Não há fórmulas específicas para vencermos cada uma das múltiplas atividades que ocorrem no mundo espiritual da maldade.
Tentar reduzir tudo a um ou uns poucos modus operandis para se ter vitória especialmente sobre o pecado, o mundo e o diabo nunca será de real proveito para o nosso progresso espiritual.
Veja o caso de opressões malignas, caso considerássemos que tudo quanto necessitamos fosse tão somente repreender os demônios que nos oprimem para que tudo pudesse ir bem conosco, por nos livrarmos imediatamente deles… cumprir-se-ia em todos os casos e situações o propósito divino em permitir muitas destas opressões?
Analisemos sucintamente três narrativas bíblicas para responder à citada questão:
Contemplemos o caso de Jó, que foi duramente assediado e perturbado por Satanás por um longo período, debaixo da permissão de Deus, especialmente para que o patriarca fosse livrado de sua justiça própria. Aquela opressão maligna contribuiu para o fim almejado por Deus na vida de Jó.
Voltemo-nos agora para o espinho na carne de Paulo, que segundo sua própria afirmação era um mensageiro de Satanás que lhe esbofeteava e acerca do qual pediu por três vezes ao Senhor Jesus que o afastasse dele, mas isto não lhe foi permitido, tendo recebido graça para poder suportá-lo, e com isto foi mantido humilde, para que não se ensoberbecesse com a glória da visão celestial que havia recebido.
E o que diremos de Pedro, que ao ter negado a Jesus, por influência de Satanás, que havia pedido a Deus para cirandar com ele? Aquela negação ajudou o apóstolo a ser curado da sua autoconfiança em sua própria capacidade e poder para permanecer fiel ao Senhor em toda e qualquer circunstância.
Podemos considerar também que quando um crente se nega a perdoar algum irmão que lhe tenha ofendido, ele é entregue ao poder do verdugo que o mantém em cadeias espirituais até que se disponha a perdoar. E isto nos foi ensinado pelo próprio Senhor Jesus.
Neste caso, a opressão maligna tem por alvo conduzir ao quebrantamento da nossa cerviz e nos habilitar a perdoar.
Os exemplos se multiplicam na Bíblia para nos ensinar que muito dos ataques que sofremos da parte do Inimigo são permitidos por Deus para que possamos ser aperfeiçoados e amadurecidos espiritualmente.
Assim, há casos e casos.
Há situações em que deveremos repreender os espíritos malignos para que nós ou outros pelos quais intercedemos, sejamos livrados imediatamente deles, conforme Jesus fez com o jovem lunático, o endemoninhado gadareno e com tantos outros; Paulo com a jovem adivinhadora de Éfeso etc.
Outras há em que como nos exemplos que citamos sobre Jó, Paulo e Pedro, de nada adiantarão tais repreensões. E na verdade, seremos livrados do Inimigo tão logo se cumpra o bom propósito designado por Deus em relação a nós.
Em todo o caso, bem faremos em andar em santidade de vida e em submissão à vontade do Senhor, porque isto nos livrará de muitas dificuldades relativas ao mundo espiritual da maldade.
De modo que se recomenda que nos sujeitemos a Deus e resistamos ao diabo, e ele fugirá de nós.
Mas como dissemos, isto não é uma fórmula, uma regra, senão um princípio espiritual pelo qual devemos governar o nosso procedimento. Encontra-se no domínio exclusivo do Senhor permitir ou suspender tais ataques do Inimigo, segundo o tempo que for necessário, fixado por Ele em Sua soberania divina.
Andando em comunhão com o Senhor saberemos discernir adequadamente que o Inimigo não possui nenhum real poder sobre nós, porque fomos livrados da sua escravidão por meio da fé em Jesus Cristo, ainda que lhe seja permitido nos atacar e oprimir nas batalhas que empreendemos contra ele no bom combate da fé.
Tudo o que ele pode fazer é somente nos ferir o calcanhar, mas em Cristo nos é dado poder para esmagar juntamente com Ele a sua cabeça.
Devemos encher a nossa casa espiritual da presença de Deus e da Sua Palavra. Este é o melhor modo de manter a casa limpa e ocupada pelo Espírito Santo.
Nosso Senhor nos alerta sobre a pessoa que foi libertada do poder do Inimigo, e que sendo limpa pela Sua graça, não teve o cuidado de se encher do Espírito Santo, de modo que estando com a casa do seu coração vazia, o espírito maligno retornou trazendo consigo outros sete espíritos piores do que ele.
A questão importante a ser respondida não é portanto se somos ou não oprimidos pelo Inimigo, mas se andamos cheios do Espírito de Deus, porque esta é a única condição de manter o diabo do lado de fora das nossas vidas, a saber, mantendo a nossa casa ocupada pela presença de Deus.
Quando o Inimigo quiser entrar, o Espírito lhe dirá: “Já está ocupada!”
Pr Silvio Dutra