Recebi um email me fazendo esta pergunta. Segue uma parte do email:
Olá, Daniel.
Já agradecendo pela atenção, gostaria de explicar o ambiente em que vivo:
Estudo em uma escola protestante onde 99% dos estudantes pertencem à famílias que vão à igreja todos os domingos, à congressos e etc. Temos aula de religião com um professor sério que explica as doutrinas à luz da Palavra. A maioria curte músicas “gospel”.
Entretanto, isso parece não ser nada. As mesmas bocas que cantam Fernandinho também fofocam maldosamente. As meninas, focadas em atração, beleza, popularidade. Os meninos, em serem os “machões”. E a cada seis meses, boa parte vai para o acampamento de sua igreja, dá testemunho, chora, faz confissão pública de que (re)aceita Jesus no coração… E o prazo de validade desse… Sentimentalismo, é um pouco mais que uma semana.
Pela graça de Deus estou livre desse cristianismo nominal, e apesar de não participar de todas essas “reuniões jovens”, venho crescendo espiritualmente com a leitura de blogs como o seu, artigos de Edwards, Spurgeon, Calvino, e principalmente, através da Palavra. Sinto uma necessidade gigantesca de compartilhar com meus colegas o evangelho verdadeiro, mas o que faço se todos se denominam “filhos de Deus” e concordam com cada frase “evangelística” que digo, acostumados a usar camisetas com os mesmos dizeres?
Como levar o Cristinianismo sério aos cristãos “de brincadeira”?
RESPOSTA:
Olá XXX, tudo bem?
Entendo o que está passando. Na verdade em todas as igrejas existem cristãos nominais e cristãos nascidos de novo. E não podemos dizer quem é salvo e quem não é, pois não é nosso papel. Mesmo porque a a imitação é muito parecida com o verdadeiro e podemos julgar pela aparência.
Seu incômodo é sincero e movido por Deus. Porém sua postura deve mudar. Quando você fala do ambiente que vive, é como se você fosse a detentora da verdade e os outros que não conhecem Jesus Cristo, mesmo estando na igreja, são os mundanos. A primeira coisa que você deve fazer para alcançar qualquer pessoa que seja é amá-la. Mesmo que não conheça. Esse amor só Deus pode nos dar. Outra coisa é reconhecer que você é tão pecadora quanto eles e que a única coisa que te diferencia é que você tem a Jesus Cristo, nada mais.
Sua vida deve constrangê-los. Seu amor por Deus e por eles deve levá-los a questionar se realmente são cristãos. Antes de pregar o verdadeiro evangelho que você tem estudado e conhece, você deve viver o verdadeiro evangelho entre eles. E que a pregação seja sua vida. Se importe. Enxergue-os. Veja suas necessidades e ore por eles e com eles.
Depois disso, monte um grupo de estudo bíblico e convide-os. O seu papel é pregar, quem vai, quem irá se converter ou mudar de vida, já não é mais seu papel e sim de Deus.
Pode ter certeza que ao verem sua vida, vão querer ouvir o que você tem a dizer. E Deus te usará e capacitará para esta obra. Lembre-se que antes disso tudo, seus joelhos devem estar dobrados e seus olhos molhados de lágrimas em favor de cada um destes que você almeja alcançar. Chore por eles, saiba que irão para o inferno sem Jesus e que estão cegos e sequer sabem disso. Sua responsabilidade é grande. Seu amor deve ser ainda maior.
Termino com um texto de Paulo que recito para mim mesmo quase todos os dias para nunca me esquecer:
Se anuncio o evangelho não tenho de que me gloriar pois sobre mim pesa esta obrigação, porque ai de mim se não pregar o evangelho. 1 Co 9:16
Que Deus abençoe sua vida e te dê unção para pregar o evangelho. Porque é santo demais para nós fazermos. Precisamos que Ele nos use por sua misericórdia e graça, apesar de nós.
No amor de Cristo,
Daniel