Ester 2.7,17; 4.10-16
O livro de Ester tem sido alvo de diversas críticas por parte de religiosos e estudiosos. Alguns críticos julgam que Ester é um livro de pouco valor religioso. A razão dessas críticas é que este livro é desprovido de um vocabulário religioso. Não existe nenhuma referência ao nome de Deus, Javé, Adonai, Senhor dos Exércitos, não fala de oração, adoração, sacrifícios, não menciona qualquer atividade religiosa. Por causa dessa sua característica, o livro de Ester tem sido desprezado por alguns.
No entanto, apesar de não mencionar o nome de Deus, é impossível ler o livro de Ester e não perceber a “mão oculta” de Deus controlando e dirigindo todos os acontecimentos, e todas as aparentes coincidências. Nesse livro, de fato, Deus age.
Deus age no decreto do rei que depôs Vasti do seu posto de Rainha.
Deus age nas saudades e lembranças que o rei teve de Vasti (3.1)
Deus age no conselho dos jovens para que o rei promova um concurso para escolher uma nova rainha. (3.2-4)
Deus usa os “dotes físicos” de Ester para colocá-la no posto de rainha da Média e da Pérsia.
Deus age através do destemido e ousado Mordecai.
Deus age através da órfã, da bela, corajosa e consagrada Ester.
Deus age provocando insônia no rei Assuero (6.1-3)
Deus age dando livramento aos judeus e humilhando os seus inimigos.
Todas as páginas do livro de Ester transpiram o agir de Deus!
Vejamos a descrição que o livro faz de Ester. (2.7)
Era uma jovem órfã, bela, de boa aparência e formosura. A NVI a descreve como uma “moça” atraente e muito bonita.
Em 2.17 vemos a beleza de Ester deixou o rei encantado, de boca aberta, conquistou o coração de Assuero, desmontou, deixou meio “abobalhado” o homem mais poderoso da época.
Mas é preciso que se destaque que a bela atraente e formosa Ester era uma mulher consagrada. Ela não usou os seus “dotes físicos”, a sua beleza de maneira apelativa; não usou a sua formosura natural de maneira vulgar e sensual; não usou a sua aparência encantadora para conseguir o que queria.
No entanto, Deus usou a beleza, a formosura e a boa aparência de Ester como passo inicial no seu propósito de preservar a vida de seu povo.
Sendo assim, com base na vida dela, gostaria de falar um pouco sobre o tema:
“Mulheres consagradas: Instrumentos de Deus para esta geração”
1. Mulheres consagradas vivenciam dilemas (v.11,13)
A resposta de Mordecai para Ester colocou-a diante de um dilema. E, o que é um dilema? “É uma situação embaraçosa com duas saídas difíceis ou penosas”.
Ester tinha consciência que comparecer perante o rei sem ser chamada era morte certa. Porém, Mordecai mandou dizer-lhe: você é judia! Se o edito for executado você também morrerá. Ou seja, de um jeito ou de outro sua vida está correndo perigo. Se você comparecer perante o rei corre o risco de morrer; se você não tentar, se omitir, você também morrerá. Ester estava diante de um dilema!
O dilema de Ester é o dilema de muitas mulheres consagradas em nossos dias. Quantas mulheres de Deus hoje não vivenciam os mais diversos dilemas?
Como esposas num relacionamento conjugal complicado, vivenciam o seguinte dilema: Sacrificar-se, negar-se a si mesma e continuar crendo que Deus pode fazer um milagre no seu casamento, ou, “chutar o pau da barraca”, abrir mão de tudo, e buscar ser feliz sozinhas ou num outro relacionamento.
Como mães responsáveis pela criação e educação de filhos, vivenciam o seguinte dilema: Manter a postura firme com os filhos adolescentes e jovens, insistir em ensinar-lhes os valores da Palavra de Deus, ou, liberar geral, soltar as rédias, evitar o “stress” e deixá-los á vontade. Afinal de contas estamos vivendo “novos tempos”.
