O Cristo que servimos é onisciente, onipotente, onipresente. Ele tudo sabe, vê e governa. É inútil tentar viver aparte da consideração de que se deve viver de tal modo, que em tudo Lhe sejamos agradáveis, quer estando neste mundo, em que não O vemos, quer no vindouro, quando o veremos face a face.
Este empenho em se viver de modo agradável ao Senhor deve levar em conta, principalmente, o temor que Lhe é devido, porque teremos que comparecer ante o Seu Tribunal, no qual prestaremos contas e receberemos o louvor ou o dano de tudo o que tivermos feito por meio do corpo neste mundo, seja o bem segundo a Sua vontade para recompensa, seja o mal, para dano ou perda de galardão.
Então pregar o evangelho com fidelidade não é uma opção para os que são chamados, mas uma honra, e uma grande responsabilidade e dever, porque este nos foi encarregado da parte de Deus, para sermos seus embaixadores, na convocação de todos os homens a se reconciliarem com Ele, porque Cristo “morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.”
Paulo conhecia este temor que era devido ao Senhor, e pregava unicamente por amor, porque o amor de Cristo o constrangia a isto.
Assim ele podia se recomendar às consciências de seus ouvintes quando os persuadia à fé, porque podiam se gloriar no testemunho da sua sinceridade, e no fato de se gloriar nas coisas operadas por Deus em seu coração, e não na aparência, conforme muitos faziam em Corinto.
Em Cristo está sendo formada uma nova criação espiritual, e todo verdadeiro cristão faz parte da mesma, então não devem se fixar nas coisas do velho homem que são passadas à vista do Senhor, mas na nova vida que receberam do céu.
Deus mesmo proveu todas estas coisas relativas à reconciliação dos pecadores com Ele, não lhes imputando mais a condenação dos seus pecados por causa de Cristo.
O trabalho do apóstolo e de qualquer ministro de Cristo é portanto o de rogar aos homens que se reconciliem com Deus, porque Cristo, que não tinha pecado, morreu no nosso lugar, fazendo-se réu do pecado por nós, para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus, isto é, alvo de Sua justiça, para que pudéssemos ser justificados do pecado.
À vista destas realidades, o objetivo maior e principal de um cristão não deve estar nas coisas deste mundo, mas no céu, porque foi de lá que recebemos a nova vida que há de permanecer por toda a eternidade.
E ainda que venhamos a morrer, temos um outro corpo celestial e glorificado aguardando por nós no céu, e deveríamos aspirar por deixar um dia este corpo terreno para que possamos receber este novo corpo celestial.
No entanto não se pode ter tal aspiração quando não se está vestido com a justiça de Cristo, pela fé no evangelho (2 Cor 5.3).
Assim o que é mortal dará lugar ao que vive eternamente (2 Cor 5.4); conforme o que foi planejado por Deus desde o princípio, e para comprovar esta verdade deu o Espírito Santo para habitar nos cristãos, para que seja o penhor do cumprimento cabal de tudo o que lhes tem prometido quanto à sua vida futura e celestial (v. 5).
Esta esperança de vida eterna deve ser motivo para que os cristãos tenham sempre bom ânimo, em todas as aflições que sofrem ainda no corpo neste mundo, uma vez que todas elas cessarão somente quando estivermos para sempre na presença do Senhor, depois de termos sido chamados por Deus a deixar o nosso corpo mortal, para que possamos viver na esfera das coisas que são somente espirituais, celestiais e divinas.
Pr Silvio Dutra