Com excepção da dança de Salomé perante Herodes (provavelmente uma espécie de pantomima de influência romana), os múltiplos casos, exemplos e citações relacionados com a dança na Bíblia nem têm um carácter de sedução lasciva, nem são danças «a solo», excepto a dança em II Samuel 6:14/16 e Crónicas 15:29 de David, o «homem segundo o coração de Deus», tão respeitado pelo Povo do Senhor, ainda hoje.
Geralmente as danças são expressões «grupais»: de alegria, divertimento e/ou adoração a Deus.
Nomeadamente no livro de Salmos, há convites bem explícitos para louvar a Deus com danças, como por exemplo em Salmo 149:3, Salmo 150:4 (alguns tradutores escreveram «flauta» em vez de «dança»!)
Algumas outras referências:
Juizes 21:19-23;
I Samuel 30:16;
II Samuel 6:5: «David e toda a casa de Israel dançavam diante de Jeová…»;
Salmo 87:7: «Dirão tanto os que cantam como os que dançam: todas as minhas fontes são em ti»;
Cantares 6:13: «Volta, volta ó Sulamita… Porque quereis contemplar a Sulamita, como a dança de Mahanaim?». (Tradução Brasileira, das Sociedades Bíblicas Unidas, corroborada pela ISBE, Enciclopédia Bíblica Internacional, vol II, p.1169-1170)
Na parábola do «Filho Pródigo», Lucas 15:25 a dança assume um carácter bastante significativo, não só por ser uma alusão referida por Jesus, o Verbo que actualizou a Palavra de Deus e a personificou Hebreus 1:1, mas também porque essa parábola ilustra a relação do homem com Deus, e a alegria que existe no céu quando um pecador se arrepende. Ora essa alegria é traduzida de várias formas, sendo uma delas a dança.
Talvez no céu isso aconteça, numa situação como essa e, se assim for, então existem danças no Céu. Os anjos dançam e cantam de júbilo quando uma criatura humana volta ao Lar Paterno! Não estou a afirmar, mas é uma possibilidade! Um dia saberemos ao certo, na Sua divina presença. Aleluia!
É também de salientar que a dança fazia parte da vida corrente, entre os judeus, e até dos jogos infantis, como lemos em Mateus 11:17 e Lucas 7:32.
Perante o que lemos na Bíblia, a dança é uma expressão de alegria, de festa, de convívio e de adoração a Deus. É de lamentar que, entre os cristãos evangélicos, se dance tão pouco.
Claro que, em todas as práticas, inclusive as artísticas, há sempre o bom e o mau. Existe má literatura, mas continuamos a ler bons livros. Existe má fotografia, mas continuamos a tirar e a ver fotografias. Existe má pintura, mas continuamos a pintar e a apreciar as artes plásticas. Existe mau cinema, mas continuamos a valorizar grandes obras cinematográficas. Existe mau teatro, mas também há bom teatro; má escultura e boa; péssimos programas de televisão e outros excelentes, etc.
«Examinai tudo, retende o bem» – aconselhou o apóstolo Paulo I Tessalonicenses 5:21.
E podíamos dizer ainda que, infelizmente, dentro das igrejas também existe o bom e o mau. Há pessoas sinceras e outras hipócritas, há cristãos honestos e outros que o não são, e há também muita vaidade, muita maledicência, muita falsa santidade, muita inveja, muito fanatismo…
Ao Senhor e só a Ele compete separar o trigo do joio.
Por isso, irmãos, se sentem o desejo de cantar, cantem! Se sentem o desejo de tocar, toquem. Se sentem o desejo de dançar, dancem… desde que em tudo o que façam não haja maldade, mas sim um espírito são, de alegria, de comunhão, de louvor a Deus, ou de simples diversão saudável, comunicativa!
Eu próprio tenho dançado, nomeadamente em festas de alunos meus, a seu convite, em ambiente de são convívio.
E tenho um familiar (cristão) muito chegado, que é licenciado em dança pela Universidade. O seu trabalho é ensinar crianças, jovens e adultos a expressarem as suas emoções e a desenvolverem o seu ritmo corporal através das várias formas de dança: seja o bailado clássico, seja a dança moderna, a folclórica, as danças de salão, ou outras.
Aliás, não é o único caso pois, nas igrejas evangélicas em Portugal, há outros professores de dança e de expressão corporal. Além de, nos cultos, poderem ser feitas dramatizações bíblicas que integrem teatro, música, mímica e dança. Para quê? Para glória do Senhor e para comunicar o Evangelho às pessoas do nosso tempo.