O fim dos que vivem de aparência nas igrejas !
Abner simboliza o crente indomável, ele lutas as guerras do rei, batalha é atuante; porém é insubordinável, não se submete aos princípios da aliança, justificando-se pelo seu muito afazer, porque trabalha muito, porque faz coisas demais, julga-se no direito de quebrar e violar as regras sem ser penalizado, afinal ele é bom no que faz, tem o dom, se transgride, peca, trai, adultera, se prostitui que mal haverá? Pois cumpre os seus afazeres cabalmente, ele é o “cara”, tem poder, força, recursos, influência, quem vai contradizê-lo, mexer com ele é correr riscos, pode prejudicar, tumultuar ou constranger, afinal ele domina sobre muitos, poderia gerar uma divisão, confusão , o que fazer?
Isbosete sabia de todo poder, influência e manipulação que existia , porém ousou repreender Abner, pelo erro que cometera, de deitar-se com a concubina de seu pai, neste momento contrariou aquele que se colocava como inquestionável, perfeito e exemplar.
\”Ora, Saul tinha uma concubina chamada Resfa, filha de Aia. Isboset disse a Abner: Por que te aproximaste da concubina de meu pai?\” (2Sm 3,7)
Da mesma forma se portavam os fariseus na época de Jesus, queriam apresentar-se potentes, intocáveis e limpos quando interiormente estavam cheios de imoralidade e corrupção, e porque Cristo ousou denunciá-los também sofreu perseguição e traição:
\”Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes aos sepulcros caiados: por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de podridão\”. (Mt 23,27)
Abner quando repreendido pelo seu pecado, transformou-se pois não era filho, mas um bastardo execrável, só prestava serviços para o reino, era uma ativista que desenvolvia seus próprios feitos mas por ego do que propriamente por dedicação ou amor . Abner acostumado a ser sempre só aplaudido indigna-se pois afinal fora requerido pelo pecado que cometera:
\”Abner indignou-se com estas palavras de Isboset e disse: Sou porventura uma cabeça de cão a serviço de Judá? Enquanto neste momento trabalho pela casa de Saul, teu pai, pelos seus irmãos e seus amigos, não os deixando cair nas mãos de Davi, vens tu acusar-me de pecado com esta mulher?\” (2Sm 3,8)
Abner o ativista sem comprometimento real com o reino de Saul transformou-se depois da repreensão, e mostrou sua verdadeira essência infiel, carnal e traiçoeira ameaçando Isbosete vai para o lado inimigo e confabula, arma e entrega todos os segredos que adquirira na época que fingiu ser leal .
Abner intratável no caráter e conduta, quantos Abners encontramos por aí, religiosos, fariseus que se movem velozmente, trabalham, fazem o que tem que fazer porém pelo que fazem materialmente ou financeiramente julgam-se intocáveis, não podem ser contrariados ou denunciados em seus muitos pecados que acobertam e ainda intitulam-se aptos para o reino.
Porque Abner foi contrariado, denunciado e repreendido virou-se contra o seu senhor, ameaçando, traiu o reino de Saul entregando-o a Davi.
Quantos homens de dinheiro acham que compraram a igreja, os pastores, os templos e assim fazem o que querem, porém pelo muito que dão julgam-se perfeitos, e líderes como na antiguidade vendidos acabam calando-se e não lhes denuncia os muitos pecados, com medo de perderem tal ovelha gorda do rebanho, afinal fazem tanto com o dinheiro por ele empreendido, já ouvi de homens abastados que destituíram líderes, pastores, presbíteros e verdadeiros servos de Deus porque ousaram tocar ou denunciar os seus pecados, adultérios ou devassidões.
