Na mensagem do Senhor dirigida à Igreja de Éfeso, lemos:
“Apo 2:6 Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.”
E na mensagem dirigida à Igreja de Pérgamo:
“Apo 2:15-16 Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas.
Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca.”
Éfeso rejeitava os nicolaítas, mas um segmento de Pérgamo lhes dava acolhida. Então Jesus elogiou a primeira e repreendeu a segunda.
A palavra grega nicolaíta é uma palavra composta de:
nikh = vitória (no sentido de exercer domínio)
laos= um povo peculiar (no caso os cristãos)
Portanto, o nome composto por estas duas palavras tem o sentido de “vitória sobre o povo” ou “os que exercem domínio sobre o povo”.
Os nicolaítas então contrariam a ordem expressa de Cristo, especialmente aos pastores de sua Igreja para não exercerem domínio sobre os crentes à maneira dos governantes do mundo (Marcos 10.42-45); ordem esta reafirmada por Pedro em sua primeira epistola, capítulo 5 versículos 1 a 3.
Jesus instituiu ministérios de liderança para a condução da Igreja (apóstolos, pastores, profetas, mestres, evangelistas), mas também prescreveu o modo como esta condução deveria ser realizada.
Isto tem uma razão principal muito importante, quando Ele declara que odeia as obras dos nicolaítas, ou seja, estes que exercem domínio sobre os crentes, uma vez que os impede de funcionarem como Igreja, em harmonia com os seus líderes, pois na multidão de conselheiros é que reside a sabedoria, e isto seria também uma forma de prevenir o desvio doutrinário pela apostasia de um único dirigente, ou grupo que se nomeasse como tal.
Nós vemos a Igreja sempre sendo ouvida e participando de todas as decisões importantes na Igreja Primitiva (como em Atos 6 e 15).
Diótrefes, citado pelo apóstolo João em sua 3ª epístola é um triste exemplo de um nicolaíta, e no texto de 3 João 9-11 se destaca um dos grandes motivos para se agir de tal forma: “gostam de exercer a primazia entre os irmãos”.
“3 Jo 1:9-11 Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida.
Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja.
Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus.”
Satanás tem usado e muito este espírito desejoso de primazia, para desviar os cristãos da sã doutrina, dando-lhes mestres autoritários e que não amam a humildade, a mansidão e a exata Palavra da verdade, pela qual somos salvos e santificados.
Ele tem chegado ao extremo de dar à Igreja nestes dias até mesmos pastores envolvidos com feitiçaria, com maçonaria, e que não amavam a Palavra da verdade, pois estão interessados em muitas outras coisas, menos em confirmar os crentes na verdade do evangelho.
O que tem facilitado este trabalho de infiltração é o modelo de governo das Igrejas no qual os crentes devem apenas seguir ao líder supremo, e aceitarem todas as suas palavras e decisões como verdadeiras e bíblicas.
Os líderes nicolaítas modernos têm sido tão bem sucedidos em sua obra, que lograram neste tempo do fim, conduzir a Igreja à apostasia na qual aqueles que professam ser cristãos têm por sua vez, escolhido os seus mestres segundo o comichão que sentem em seus ouvidos, conforme profetizado por Paulo em 2 Tim 4.3, porque o padrão que vigora presentemente é o de não se dar ouvido à sã doutrina, senão à falsidade e mentira que os nicolaítas vêm semeando por décadas, e que trouxe a Igreja à sua presente condição.
O esforço dos Reformadores em libertar a igreja do jugo dos opressores, para que pudesse viver na liberdade para a qual fora libertada por Cristo, a saber, a de viver o puro evangelho, estão tendo o seu trabalho perdido nestes dias, especialmente quando muitos segmentos entre os evangélicos, sobretudo o carismático, tem se sujeitado a mais uma nova liderança, a saber, a dos prelados da Igreja Romana, e do Papa, pelo ecumenismo que está em pleno curso, e ao qual têm aderido muitos líderes evangélicos – sobretudo pastores e cantores, que estão contribuindo com isto para a formação da grande igreja mundial que dará acolhida ao Anticristo.
Pr Silvio Dutra