Os amigos de Jó queriam passar por mestres perante ele, ensinando-lhe coisas óbvias.
Jó não necessitava que ninguém lhe ensinasse que Deus é o Criador Todo-Poderoso, conforme Zofar fizera em seu discurso anterior, e que deu ocasião a esta réplica de Jó no 12º capítulo.
Ele falava com Deus antes da sua aflição, e Deus lhe respondia.
Ele sabia perfeitamente que tudo o que existe é obra das mãos do Senhor.
Deus, no entanto, em Sua soberania, decidiu permanecer em silencio diante de suas queixas, em sua grande aflição, e não lhe cabia questionar os Seus motivos.
Todavia, isto não deveria servir para se tornar motivo de chacota para os seus amigos, conforme estavam agindo com ele.
Como poderiam ser tão cegos para a realidade de que Deus não exerce prontamente o juízo sobre o mal?
Como poderiam julgar que ele sendo justo e reto estava sofrendo todo aquele mal por causa de alguma iniquidade que houvesse praticado?
Por acaso não percebiam que Deus permitia que houvesse paz na tenda dos tiranos? Ou seja, que Ele não vivia a lhes transtornar com juízos em razão da impiedade que praticavam?
Mesmo idólatras que afrontam a Deus, confiando em falsos deuses para estarem seguros, não são deixados por longo tempo sem sofrer qualquer castigo da Sua parte?
Contudo, é certo que há um Criador e um Juiz de toda a terra, mas é necessário considerar o Seu modo de julgar, especialmente o tempo do Seu juízo.
Até mesmo os animais do campo, as aves do céu, os peixes do mar, e a própria terra dão um testemunho de que há um Criador que tudo fez.
É na Sua mão divina que se encontra a alma de todo ser vivente e o espírito de todo o gênero humano. Ou seja, tudo foi criado por Ele, para estar debaixo do Seu governo, e para viver para Ele.
Assim como o sentido do paladar prova as comidas, o da audição prova as palavras. Então deveríamos ter cuidado com o que falamos porque nossas palavras serão provadas não somente pelos que nos ouvem, como também e principalmente pelo nosso Criador.
Então, não é do próprio homem que procede a sabedoria. Ela, como tudo o mais procede do Criador de tudo e de todos. O que temos que não tenhamos recebido dEle? Até mesmo dons e capacitações intelectuais nos foram dadas por Ele para serem usadas para Ele e para a Sua glória e louvor.
Tudo se encontra debaixo do Seu domínio, e assim, enfraquece a quem quer, como havia feito com Jó, como exalta a quem quer. Nisto comprova que é de fato o Senhor, e que não deve satisfações às suas criaturas, dos Seus atos em relação a elas.
Ninguém deve se gloriar de suas condições e capacitações, de suas grandezas terrenas, porque há um Criador que pode tirar aquilo que nos tem dado, e é nosso dever reconhecer que tudo o que temos e que somos, procede como dons de Sua Providência para nós.