A maioria de nós ministra com segurança quando se trata de liberar a criatividade genuína durante a adoração corporativa. Mas há uma série de problemas com os quais as igrejas locais lutam na tentativa de fazer com que a expressão de adoração seja mais do que arranhões superficiais – isso se as igrejas estiverem buscando uma dinâmica de criatividade que não só mude a Igreja, mas também desenhe um mundo perdido através do poder que a adoração com intimidade reflete.
Então, o que vai estimular e liberar Vida nos variados serviços da Igreja, quando algumas limitações na adoração são levantadas? Aqui estão algumas questões a serem consideradas:
1- O Profético
Não podemos abordar as questões das artes e da adoração, sem reconhecer sua conexão com as escrituras e com o profético:
*Quando David liberou os músicos no tabernáculo, eles foram estimulados a profetizar com voz e também com instrumentos (1 Crônicas 15:22; 25:1);
*Quando Eliseu foi cercado para profetizar para o rei Josafá, ele não poderia sequer começar sem um músico presente (2 Reis 3:15);
* No Novo Testamento, quando os profetas foram reunidos em Antioquia, vamos encontrá-los adorando a Deus e em jejum (Atos 13:1-2).
No entanto, você define o profético como no mínimo a voz de Deus falando, sendo ouvida no tempo presente e marcando o coração. É isso que faz com que a dança seja mais do que alguns movimentos bem coreografados. É isso que leva o solo de guitarra além do grande arranjo, transformando em algo que realmente fala ao coração das pessoas. É o que move um cântico frio a uma revelação de Deus.
Uma pintura fala. A bandeira libera o louvor. Um pandeiro liberta as pessoas. Nas mãos do Criador final, toda a expressão criativa pode tornar-se uma declaração profética de sua presença e liberar a adoração a ele. Os tribunais do céu curvam suas faces e O adoram, porque Ele é o Criador (ver Apocalipse 4:9-11)!
Seja qual for nossa liturgia (se nosso serviço ou nossa “ministração” foi ensaiada ou espontânea) é preciso pedir ao Espírito Santo que derrame o óleo profético sobre nossa criatividade. Então vamos ter libertação e cura em nossa adoração.
2- Intercessão
Deste lado do céu, nossa adoração terá sempre um sabor de intercessão. Os Salmos – livro de adoração da Bíblia – estão cheio de intercessão. Na verdade, a palavra mais usada em geral para a oração no Antigo Testamento, tepillah, aparece 77 vezes no hebraico bíblico e é inseparável da expressão de adoração.
O clamor de intercessão é inerente à adoração, devemos permitir seu fluir. Os anciãos apresentados prostrados diante do trono em Apocalipse 5:8 estão com uma harpa (adoração) em uma mão e uma taça de incenso (intercessão) na outra. Os dois são inseparáveis – e poderosos.
3- Evangelismo
Há muita conversa sobre “adoração evangelística” nestes dias. Creio que esta discussão está sendo agitada pelo Espírito. Muitos dos nossos artistas estão frustrados nos confins das Igrejas, porque sua expressão foi construída para as ruas. Seja ou não uma canção que fala de Jesus, uma pintura retratando um assunto “religioso” ou uma dança “falando” da história bíblica, essas expressões artísticas podem ser preenchidas com a vida de Deus e atrair as pessoas para Ele.
Precisamos que os artistas expressem seus ofícios nas plataformas do mundo – não com uma agenda religiosa, mas como um ato de sacrifício, dando o seu melhor para o pai não importa quem estiver olhando.
As artes são sobre a vida. Quem melhor para elaborar suas letras, descobrir suas melodias, criar seu movimento e pintar suas imagens do que Aquele que você conhece como o doador da vida e da criatividade a si mesmo?
Um número crescente de artistas cristãos está saindo desta forma nos clubes e galerias do mundo e estão alcançando um sucesso maravilhoso assim como os outros, vendo além do artesanato, estão sendo tocados pela presença de Deus em sua criatividade. A Igreja deve abrir suas portas para esses artistas e ser um lugar de refúgio e conforto para eles.
4- Paixão e realidade
Seja nas ruas ou na igreja, paixão na liderança. Nós somos projetados pela paixão. A nossa maior paixão deve ser Jesus, e só Nele nossas paixões são reunidas em sua forma mais elevada e pura. As artes ficam vazias, sem paixão. Nossa adoração é vazia sem paixão – e sem um senso de realidade. Os Salmos estão cheios de honestidade brutal e de angústia que é quase assustadora, mas eles são indiscutivelmente adoração. Não devemos temer isso ao abordar as artes na Igreja.
Os de dentro e os de fora das quatro paredes da igreja estão à procura de algo real. Privar a expressão de paixão e a realidade criativa na Igreja é criar gestos e sons vazios que acabarão por secar.
Sem paixão verdadeira e divina, ficamos com duas opções: vazio – sem vida, ou – em uma tentativa de fabricar a paixão – enganados. Ambos vão matar a adoração. Infelizmente, grande parte da Igreja está repleta de um ou outro na experiência de louvor e adoração. Devemos permitir que nossa arte e nossa adoração toquem as verdadeiras questões da vida – e toquem a presença real de Deus durante nossa jornada aqui na terra.
Minha oração é como a de um pastor: ´Senhor, faça com que a igreja esteja em um compasso seguro. Faça com que ela ande em sua chamada para ser a patrona e a protetora das artes. E que nossa vida libere a verdadeira adoração à Igreja e ao mundo.”
David Ruis é músico, compositor e líder de louvor canadense. Seu artigo apareceu pela primeira vez na Higher Praises Series, publicado na revista Ministries Today, Comunicações Strang, 600 Rinehart A Road, Lake Mary, Florida 32746 EUA.
Fonte: www.kingsway.co.uk / Adorando