Por outro lado, vemos os fariseus que trabalham muito, tem o poder em suas mãos, o monopólio das pessoas , as informações e dominam igrejas, habituados a reinarem se uma vez ofendidos em sua muita astucia armam contra a sua liderança , causam divisões, escândalos e acabam com a reputação de qualquer um, estes como Abner, embora estivessem no reino nunca pertenceram a ele, tem como deus o próprio ventre e enquanto são adulados e reconhecidos dão resultados, mas porque não são filhos do reino, não se deixam ser tratados, podem passar 20, 30, 45 anos dentro da igreja com os mesmos pecados e nem se sentem prejudicados, até que surja alguém que embora reconheça a tensão e confusão que vai fazer, ouse repreender.
Hoje há muitos pastores, líderes, missionários que como Isbosete ousaram, fiéis a Deus, tocaram em Abner, denunciaram-no e viveram o revés das suas muitas astúcias , manipulações e falcatruas, porém são homens honrados diante do Senhor, profetas fiéis que terão o seu galardão, pois não fala somente o que o povo quer ouvir, mas o que Deus mesmo quer falar.Isbosete temeu, sofreu na mão daquele manipulador traidor, porém a denúncia revelou de vez quem Abner era, um traidor falso.
\”Isboset não soube o que responder a Abner, porque o temia\”. (2Sm 3,11)
O Traidor Abner era tão hipócrita religioso, que até simulou motivos espirituais para trair e prejudicar o reino de Saul, da mesma forma o falso irmão age, enquanto tudo lhe convém ele está do seu lado, mas se sente prejudicado, arruma os maiores argumentos para não somente deixar-te, ou afastar-se de ti, pois isso seria tolerável, mas ele alega motivações retas e espirituais para te trair, prejudicar, ferir e eliminar:
\”Deus me trate com o maior rigor, se eu não procurar para Davi tudo o que o Senhor lhe prometeu,\” (2Sm 3,9) \”a saber, tirar a realeza da casa de Saul e firmar o trono de Davi sobre Israel e sobre Judá, desde Dã até Bersabéia!\” (2Sm 3,10)
Abner realmente dominado pela traição, maldade, vingança, manipulação, farsa trai Isbosete , regozijando-se julgava que se sairia bem, pensava que poderia continuar fazendo o que sempre quis da forma que bem desejasse, era só continuar dando o seu bom trabalho, porém ele estava enganado, havia um inimigo no encalço dele, desde o passado, o nome dele era Joabe, e encontrou neste momento da história ocasião para mata-lo, porque Abner deixou seu reino e cheio de má intenção foi até o reino de Joabe, ali
Abner totalmente descoberto morreu.
Joabe chama a Abner em segredo, e ali na escuridão lhe finca um dardo fatal, Abner o indomável, inquestionável, intocável morreu, na sua própria astúcia, pois ao invés de reconhecer o próprio erro, preferiu armar contra aquele que queria discipliná-lo e dirigi-lo, da mesma forma quantos milhares de Abners tem morrido no caminho, no reino das trevas, pois embora trabalhassem em templos, andassem ao lado de autoridades, viviam no reino, se moviam, tinham os maiores e melhores dons, todavia insubordináveis não se submetiam a repreensão e ao invés de aceitarem ser corrigidos como filhos, optavam pela dissimulação, traição, preferiam sair ofendendo, xingando, traindo e falando mal da igreja do que aceitarem que a chaga estava neles, que eles precisavam ser tratados, julgavam que seu muito dinheiro, seu ativismo e muitos trabalhos ou dons recompensavam ou justificavam viverem a vida , totalmente alheia á vontade de Deus e aos princípios divinos, porém a chaga da rebeldia e insubordinação é a pior e responsável pelas maiores mortes físicas, espirituais e eternas.
\”Porque eis o que diz o Senhor: tua ferida é incurável e perigosa a tua chaga\”. (Jr 30,12)
A ferida de Israel era a infidelidade, Israel era infiel ao Senhor Deus, e o mesmo mal havia em Abner era infiel a Deus quebrou princípios morais e não admitia ser corrigido e aperfeiçoado:
Davi chorou muito a morte de Abner, ninguém acreditava afinal ele era tão fiel trabalhador, porque morreu como um ímpio? Trabalhava tanto, não tinha as mãos presas realmente, não era passivo, acomodado, preguiçoso, ao contrário era sempre presente, um ativista de primeira, porém embora externamente não tinha prisões que o prendiam , internamente era cativo dos seus pecados ocultos, da sua má índole, de sua altivez, orgulho, insubordinação, manipulação, mentiras, tramas e desrespeito.
