Freqüentemente me ponho a avaliar as minhas prioridades e a minha motivação como cristão. Não que eu busque uma boa imagem com isso, mas o faço por temor. Com tantas ofertas de um mundo cada vez mais cego e imerso em uma cultura de valores efêmeros, às vezes me vejo obrigado a rastrear meu olhar e me certificar: onde ele está fixo?
É perceptível que a humanidade está num período de exigente independência. Ela mesma tem criado e definido seus meios e objetos de auto-satisfação. Tudo é feito com o objetivo de proporcionar prazer, mesmo que seja a compra de algo fútil, apenas para satisfazer o consumismo. Com relação àquilo que impede essa tendência, o esforço é para removê-lo.
Estamos deliberadamente em uma era moderna de idolatria, sobretudo aqui no Ocidente, com a crescente secularização e o apego ao dinheiro, poder e sexo. É uma grande confusão. Ao mesmo tempo em que o Homem é deus, pois tudo é para sua satisfação, ele é um idólatra, uma vez que se torna escravo daquilo que representa sua fonte de satisfação.
Com relação à nossa fé, o que isso afeta? O grande problema é quando nossos olhos não estão postos somente em Cristo. Fatalmente, a nossa vida com Ele estará condicionada à harmonia de todos os elementos que citei acima. Será necessária uma vida financeira satisfatória, uma saúde perfeita, uma trajetória profissional ascendente e tantos outros “padrões” para ser possível vê-lo como digno de nossa vida e adoração. Caso contrário, a própria fé será posta em questão.
É nessa cilada que boa parte da igreja está caindo. Para ela, ao contrário do que Deus espera, os assuntos desta vida são centrais e os do Reino, periféricos. Sobre isso, Jesus nos advertiu com a parábola do semeador: a semente que caiu entre os espinhos – representando os cuidados do mundo – não os suportou e morreu.
A proposta do Evangelho é que encontremos em Cristo – e somente nele – nossa plena satisfação. Uma satisfação que traga à luz a insignificância de uma vida a serviço de valores que a traça come o ladrão rouba e nos faça desejar a viver a vida abundante que nos prometeu Jesus. O Evangelho trata de vivermos para sua Glória, de uma vida completamente perdida em Jesus, independente do que está a nossa volta.
Quando nossos olhos estão fitos nele, a sua vontade e Palavra centralizam nossas vidas, há certamente uma verdadeira motivação para tudo o que diz respeito à vida cristã; as nossas prioridades se tornam as de Cristo; nossos desejos idem; o que pensamos e fazemos se tornam um reflexo de Seu governo em nós.
Nesse estado, podemos sem medo e na maior sinceridade repetir uma das declarações de Davi que, como poucos, encontrou total prazer em Deus: “Ó Deus, tu és o meu Deus; ansiosamente te busco. A minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água. Assim, no santuário, te contemplo, para ver o teu poder e a tua glória. Porque melhor do que a vida é a tua graça.” Sl 63:1-3.
No próximo comentário, procurarei abordar a fonte de nossa satisfação nele.