Muito se tem afirmado, no meio cristão, que o crente não deve “ser” nem muito insosso nem muito salgado. Os que assim afirmam, baseiam-se no prescrito na Bíblia, em Mateus 5.13:
Vós sois o sal ta terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.
Cumpre-nos, à luz da Palavra de Deus, discordar daqueles que pronunciam tal afirmação.
Ora, a Bíblia é clara: vós “sois” o sal da terra. Portanto, nós “somos” o sal. E o sal, na qualidade de ser da terra, é salgado! A Bíblia quando fala em sal da terra quer exatamente comparar as características do sal da terra, já que ela fala em “sal da terra” e não “sal na terra”!
Assim, afirmar que o crente não pode ser salgado não condiz com a palavra de Deus. Ora, o sal da terra é salgado e assim não pode deixar de ser.
Cabe ao crente preservar essa qualidade, de sal da terra. Se degenerar a sua qualidade de salgado, para que servirá?
A Bíblia, em momento algum, aborda que o crente não pode ser salgado!
Em Lucas, 14.34, está escrito:
Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar? Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Por sua vez, em Marcos, 09.50:
Bom é o sal, mas, se o sal de tornar insulso, com que o adubareis? Tende sal em vós mesmos, e paz uns com os outros.
Já em Mateus, assim está prescrito:
Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Pela leitura, constata-se, sem sombra de dúvida, que a preocupação do cristão é não perder a sua qualidade de salgado, por ser, obviamente sal.
Por outro lado, há que se diferenciar do cristão “ser” sal, para o “estar” salgado ou insosso! O Cristão “é” sal. Mas ele pode “estar” salgado ou insípido quando for empregar desse sabor a outrem!
Neste caso, sim. Pode-se dizer que o evangélico não pode estar salgado ou insípido em sua pregação, na propagação do ide de Jesus. Deve usar da temperança, eis que em Colossenses está disposto:
A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.
Perceba-se, quando alguém come de determinada comida e ela está salgada, ninguém vai dizer: como o sal é salgado! Ou, se alguém come determinada comida, jamais dirá que o sal está insípido! O emprego certamente será: falta colocar sal na comida, ou falta reduzir o sal na comida!
Assim, amados, devemos “ser” sal da terra, para fazermos bom uso dele e “estarmos” em temperança para que entreguemos uma boa comida, temperada, para aqueles que estão famintos.
Qualidades do sal:
I – Preservar/conservar/proteger: desde tempos remotos, sabe-se que o sal foi e é utilizado para a preservação, conservação e proteção dos alimentos. Preserva a qualidade dos alimentos. Assim, caso queira se preservar/conversar/proteger determinado alimento, posta-se sobre ele uma boa quantidade de sal para que ele preserve suas qualidades.
No que diz respeito a essa característica acredito que não é aplicada ao mundo, quando vamos propagar o evangelho, eis que, a idéia de preservar refere-se à manutenção das qualidades que já são pertencentes a determinado alimento.
Ora, se vamos levar sal ao mundo, não é para conservar as características deste. Pelo contrário, o mundo jaz no maligno! Não iremos preservar essa qualidade! Iremos levar um sabor diferente ao mundo, para que ele experimente de um novo paladar e perceba que entre comer um alimento temperado e um alimento insípido, e escolha de qual quer lançar mão.
Não é outro o entendimento Bíblico: se somos o sal da terra, inevitavelmente, o mundo está insípido! A sua característica é ser sem sal, é ser insosso. E, na condição de sal que somos, não vamos preservar esta característica.
É nesta linha que entendo que a característica de preservação/conservação/proteção do sal não é para o mundo. É para o próprio cristão, haja vista que ele deve permanecer sal e não perder essa qualidade. Ao mesmo tempo, deve contribuir em união para que seus pares não percam tal essa característica: de ser salgado!
II – Temperar: Esta qualidade do sal é para o mundo. Deve ser observada quando formos levar a palavra àqueles famintos. Eles, sim, irão comer e se alimentar da palavra de Deus (João 6.35). Para eles, não devemos “estar” salgados nem insípidos. Para eles, o alimento entregue deve ser fruto do Espírito: a temperança, o domínio próprio (Gálatas 5.22).
A própria palavra escrita em Colossenses, já citada, dispõe que devemos usar, de forma temperada, do sal que temos, para que deixemos a comida a ser oferecida saudável, comestível, boa de saciar a fome.
Por fim, amados, que preservemos nossas qualidades enquanto sal da terra e que ofereçamos comidas temperadas, estando cheios do fruto do Espírito, quando formos levar dessa palavra aqueles que dela precisam.
Portanto, não é biblicamente correto, “ser” ou “estar” insípido ou “estar” salgado.
Mas, ser salgado é Bíblico; usar o sal de forma temperada, igualmente!
Paz!