E Davi cantou a seguinte lamentação, chorando Abner: Devia Abner morrer como morrem os insensatos?!
Tuas mãos não estavam algemadas, nem acorrentados os teus pés. Caíste como se cai diante de celerados.
E o povo chorou sobre ele. Depois, como todo mundo viesse a Davi insistindo em que ele tomasse algum alimento antes de acabar o dia, ele fez este juramento: Que o Senhor me trate com todo o seu rigor, se eu comer pão ou qualquer outra coisa, antes do pôr-do-sol. (II Sm. 3:33-35)
Da mesma forma hoje em dia, muitos trabalham no reino de Deus, são oficiais, levitas, diáconos, presbíteros mas nunca deixaram a sua chaga ser curada, nunca foram tratados de sua infidelidade, de sua insubordinação a Deus e por isso em momentos inimagináveis tornam-se desleais, cruéis, inimigos ferozes do próprio reino que serviram durante anos, basta serem contrariados, podados, repreendidos dos seus hábitos pecaminosos e doentios e tornam-se perseguidores amargos daqueles a quem serviam aparentemente tão fielmente.
Os filhos do Reino em marcas, sabem e aceitam ser corrigidos e contrariados, querem ser dirigidos, não se julgam os intocáveis, por mais que façam materialmente sabem que precisam de diração espiritual, e sempre prontos querem ser melhorados, aperfeiçoados e limpos, pois não são bastardos, mas filhos de um Deus santo:
Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus.
Em vez de gozo que se lhe oferecera, ele suportou a cruz e está sentado à direita do trono de Deus.
Considerai, pois, atentamente aquele que sofreu tantas contrariedades dos pecadores, e não vos deixeis abater pelo desânimo.
Ainda não tendes resistido até o sangue, na luta contra o pecado.
Estais esquecidos da exortação que vos é dirigida como a filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor. Não desanimes, quando repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ama e castiga todo aquele que reconhece por seu filho (Pr 3,11s).
Estais sendo provados para a vossa correção: é Deus que vos trata como filhos. Ora, qual é o filho a quem seu pai não corrige?
Mas se permanecêsseis sem a correção que é comum a todos, seríeis bastardos e não filhos legítimos.
Aliás, temos na terra nossos pais que nos corrigem e, no entanto, os olhamos com respeito. Com quanto mais razão nos havemos de submeter ao Pai de nossas almas, o qual nos dará a vida?
Os primeiros nos educaram para pouco tempo, segundo a sua própria conveniência, ao passo que este o faz para nosso bem, para nos comunicar sua santidade.
E verdade que toda correção parece, de momento, antes motivo de pesar que de alegria. Mais tarde, porém, granjeia aos que por ela se exercitaram o melhor fruto de justiça e de paz.
Levantai, pois, vossas mãos fatigadas e vossos joelhos trêmulos (Is 35,3).
Dirigi os vossos passos pelo caminho certo. Os que claudicam tornem ao bom caminho e não se desviem.
Procurai a paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor.
Estai alerta para que ninguém deixe passar a graça de Deus, e para que não desponte nenhuma planta amarga, capaz de estragar e contaminar a massa inteira.
Que não haja entre vós ninguém sensual nem profanador como Esaú, que, por um prato de comida, vendeu o seu direito de primogenitura.
E sabeis que, desejando ele em seguida receber a bênção do herdeiro, lhe foi recusada. E não bastaram todas as súplicas e lágrimas para que seu pai mudasse de sentimento…
(Hb 12:1-17)
Raquel Camargo Fragoso
Publicado no Recanto das Letras em 02/01/2011
Código do texto: T2705087
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