Isaías 55:3: “Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi.”
É dito no texto que seria feita uma aliança eterna, que estaria baseada nas misericórdias fiéis que Deus havia prometido a Davi.
Trata-se portanto de uma aliança de misericórdias, e misericórdias que não falharão, porque não foram prometidas pelo homem, mas prometidas por Deus a Davi. Esta aliança eterna, que é a Nova Aliança, que vigoraria na dispensação da graça em que temos vivido, foi prometida em vária passagens do Velho Testamento.
Davi veio a se referir a ela tanto na hora da sua morte, conforme relato de II Samuel 7.12-17, quanto no Salmo 89, nos quais afirma a segurança e estabilidade desta aliança prometida, bem como o seu caráter de livramento da condenação eterna para os aliançados, ainda que estes viessem a transgredir eventualmente os mandamentos de Deus, porque o Senhor afirmou que corrigiria os aliançados, mas que não deixaria jamais de estar aliançado com eles. O fiador, o mediador, seria o Renovo justo que brotaria do tronco de Jessé, a saber, o Senhor Jesus, quem é Aquele que garante a eternidade da aliança.
Vejamos então, alguns textos da Bíblia que se referem à citada aliança de misericórdias, e de misericórdias fiéis que durarão para sempre, e pelas quais nossos pecados e transgressões são perdoados e esquecidos por Deus para sempre:
“ Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites de filhos de homens. Mas a minha misericórdia se não apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para sempre. Segundo todas estas palavras e conforme toda esta visão, assim falou Natã a Davi.” (II Samuel 7.12-17)
Esta passagem das Escrituras faz o registro de quando a promessa foi feita por Deus a Davi através do profeta Natã.
“ Encontrei Davi, meu servo; com o meu santo óleo o ungi. A minha mão será firme com ele, o meu braço o fortalecerá. O inimigo jamais o surpreenderá, nem o há de afligir o filho da perversidade. Esmagarei diante dele os seus adversários e ferirei os que o odeiam. A minha fidelidade e a minha bondade o hão de acompanhar, e em meu nome crescerá o seu poder. Porei a sua mão sobre o mar e a sua direita, sobre os rios. Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus e a rocha da minha salvação. Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da terra. Conservar-lhe-ei para sempre a minha graça e, firme com ele, a minha aliança. Farei durar para sempre a sua descendência; e, o seu trono, como os dias do céu. Se os seus filhos desprezarem a minha lei e não andarem nos meus juízos, se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites, a sua iniquidade. Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade. Não violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram. Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu falso a Davi?): A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim. Ele será estabelecido para sempre como a lua e fiel como a testemunha no espaço.” (Salmo 89.20- 37)
Nesta passagem do Salmo 89, Deus fala profeticamente pela boca de Davi, acerca da aliança que faria com os crentes através de Jesus Cristo.
Note a promessa que é feita especialmente nos versos 28 a 35.
“ São estas as últimas palavras de Davi: Palavra de Davi, filho de Jessé, palavra do homem que foi exaltado, do ungido do Deus de Jacó, do mavioso salmista de Israel. O Espírito do SENHOR fala por meu intermédio, e a sua palavra está na minha língua. Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Aquele que domina com justiça sobre os homens, que domina no temor de Deus, é como a luz da manhã, quando sai o sol, como manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da chuva, faz brotar da terra a erva. Não está assim com Deus a minha casa? Pois estabeleceu comigo uma aliança eterna, em tudo bem definida e segura. Não me fará ele prosperar toda a minha salvação e toda a minha esperança?” (II Samuel 23.1-5)
Estas foram as últimas palavras proferidas por Davi, antes de morrer, e ele foi levado pelo Espírito a falar do caráter da Nova Aliança, que seria feita com Jesus Cristo, que descenderia segundo a carne, da sua casa, da qual se diz no verso 5 que é eterna, e em tudo bem definida e segura, ou seja, ela foi planejada meticulosamente por Deus para dar a segurança da eternidade aos aliançados, a saber, aos crentes em Jesus Cristo.
“ E nós vos anunciamos o evangelho da promessa, feita aos pais, a qual Deus nos tem cumprido, a nós, filhos deles, levantando a Jesus, como também está escrito no salmo segundo: Tu és meu Filho, hoje te gerei. E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos para que jamais voltasse à corrupção, desta maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as santas e fiéis promessas feitas a Davi.” (Atos 13.34)
Este é um dos testemunhos confirmatórios do Novo Testamento de que as promessas feitas a Davi, se referiam à aliança que é feita entre Jesus Cristo e os eleitos, e Paulo afirma expressamente no verso 32, que tal promessa foi a promessa do evangelho que Deus fizera aos patriarcas de Israel, e neste caso, especificamente a Davi.
Há muitas outras referências na Bíblia a esta aliança, e também especificamente ao modo como Deus a prometeu através de Davi, dAquele que viria a descender dele no futuro, e com o qual o trono de Davi é estabelecido eternamente com todos aqueles que também viverão eternamente por estarem aliançados ao Rei Justo que reinará com justiça pelos séculos dos séculos.
Veja por exemplo, para finalizar, a repetição da promessa através do profeta Jeremias, cerca de quatrocentos anos depois de Davi.
“ Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que cumprirei a boa palavra que proferi à casa de Israel e à casa de Judá. Naqueles dias e naquele tempo, farei brotar a Davi um Renovo de justiça; ele executará juízo e justiça na terra. Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém habitará seguramente; ela será chamada SENHOR, Justiça Nossa. Porque assim diz o SENHOR: Nunca faltará a Davi homem que se assente no trono da casa de Israel; nem aos sacerdotes levitas faltará homem diante de mim, para que ofereça holocausto, queime oferta de manjares e faça sacrifício todos os dias. Veio a palavra do SENHOR a Jeremias, dizendo: Assim diz o SENHOR: Se puderdes invalidar a minha aliança com o dia e a minha aliança com a noite, de tal modo que não haja nem dia nem noite a seu tempo, poder-se-á também invalidar a minha aliança com Davi, meu servo, para que não tenha filho que reine no seu trono; como também com os levitas sacerdotes, meus ministros. Como não se pode contar o exército dos céus, nem medir-se a areia do mar, assim tornarei incontável a descendência de Davi, meu servo, e os levitas que ministram diante de mim.” (Jer 33.14-22)
E estas palavras foram proferidas por Jeremias no Espírito, depois de lhe ter sido revelado qual seria o efeito prático de tal aliança que seria firmada conforme a promessa que Deus havia feito a Davi:
“ Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.” (Jer 31.31-34)
Esta promessa é repetida em várias passagens do Novo Testamento, como por exemplo em Hebreus 8.6-13; 10.15-18.
Pr Silvio Dutra