Paulo disse aos gálatas e o diz a nós, que o Espírito Santo foi dado para salvar, santificar e operar milagres pela graça e não pelas obras da Lei (Gál 3.6-18).
O que aconteceu à igreja da Galácia ensejou a escrita desta epístola para a advertência dos cristãos e igrejas de todas as épocas, para que vigiemos intensamente para não incorrermos no mesmo erro deles, por abandonarmos verdades reveladas por Deus no Evangelho para abraçar falsas doutrinas inventadas por homens e por demônios.
Por isso, se somos dignos de repreensão, submetamo-nos humildemente a ela e nos apressemos em retornar à verdade da qual possivelmente tenhamos nos desviado por persuasões e argumentações meramente humanas, e baseadas em palavras de sabedoria deste mundo, e não das que provêm do céu, e que foram registradas na Bíblia.
A partir do verso 6 nós vemos então o apóstolo, depois de ter repreendido os gálatas, esforçando-se para expor-lhes de novo a doutrina que eles haviam rejeitado, e da qual certamente já deviam estar esquecidos.
E ele fez isto de diversas maneiras: primeiro usando o argumento que havia sido justificado pela fé o próprio Abraão, que era o grande patriarca de todos os judeus, e designado como o pai de todos os cristãos em todas as nações, por conta da promessa que Deus lhe fizera, em razão de que se proveria de muitos filhos através daquele que descenderia dele segundo a carne, a saber o Senhor Jesus Cristo.
Paulo diz que os cristãos são filhos de Abraão (Gál 3.7), não segundo a carne, mas segundo a promessa, e por conseguinte, eles são justificados da mesma maneira que o patriarca havia sido.
O apóstolo identifica a promessa que havia sido feita por Deus a Abraão de abençoar na sua descendência todas as nações da terra (Gên 12.3), como um prenúncio da justificação pela fé, isto é, Deus fizera naquela ocasião a Abraão a promessa do Evangelho (Gál 3.8), muitos séculos antes do evangelho ter sido manifestado e cumprido em Jesus Cristo.
Consequentemente, o resultado da fé nesta promessa é bênção para todo o que crê, assim como o próprio Abraão havia sido abençoado sendo justificado pela sua fé, para que fosse o patriarca de todos aqueles, que tal como ele, viessem a crer no futuro (v. 9).
A fé verdadeiramente honra a Deus, porque é a firme confiança em tudo o que a boca de Deus tem proferido. E porque a fé honra a Deus, Deus imputa a fé para justiça de todo aquele que Nele crê.
A Lei revela que a transgressão de qualquer mandamento de Deus torna o homem culpado de uma condenação eterna.
E quem, na condição de pecador por natureza poderia cumprir tal exigência moral de Deus?
A Sua justiça o exige, porque se demanda conformação perfeita à Sua santidade para que alguém possa ir para o céu, sem culpa alguma.
Mas o pecado ofendeu a justiça de Deus. Foi por causa desta ofensa que o pecador perdeu o céu.
Então o caminho de volta ao céu deve passar obrigatoriamente pela plena satisfação da justiça de Deus.
O homem necessita então de justiça para ser salvo.
Mas o alto nível desta justiça não pode ser encontrado nele ou ser produzido por ele.
Daí ter o próprio Cristo se tornado a nossa justiça.
É pela Sua justiça imputada a nós que podemos nos aproximar do Deus que é inteiramente justo e santo.
Consequentemente a Lei afirma que todo aquele que não cumpre os seus mandamentos permanece debaixo de maldição, porque os mandamentos da Lei refletem o caráter da perfeita justiça de Deus.
E há somente uma maneira de ser resgatado desta maldição, uma vez que a própria maldição não pode ser removida, em razão da exigência da justiça de Deus que amaldiçoa todos os transgressores da Sua vontade, a menos que eles tenham sido justificados em Cristo Jesus, pela justiça que lhes é imputada por Deus somente pela graça e mediante a fé.
Deste modo, Paulo explica que nós somente podemos ser justificados pela fé que se firma no Evangelho, na boa nova de grande alegria de que Deus se faz favorável para com os pecadores que se arrependam de seus pecados e que se unem pela fé a Cristo, para serem justificados e santificados.
Por isso aqueles que pensam que poderão ser justificados pelo mero esforço deles em praticarem as obras da lei, à parte da fé em Cristo, estarão permanentemente debaixo da maldição da Lei, porque a Lei não foi dada por Deus para o propósito de justificar, e não poderia ser dada para tal objetivo, porque o homem é pecador e já se encontra condenado, independentemente do que possa fazer de bom.
As santas exigências da Lei comprovam o quanto o homem está distanciado da perfeita justiça e santidade de Deus.
Então a Lei não poderá justificá-lo, porque para isto seria necessário que o homem fosse perfeito no cumprimento de tudo o que a Lei exige desde o seu nascimento, quer em palavras, em pensamentos e ações, e tanto nos deveres relativos a Deus quanto ao seu próximo.
Ninguém além de Jesus Cristo conseguiu cumprir perfeitamente toda a Lei, e somente ele poderia reivindicar a justificação da Lei caso necessitasse dela, mas isto nunca seria preciso no seu caso, porque Ele não tinha do que ser justificado, porque era sem pecado.
Quando alguém confia em seu coração, que seus pecados são perdoados por causa do sacrifício de Cristo, e por causa da Sua justiça, Deus cobrirá os seus muitos pecados com o sangue do Seu Filho, e lhe aceitará por causa desta sua confiança nos méritos de Cristo como suficientes para expiar a sua culpa e dar-lhe a salvação.
É como se Deus dissesse: “Eu perdoarei os seus pecados porque você crê que o meu Filho é poderoso para livrá-lo da condenação futura, porque Ele próprio se fez maldição no seu lugar na cruz para que você não estivesse mais debaixo da maldição da Lei.
E por causa desta sua confiança nEle, Eu lhe darei o Espírito Santo que prometi derramar como aceitação plena do sacrifício que o meu Filho fez por você na cruz, de maneira que o Espírito Santo possa transformar o Seu coração e operar em você um caráter verdadeiramente santo, assim como Eu sou santo.”.
Pr Silvio Dutra