“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.” (Romanos 12.10)
“Com amor fraternal, etc”. Por nenhuma palavra poderia Paulo ficar satisfeito para afirmar o ardor daquele amor, com o qual devemos ter comunhão mutuamente; porque ele chama isto de fraterno, e sua emoção στοργὴν, afeto, que, entre o latinos, é a afeição mútua que existe entre familiares; e verdadeiramente tal deveria ser o que devemos ter para com os filhos de Deus. Para que isto possa ser o caso, ele adiciona um preceito muito necessário para a preservação da benevolência, – que cada um dê honra aos seus irmãos e não para si mesmo; pois não há veneno mais eficaz para alienar a mente dos homens do que o pensamento, de que é um desprezado. Mas se por honra vocês estão dispostos a compreender cada ato de bondade amigável, eu não faço objeção a isto, porém aprovo mais a primeira interpretação. Porque, assim como não há nada mais oposto à concórdia fraterna do que o desprezo, decorrente da arrogância, quando cada um, negligenciando outros, destaca a si mesmo; por isso o melhor fomentador do amor é a humildade, quando cada um honra os demais.
Texto de João Calvino, traduzido e adaptado por Silvio Dutra.