Não sei por que, mas algumas cenas de nossa infância ficam gravadas em nossa mente e sempre voltam. Lembro que quando era criança, as meninas tinham uns cadernos de recordações, e no fim do ano os passávamos para que nossas amigas deixassem algo escrito. Lembro que um desses cadernos que recebi, quando tinhas uns 7 ou 8 anos, dizia na primeira página: “as palavras vão ao vento, mas o que se escreve nunca se apaga…”. Embora esta frase sempre me venha a mente, depois que me tornei adulta passei a questionar esta citação. Será mesmo que nossas palavras faladas vão ao vento?
Bem, não é bem isso o que a Bíblia diz. Basta começarmos a pesquisar e veremos quantos versículos encontramos dizendo do poder das palavras que lançamos.
Trazendo isto para a vida de nossos filhos, penso: quais são as palavras que temos (“temos” no plural porque me incluo nesta lista. É um exercício diário mudar minha forma de falar!) dito a eles e com relação a eles? Veja alguns exemplos:
1) As palavras ferem:
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“Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura”. Provérbios 12:18
“A língua benigna é árvore de vida, mas a perversidade nela deprime o espírito.” Provérbios15:4
Já participei de muitas conferências e encontros de mulheres, e basta nos reunirmos e começarmos a conversar, que começam a surgir histórias tristes de como algumas delas carregam feridas enormes no seu coração por palavras que ouviram de seus pais. Pais que ao invés de usar sua boca pra abençoar seus filhos, os chamam de chatos, preguiçosos, vadios e até palavras muito mais pesadas que essas. Repare no que diz o versículo, que a perversidade deprime o espírito. Outra versão diz “esmaga”. Imagine uma criança sendo esmagada, que cena terrível! Assim acontece quando usamos palavras perversas. O que esses pais não sabem é que cada vez que pronunciam este tipo de palavra, em vez de incentivar seus filhos, estão os matando por dentro.
2) Diga não aos rótulos:
Cada criança tem seus pontos fortes e fracos, assim como um adulto, mas não é sábio da parte dos pais rotular uma criança por causa das suas dificuldades. Por exemplo: “esse menino é preguiçoso”. Pode até ser verdade que seu filho tem a tendência natural de não gostar de ajudar nos afazeres de casa, mas se ao invés de ficar repetindo que ele é preguiçoso, que tal ajudá-lo a vencer esta fraqueza? Ensine-o a importância do trabalho, mostre o que a Bíblia diz, ofereça recompensas para os esforços dele e se for necessário o discipline, mas nunca use suas palavras para rotulá-lo. A dificuldade dele não é o que ele é!
3) Cuidado com os apelidos:
Creio que como pais, precisamos ter muito cuidado com o tipo de apelido que damos aos nossos filhos. Imagine só se no seu 383193_9453trabalho todos te chamassem de “orelhuda” ou “nariguda”. Ouvi uma vez uma pastora contar como ela se sentiu humilhada por anos por ter o apelido de “cotonete”, pois como era muito magra, a sua cabeça se destacava com relação ao corpo. Algo que poderia parecer inofensivo aos pais, mas que gerava um sentimento de rejeição naquela criança.
4) Cuidado com o que você está conversando com outros adultos na presença de seu filho:
Quantas e quantas vezes ouvi pais conversando sobre os filhos em um tom negativo enquanto as crianças estão ao redor brincando, mas na verdade estão com as “anteninhas” ligadas, prestando atenção em tudo. Já ouvi pais dizendo, e eu mesma já disse coisas semelhantes a estas: “se eu soubesse que criança dava tanto trabalho, nunca tinha tido” ou “essa menina foi um acidente, nunca queria ter engravidado”. Uma expressão que eu sei que muitas vezes dizemos na brincadeira, mas que me soa muito pesada, é quando alguém pergunta a uma mãe (perto dos filhos) se ela gostaria de ter outros e a resposta é “Deus me livre”, como se os filhos fossem algum tipo de doença.
Claro que amamos nossos filhos e apesar de todo o trabalho daríamos nossas vidas por eles, mas será que quando eles ouvem este tipo de frase, eles conseguem discernir isto? Um dia, estava jantando com um casal de amigos aqui em casa e eles estavam contando histórias dos seus quatro filhos, já adultos. O Josh me chama para o banheiro e pergunta com voz chorosa: “mamãe, por que eles tem 4 filhos?” Eu respondo: “porque eles amam muito criança”. Ele:”e vocé, não ama? Você só tem 2 filhos?”. Percebi que o raciocínio da criança é bem diferente do nosso. Como você se sentiria se estivesse passando alguns dias na casa de alguns amigos e eles continuamente dissessem que visita dá muito trabalho. Provavelmente se sentiria um incômodo. Será que não é assim que nossos filhos se sentem as vezes, de tanto repetirmos que eles dão trabalho, que a vida com criança não é fácil etc.?!
5) Criança não entende ironia:
Algo que já percebi na prática é que criança não entende ironia. Se falamos “cadê o feinho da mamãe” ele ouve : “eu sou o feinho”. Evite ser irônico.
6) As palavras proferidas tem poder sobre a vida dos nossos filhos mas aqueles que as dizem também colherão consequências:
Provérbios diz: “A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto.” As consequências daquilo que você diz pro seu filho repercutirão na vida dele e também em sua vida futura. Então palavras de vida trarão consequencias boas tanto para sua criança quanto para você, enquanto palavras destruídoras também terão consequências para ambas as partes.
Não é fácil controlar nossa lingua (ver Tiago 3). As palavras saem com tanta facilidade e aparentemente não trazem consequências imediatas. Mas se tivermos o entendimento sobre o assunto, a ajuda do Espírito Santo e disciplina, é sim possível vencer este obstáculo e sermos mulheres que edificam e trazem cura através de nossas palavras.
Artigo de Tathiana Schulze
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