho?
Como aconselhar se não conheço a realidade de minhas ovelhas?
Onde trabalham?
Com quem morar?
Que problemas de saúde tem?
Nem seu nome sei ao certo…
As grandes denominações se transformaram em depósitos de crentes, quando deveriam ser apriscos.
Foi isso que Jesus idealizou para sua igreja ser: apriscos.
“Haverá um rebanho e um pastor” – Ele disse.
A situação que encontramos hoje é trágica.
As câmeras de TV vagam pela igreja em busca do rosto mais contorcido pelas lágrimas.
Atrás do milagre que possa respaldar o nome da denominação.
Mas quem são essas pessoas?
Onde vivem?
Seu pastor as visita?
Compartilha com elas sonhos e sofrimentos?
Sabem onde moram e qual é o seu nome?
São pastores?
Ou seriam administradores eclesiásticos?
Ou ainda fariseus, que cumprem exatamente o que disse Jesus sobre eles:
“Fazem tudo à vista dos homens para serem vistos”.
Se sobem no monte, divulgam.
Se fazem vigília, divulgam.
Se fazem ação social, divulgam.
Por que não divulgam sua conta bancária também?
As contas da denominação, como fazem as igrejas tradicionais?
Os bens que adquiriram depois que entraram no ministério.
Até políticos fazem assim.
Ainda mais hoje, que não sabemos distinguir um do outro. De tão parecidos que são.
Conhecendo Jesus como conheço me pergunto sempre:
Onde ele congregaria, se voltasse a terra como uma simples ovelha?
Onde ele se sentiria melhor?
Seria no ar-condicionado das salas acarpetadas e dos bancos suntuosos, brindados com um maravilhoso púlpito de acrílico?
Ou na igrejinha de bancos de madeira, talvez igual aos que ele fazia, de púlpitos improvisados como ele sempre fez?
Seria nos altares luxuosos abarrotados de políticos ímpios e descrentes hipócritas que odeiam crentes, mas que durante o período político saúdam a igreja com a ‘paz do Senhor’?
Ou na pequena congregação onde o pastor senta para comer junto com as ovelhas e todos repartem o pão com singeleza de coração?
Essa igreja de hoje não pode ser a herdeira daquela que se mostrou pro mundo no dia de Pentecostes.
Decididamente não.
Quem quiser pode me chamar de atrasado, romântico, desatualizado, pré-histórico.
Eu sei que os tempos mudaram.
Mas a Palavra de Deus permanece a mesma.
Neto Curvina
Comunidade Shalom Filadélfia