Como mulheres em seus múltiplos papéis, vivenciam o seguinte dilema: ser uma esposa sábia, submissa, que prioriza a edificação de sua casa, que entende o ser mãe e esposa como ministério, ou, seguir a ideologia do momento de que isso é coisa do passado, que a emancipação como mulher, a busca pela realização pessoal é mais importante que a saúde da família.
Como profissionais enfrentam o seguinte dilema: honrar a Deus na sua empresa, no seu setor de trabalho e na faculdade, e correr o risco de perder o emprego e se expor ao ridículo, ou, desonrar a Deus, manter o emprego e ser aceita no meio acadêmico.
Esses são apenas alguns exemplos dos dilemas que mulheres consagradas vivenciam em nossos dias.
2. Mulheres consagradas sabem que os dilemas da vida demandam mais do que recursos humanos (4.15,16)
Diante do seu dilema, Ester pediu que Mordecai reunisse os judeus para um jejum coletivo, para uma consagração em favor dela e da causa que ela teria que pleitear diante do Rei. Ou seja, ela sentiu a necessidade de apoio espiritual. Mas, não só isso! Ela e as suas servas também jejuariam e se consagrariam.
Ester era rainha; tinha poder; tinha influência; mas dependia de Deus para enfrentar os seus dilemas. Ela não confiou nos seus “dotes físicos”, não buscou “chantagear” o rei apelando para a sensualidade; não confiou na sua beleza para conseguir o que queria do rei; não confiou no fato de que o rei era “caidinho” por ela e faria o que ela pedisse. Ela tinha a mais plena convicção de que os dilemas da vida demandam mais do que recursos humanos. Apesar do texto não dizer, seguramente, Ester orou durante os dias de jejum.
Portanto, lembrem-se disso: os dilemas da vida demandam mais do que recursos humanos. Diante dos seus dilemas como esposas, como mães, como profissionais, como alguém que exerce um ministério na igreja, não tomem decisões pelo “calor do momento”, fundamentadas nos seus “achismos”, com base em seus “talentos naturais”, impulsionadas pela “sensação do momento”, norteadas pela ideologia que diz: “O que importa é ser feliz”. Isso é uma falácia! O que importa é honrar a Deus! O que importa é glorificar a Deus em nosso viver.
Mulheres consagradas enfrentam os dilemas da vida de joelhos, buscando ao Senhor, dependendo Dele, crendo sempre na possibilidade de um milagre.
3. Mulheres consagradas são sensíveis ao propósito de Deus para suas vidas (v.14c)
Mordecai deixou claro para Ester que ela teria a liberdade de escolher não se arriscar comparecendo perante o rei. Sua decisão, no entanto, não implicaria na extinção do povo judeu. Se ela falhasse, Deus teria outra maneira de salvar e livrar o seu povo.
Porém, Mordecai levou Ester a refletir sobre a possibilidade de Deus tê-la colocado no posto de rainha “com um propósito”.
A decisão de Ester no v.16 demonstra que ela entendeu que na sua posição como rainha havia um propósito de Deus. Ela entendeu que Deus queria usá-la para preservar a vida do seu povo. Então, Ester decidiu cumprir o propósito de Deus, mesmo diante da real possibilidade de perder a sua vida; mesmo consciente de que o cumprimento desse propósito acarretaria “risco” de morte. Ela mesma disse: Depois, irei ter com o rei, ainda que é contra a lei; se perecer, pereci. (Et 4.16d)
Reflita sobre isso: Em que posto Deus te colocou? Que posição ele tem dado a você nesta geração?
Professora, secretária, atendente, vendedora, empresária, estudante, profissional liberal, líder de ministério, esposa, mãe, dona de casa?!?! Procure entender o propósito de Deus na sua vida. Seja sensível! Quem sabe se Ele não te colocou nesse posto, nesse tempo, nessa geração para cumprir um propósito D’ele?!?!
Quem sabe ele não te colocou onde você está para ser um “instrumento” disponível para ser usado para a glória D’ele.
Diga como Maria: “Aqui está a serva do Senhor, que se cumpra em mim conforme a tua Palavra”. Lc 1.38
Pr. Paulo César Nascimento