O Meio evangélico brasileiro é permeado por conceitos, já arraigados, que muitas vezes não encontram nenhum respaldo bíblico, este é mais um dos grandes problemas da igreja brasileira, se apegam a jargões, frases prontas, mantras e não à palavra de Deus.
Um desses conceitos equivocados é a ideia de que “não existe pecadinho ou pecadão”, que todos os pecados seriam iguais para Deus. Mas será que é assim mesmo? Vamos fazer uma análise de alguns versículos:
Levítico 20: 10-16 este texto classifica os pecados sexuais, já relatados em capítulos anteriores, de acordo com a gravidada da ofensa, e dá uma penalidade também, partindo das ofensas de maior gravidade para as de menor;
Provérbios 6:16 “Seis coisas o SENHOR aborrece, e a sétima a sua alma abomina.” A continuação desse texto deixa bem claro que essas coisas que o Senhor odeia ou abomina são ofensas, são inquestionavelmente pecados. “1) olhos altivos, 2) língua mentirosa, 3) mãos que derramam sangue inocente, 4) coração que trama projetos iníquos, 5) pés que se apressam a correr para o mal, 6) testemunha falsa que profere mentiras e 7) o que semeia contendas entre irmãos.” – Provérbios 6:17-19;
Em João 19:11 Jesus diz “‘Nenhuma autoridade terias sobre mim, se do alto não te fosse dada; por isso, aquele que me entregou a ti incorre em pecado maior”. A conclusão obvia para quando se tem um “pecado maior” é que há um “pecado menor”;
Mateus 12:31 Há, também, um pecado sem perdão (maior que todos os demais) – “Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada”.
O catecismo Maior de Westminster (CMW) nos ajuda a responder esta questão em sua pergunta 150:
“São todas as transgressões da lei de Deus igualmente odiosas em si mesmas à vista de Deus?”
R: Todas as transgressões da lei de Deus não são igualmente odiosas; mas alguns pecados em si mesmos, e em razão de diversas circunstâncias agravantes, são mais odiosos à vista de Deus do que outros.
Refs.: (Hb 2.2,3; Ed 9.14; Sl 78.17,32,56)
Muitos argumentam que “pecar” é desobedecer a Deus, por isso são todos iguais. Isto até tem um fundo de verdade, pois todo pecado é uma afronta a Deus, porém, como já ficou claro, há sim uma gradação para o tamanho destas ofensas. E quais motivos podem agravar um pecado? Novamente iremos recorrer ao CMW:
Pergunta 151:
“Quais são as circunstâncias agravantes que tornam alguns pecados mais odiosos do que outros?”
R: Alguns pecados se tornam mais agravantes:
1º) Em razão dos ofensores, se forem pessoas de idade mais madura, de maior experiência ou graça; se forem eminentes pela vida cristã, dons, posição, ofícios, se forem guias para outros e pessoas cujo exemplo será, provavelmente, seguido por outros.
(Refs.: Jr 2.8; I Rs 11.9; II Sm 12.14; I Co 5.1; Tg 12.47; Jo 3.10; II Sm 12.7-9; Ez 8.11,12; Rm 2.21,22,24; Gl 2.14.)
2º) Em razão das pessoas ofendidas, se as ofensas forem diretamente contra Deus, seus atributos e culto, contra Cristo e sua graça; contra o Espírito Santo, seu testemunho e operações; contra superiores, pessoas eminentes e aqueles a quem estamos especialmente relacionados e a quem devemos favores; contra os santos, especialmente contra os irmãos fracos; contra as suas almas ou as de quaisquer outros, e contra o bem geral de todos ou de muitos.
(Refs.: I Jo 5.10; Mt 21.38,39; I Sm 2.25; Rm 2.4; Mt 1.14; I Co 10.21,22; Jo 3.18,36; Hb 6.4-6; Hb 10.29; Mt 12.31,32; Ef 4.30; Nm 12.8; Pv 30.17; Zc 2.8; I Co 8.11,12; I Ts 2.15,16; Mt 23.34-38.)
3º) Pela sua natureza e qualidade de ofensa, se for contra a letra expressa da lei, se violar muitos mandamentos, se contiver em si muitos pecados; se for concebida não só no coração, mas manifestar-se em palavras e ações, escandalizar a outrem e não admitir reparo algum; se for contra os meios, misericórdias, juízos, luz da natureza, convicção da consciência, admoestação pública ou particular, censuras da igreja, punições civis; se for contra as nossas orações, propósitos, promessas, votos, pactos, obrigações a Deus ou aos homens; se for feita deliberada, voluntária, presunçosa, imprudente, jactanciosa, maliciosa, frequente, e obstinadamente, com displicência, persistência, reincidência, depois do arrependimento.
(Ref.: Ez 20.12,13; Cl 3.5; Mq 2.1,2; Rm 2.23,24; Pv 6.32-35; Mt 11.21-24; Dt 32.6; Jr 5.13; Rm 1.20,21; Pv 29.1; Rm 13.1-5; Sl 78.34,36,37; Jr 42.20-22; Sl 36.4; Nm 15.30; Ez 35.5,6; Nm 14.22,23; Zc 7.11,12; Pv 2.14; Jr 9.3,5; II Pe 2.20,21; Hb 6.4,6.)
4º) Pelas circunstâncias de tempo e de lugar, se for no dia do Senhor ou em outros tempos de culto divino, imediatamente antes, depois destes ou de outros auxílios para prevenção ou remédio contra tais quedas; se em público ou em presença de outros que são capazes de ser provocados ou contaminados por essas transgressões.
(Ref.: Is 22.12-14; Jr 7.10,11; Ez 23.38; Is 58.3,4; I Co 11.20,21; Pv 7.14,15; Ne 9.13-16; Is 3.9; I Sm 2.22-24.)
Sejamos bereianos, amados irmãos, passemos a submeter todo o ensino à palavra de Deus, para que não sejamos destruídos por falta de conhecimento (Os 6:4).