Há algumas décadas a política era demonizada por muitos evangélicos, hoje para a maioria deles é o caminho para implantação do Reino de Deus, do qual os pastores são os maiores representantes. Não é pequeno o número de clérigos que ultimamente têm ingressado na carreira política em “nome de Deus”. A mudança de mentalidade ainda em andamento no Brasil, no meio evangélico, concernente ao cristão e à vida pública é muito benéfica. Não podemos estar alheios à política, somos cidadãos dos céus, embora também brasileiros mas o que pensar sobre pastores que estão ingressando em carreiras políticas?
Muitos pastores que se candidataram nas últimas eleições afirmaram o estar fazendo devido a uma vocação divina. O que percebemos hoje é que a maior parte deles não conseguiu ser eleita. Diante desse fato concluímos: ou Deus mentiu para eles ou eles mentiram para a igreja. Admitir que Deus os chamou para serem políticos mas não permitiu que eles fossem eleitos é extremamente contraditório.
Esses homens estão no ministério, segundo eles, pela vontade de Deus. No entanto, muitos têm abandonado a carreira para serem homens do governo. Qual a vontade de Deus para eles afinal?
Em sua mentalidade está a certeza de que podem conciliar o ofício pastoral com a vida política. Pensam que estar no ministério é pregar aos finais de semana e administrar a igreja à distância. Ao contrário, o ministério exige disponibilidade de tempo e entrega de vida. Um sermão não é uma palavra “inspirada” na hora, nem fruto apenas de uma boa ideia, é resultado de um estudo sério das Escrituras e de um caráter forjado por Deus. Pastorear é estar com as ovelhas e para isso é necessário tempo. Ter uma função parlamentar não é apenas cumprir os horários e participar das votações e reuniões, mas viver uma vida árdua e com uma agenda extensa. Logo, a concomitância nas duas carreiras levará à mediocridade em ambas.
Tais indivíduos profanam o serviço pastoral por duas razões. Primeiro por abandonarem a graça sublime do ministério pastoral, pois abdicam da vontade original de Deus por interesses pessoais. Segundo, por fazerem da igreja, direta ou indiretamente, um curral eleitoral.
Em princípio, estamos falando nesse texto sobre pastores, mas não é pequeno o número de lobos e falsos profetas infiltrados no rebanho. Assim que as eleições chegam eles retiram suas vestes de pastores e revelam seus reais interesses: angariar os votos dos fiéis e usá-los como difusores de sua campanha eleitoral em nome da fé e em troca de “grandes galardões nos céus”.
Seria bom ver, nas próximas eleições, cristãos capacitados concorrendo a cargos públicos. Seria bom vê-los ganhar com a graça de Deus. Mas faça um favor ao seu pastor que se iludiu com os poderes desse mundo: não vote nele! Ajude-o a lembrar para qual propósito Deus o escolheu.