Reforma em seu sentido geral significa trazer algo ou alguém à sua condição original. E é assim que deve sr entendido o que Deus fez através de homens como Calvino, Lutero, Zwinglio e muitos outros no século XVI, em relação à verdade da Sua Palavra revelada na Bíblia, notadamente quanto ao que se refere ao modo correto da vida cristã.
Aqueles homens não estavam portanto empreendendo uma luta contra um determinado sistema religioso, mas lutando para que a verdade das Escrituras fosse mantida no mundo, e especialmente na vida daqueles que chegam ao conhecimento da verdade por meio da fé em Jesus Cristo.
Recentemente alguém me dizia que cada religião possui a sua verdade, e que seria bom que todos tivessem uma só verdade, de modo que não haveria conflito entre as religiões.
Todavia, há que se considerar que a verdade é a pessoa do próprio Cristo, conforme Ele o afirma expressamente na Bíblia, e do que deram testemunho os apóstolos que com Ele haviam vivido no passado. Os próprios apóstolos foram melhor informados acerca da verdade espiritual que envolve a pessoa de Jesus, quando Ele ressuscitou e ascendeu ao céu, tendo lhes deixado o Espírito Santo como Consolador, Mestre e Guia.
Porque importa conhecer a Jesus em espírito, que é eterno, e não segundo a matéria que se desgasta e passa.
Importava que assim fosse, porque a verdade de Deus é de caráter eminentemente espiritual e pode ser conhecida somente em espírito, por aqueles que andam no Espírito Santo, e permitem serem instruídos por Ele quanto à aplicação da verdade da Palavra de Deus revelada na Bíblia, às suas vidas.
Por pressuposto básico, ninguém conhecerá esta verdade a não ser por revelação do próprio Deus, porque ela permanece em mistério para todos, até que venha a ser revelada pelo Espírito Santo a todo que:
– se humilhar reconhecendo-se pecador;
– se arrepender desta condição de possuir uma natureza pecaminosa;
– buscar a Deus para que seja purificado de toda má consciência e obras pecaminosas;
– converter-se a Deus se esforçando por renunciar ao velho modo de vida que Ele abomina, com todas as suas práticas impuras e maliciosas;
– confiar inteira e exclusivamente em Cristo para que seja justificado do pecado, e regenerado e santificado pelo Espírito Santo.
Vemos assim, que se é unicamente por este caminho que se pode conhecer efetivamente a Deus em espírito, e ter comunhão com Ele, então não é para ficarmos surpresos que sejam poucos os que O conhecem de fato, comparativamente à sociedade como um todo.
A razão disto não se encontra no desejo de Deus, que não tem prazer na condenação espiritual de ninguém, antes que se converta e viva eternamente, mas nos próprios corações endurecidos daqueles que não se dispõem a atender as condições que anteriormente enumeramos, que entre outras, configuram o que é necessário para que possamos ser feitos participantes da natureza divina, ou seja, estarmos convertidos a Jesus Cristo.
Esta participação da vida de Deus é uma chamada para viver na luz, e portanto, quando se ama as trevas, é impossível achar o único Deus verdadeiro que habita na luz na qual não há qualquer treva espiritual.
O mistério de Deus é revelado em Jesus Cristo. Ele tem prazer em fazê-lo conhecido de nós. Mas, como dissemos antes, é impossível conhecê-lo enquanto não atendermos às condições para a aproximação de Deus, que é santo, justo, perfeito, amoroso e puro.
Ninguém se sinta desencorajado de se aproximar do Senhor Jesus, porque Ele tem prometido não lançar fora a nenhum que o buscar, e isto, porque esta aproximação não é fundamentada na nossa perfeição espiritual ou mesmo moral – porque isto será moldado em nós com o passar do tempo – mas na graça perdoadora do evangelho, que considera como sendo o próprio ato de obediência a nossa sinceridade em desejar fazer progressos no conhecimento do Senhor e da Sua graça, e também por comprovarmos a sinceridade deste desejo, por nos empenharmos em fazer a Sua vontade, conforme podemos aprender acerca da mesma na Bíblia.
Pr Silvio Dutra