Este é um dos assuntos mais lidos e que desperta o interesse de muitos.
Pode parecer “chover no molhado” escrever mais um texto sobre arrependimento, mas não poderíamos deixar nossa série de estudos bíblicos incompleta, sem lhe acrescentar tão importante tema.
Não existe uma fé genuína sem arrependimento, e por sua vez não há arrependimento verdadeiro sem fé.
Deus os tem unido de tal forma, que tanto João Batista quanto nosso Senhor Jesus Cristo ao proclamarem o evangelho pela primeira vez, afirmaram a necessidade de se arrepender para crer no Evangelho. Por que isto?
A fé do evangelho de Cristo é fé salvadora – ela é o canal que transmite a graça de Deus aos pecadores, para que possam ser regenerados (nascer de novo do Espírito Santo); mas como isto poderia ser feito sem que houvesse uma mudança de mente que permita o trabalho da fé?
Pois o arrependimento é exatamente esta mudança de mente, de direcionamento da vida, conforme a etimologia da palavra correspondente a arrependimento no original grego:
metanoia – de meta (transformar) e noia (mente).
O alvo do arrependimento é, portanto o de transformar permanentemente, modificando os hábitos e inclinações da mente humana.
Como há um trabalho progressivo de renovação da mente na santificação, então se deduz que necessitamos de arrependimentos sucessivos, até que se forme em nós a mente de Cristo.
Pelo arrependimento inicial e pela fé acessamos à conversão que nos trouxe a justificação e a regeneração, e pelos arrependimentos subsequentes avançamos na santificação.
A renúncia ao ego é um trabalho para toda a vida. Importa que o velho homem fique cada vez mais fraco e a nova criatura em Cristo cada vez mais forte.
Hábitos carnais devem ser substituídos por hábitos espirituais, pois não fomos criados por Deus para sermos carnais, senão espirituais, porque Ele é espírito. Todavia devemos lembrar sempre que o arrependimento, assim como a fé, é um dom de Deus. Na verdade, todos os atos relacionados à salvação são dons de Deus, são operações de Sua graça em nós.
Jamais teríamos nos voltado de fato para Deus, se Ele não nos conduzisse ao arrependimento, porque temos uma mente que é naturalmente oposta à Sua vontade em razão do pecado. A mente carnal não está sujeita à vontade de Deus e nem mesmo pode estar; por isso a mente que possuímos por natureza e foi corrompida pelo pecado, necessita ser renovada.
Em Romanos 2.4, nós vemos o apóstolo Paulo afirmando que é a benignidade de Deus que nos conduz ao arrependimento. Quando percebemos a benignidade de Deus em ação dando-nos Jesus Cristo para ser o nosso Salvador, podemos ser constrangidos pelo Espírito Santo a nos entristecer por sermos os causadores da Sua morte e por constatarmos em nós, uma vida que é exatamente o oposto daquela vida santa, justa e verdadeira que há em Deus; e quando não somente a aspiramos, mas nos rendemos a Ele para que nos transforme, então eis aí o arrependimento que possibilitará tal trabalho de transformação.
Por isso, não é incomum que Deus utilize a tribulação para nos deter em nossos caminhos de desvario que nos afastam da Sua presença, e nos conduzir àquela condição de coração contrito, que é um solo fértil para que nele brote o arrependimento que nos reconduzirá à comunhão com Ele e à vida.
O arrependimento sempre implica a transposição do estado de alma pecaminoso para o de santidade. Seu grande alvo é o de permitir que sejamos admitidos à presença de Deus, pois sendo Deus verdadeiro, não pode admitir o nosso acesso quando carregamos pecados não confessados e abandonados.
Por isso somos exortados a confessar os nossos pecados para andarmos na luz, com a firme convicção de que o Senhor é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
O sangue derramado por Jesus na cruz é eficaz somente naqueles que se arrependem.
A um coração contrito Deus não desprezará, ou seja, voltará a Sua atenção para ele, para purificá-lo de forma que possa ter comunhão com Ele.
Pr Silvio Dutra