“Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude,” (II Pedro 1.3)
O Senhor Jesus Cristo, como Mediador, nos fornece todas as bênçãos de Deus, porque sendo Deus, ele autoritativamente as compartilha conosco. É dele que o apóstolo fala, quando diz: “pelo seu divino poder, nos tem doado todas as coisas que dizem respeito à vida e à piedade”.
Ele tem dado a nós e ao mundo inteiro, a sua palavra abençoada, para nos instruir.
Não há nada que seja indispensável para que saibamos, que não seja encontrado nas Escrituras da verdade. Nelas somos informados sobre o modo como um pecador pode ser reconciliado com Deus, a quem ele tem ofendido. Vemos também como podemos obter uma nova natureza, e ser renovados à imagem do nosso Deus, em verdadeira justiça e santidade. Também nos é dito como podemos caminhar de forma a agradar e a honrar a Deus. Nada é omitido lá, que possa conduzir, seja para a obtenção da vida eterna, ou para a nossa posse da piedade vital. E tudo o que tem sido acrescentado pelo homem, tem uma tendência, de contrariar em vez de nos conduzir aos nossos interesses eternos.
As promessas que são “preciosas e mui grandes”, abrangem todas as coisas que nossas necessidades requeiram. Coloque-nos em qualquer situação imaginável, e será encontrada uma promessa diretamente aplicável ao nosso estado. Também não há qualquer coisa que nos seja requerida, para o fim de obtermos um interesse nestas promessas; se temos somente um desejo das coisas prometidas, e uma vontade de recebê-las como o dom gratuito de Deus por amor de Cristo, elas se tornam nossas, e serão cumpridas para nós; e por elas seremos feitos participantes daquela piedade verdadeira, da qual se supõe ser um pré- requisito necessário para um interesse nelas.
Nós não devemos em primeiro lugar nos purificar do pecado, e, em seguida, lançar mão das promessas, mas, primeiro tomamos as promessas, e em seguida, por sua influência, “nos purificamos de toda a imundícia, tanto da carne quanto do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.”
As Escrituras apresentam muitos exemplos para a nossa instrução. Podemos aprender sobre a paciência e a mansidão lendo sobre as vidas de Jó e Moisés. Temos exemplos de devoção, fidelidade e amor nas vidas de Elias, Davi, e Paulo, o qual nos diz que sejamos seus seguidores para o crescimento na graça.
Mas o Senhor Jesus Cristo tem dado também todas as coisas aos seus seguidores obedientes, numa forma de comunicação especial, porque as instruções, promessas e exemplos, contidos nas Sagradas Escrituras, são comuns a todos; mas para o seu próprio povo o Senhor Jesus Cristo tem dado graças, as quais, por seu poder divino, ele tem forjado em suas almas. Nestas se inclui:
1. O dom da fé
Esta graça é essencial para o bem-estar de todos os filhos de Deus, pois é somente através dela que a vida ou a piedade podem ser trazidas para a alma. Mas ela capacita o seu povo a vir a ele, e a estar em comunhão com ele, e para abraçar suas promessas, e obter da sua plenitude todas aos provisões necessárias, tanto de graça como de paz. Em suas mentes, ele opera uma convicção, que eles não têm nada em si mesmos para recomendá-los a Deus, e que não podem fazer nada pelo que possam obter um interesse em seu favor. Para eles, ele se dá a conhecer, como “o caminho, a verdade, e a vida”, e ele os conduzirá a viverem em unidade pela fé nele, que lhes amou e entregou a si mesmo por eles.
2. As assistências da sua graça
Sem ele nada podem fazer, mas através da força comunicada por ele, são capazes de fazer todas as coisas. Eles têm que entrar em conflito com Satanás, e resistir a seus ataques? Eles o fazem na força de Cristo, e são feitos “mais do que vencedores”. Nem todos os poderes das trevas podem prevalecer sobre deles. Eles têm de suportar as mais pesadas aflições? Por meio de Cristo, eles são capazes de “se gloriarem nas tribulações”, e de “terem prazer em todas os tipos de aflições por causa dele”, sob a plena certeza de que “sua força será aperfeiçoada por meio de sua fraqueza”, e que “ele será engrandecido em seus corpos, seja pela vida ou pela morte”. O que quer que eles tenham de fazer ou sofrer, “a sua graça é suficiente para eles”, e seu poder divino os “aperfeiçoa em todo o bem, para cumprirem a sua vontade, operando neles o que é agradável diante dele.”
3. As consolações de seu Espírito
Estas são de primeira necessidade na vida divina, pois “a alegria do Senhor é a nossa força.” Sem a luz da face de Deus levantada sobre nós, as nossas “mãos vão ficar descaídas, e os nossos joelhos trôpegos”, e nossos corações turbados. Mas ele enviará para o seu povo o Consolador, de acordo com a sua palavra, para ser neles “um espírito de adoção”, “um testemunho de sua relação com ele”, e “o penhor da sua herança eterna”. Isto será um apoio em todas as suas provações, e lhes animará em todas as suas lutas. Com “o seu amor derramado em seus corações”, nada lhes moverá de sua firmeza, “nem terão as suas vidas como preciosas para eles, desde que possam cumprir a sua vontade e completar a sua carreira com alegria”.
Texto de Charles Simeon, em domínio público, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.