Nenhuma lei seria eficaz neste mundo caso prescrevesse: “será passiva de condenação a pessoa que praticar qualquer tipo de pecado.”
Fazer tal coisa seria exigir algo impossível.
Por isso nem mesmo a Lei de Deus contém este tipo de prescrição.
Veja que a lei não diz que é proibido o racismo e toda forma discriminação, porque isto está ligado intimamente à natureza da maioria das pessoas, e assim o que se proíbe são os atos e manifestações de racismo e discriminação. Que a pessoa deve se guardar de expor aquilo que está ligado à sua mente e pensamento.
Agora, quando tratamos com a Lei de Deus, embora se prescreva a proibição de muitos comportamentos e atitudes pecaminosos, o grande algo que se vislumbra é que haja um tratamento progressivo no interior, ou seja, na fonte de todo pecado, de maneira que ele seja mortificado gradualmente e que dele possamos nos despojar pelo poder da graça de Jesus Cristo.
Enquanto isto não ocorre, podemos contar com a longanimidade e a misericórdia de Deus, pelas quais nos são dadas várias oportunidades para prosseguirmos em busca da transformação do nosso caráter à imagem e semelhança ao de Jesus.
Todavia, por exemplo, ainda que o Senhor possa perdoar e salvar a qualquer que tenha desonrado o Seu nome, blasfemando dEle, especialmente na dispensação da graça, conforme nos ensinou o próprio Jesus (Mt 12.32), no entanto, a blasfêmia não é algo que possa ser praticado sem que não nos exponhamos a um grande risco de sofrer juízos do Senhor para vindicar a santidade do Seu nome, ao qual ele atribui grande estima e honra, a ponto de ter incluído um mandamento específico entre os dez mandamentos da Lei de Moisés, pelo qual proíbe o uso vão do Seu santo nome, e interpôs uma ameaça, afirmando que não terá por inocente a todo que vier a fazê-lo (Êx 20.7).
Não admira portanto, que Jesus tenha também ensinado o dever de santificar o nome de Deus como a primeira coisa a ser lembrada em nossas orações (Mt 6.9).
Temos assim, diante de nós a fraqueza da nossa natureza terrena que está sempre pronta e disposta a violar todos os mandamentos de Deus, mas temos também a certeza de poder contar com a boa vontade e favor do Senhor sempre que vivermos na busca da correção dos nossos maus caminhos por meio da oração e da sujeição à disciplina e instrução do Espírito Santo.
Deus quer trabalhar no nosso coração, de onde procede toda forma de mal, e não meramente na manifestação de nossas atitudes e comportamentos externos.
A lei dos homens estará satisfeita se todo o mal que se abriga no interior do coração não seja manifestado em prejuízo de outrem, mas a Lei de Deus que se fundamenta na Sua justiça perfeita, aponta para os males que procedem do coração de modo que busquemos ser perdoados e justificados por meio da fé em Jesus Cristo, para que seja iniciado o trabalho da nossa purificação e transformação.
Pr Silvio Dutra