“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra”. (Atos 1.8)
Esta é uma palavra do Senhor Jesus dada aos seus apóstolos após sua ressurreição e antes de sua ascensão gloriosa. Contudo, não se limitava só a eles, é uma palavra que foi dada a toda Igreja. Como eles compunham o grupo inicial da Igreja, a receberam, mas esta palavra ainda revela o plano e vontade de Deus para todo cristão. Nenhum de nós foi ganho para Jesus para ficar sem fazer nada. Pedro exortou os cristãos em sua segunda epístola, mostrando-lhes que Deus não quer que sejamos “ociosos e infrutíferos” (2 Pe 1.8). Temos uma responsabilidade a exercer. Fomos alcançados com um propósito:
“… mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui alcançado por Cristo Jesus”. (Filipenses 3.12)
Paulo declarou que devemos alcançar aquilo para o qual fomos alcançados. Usamos um lema na igreja que pastoreio: “alcançados para alcançar”. Entendemos que Jesus nos alcançou não só para nos livrar da condenação eterna e nos levar para a glória celestial, mas também para que possamos cumprir Seu propósito aqui na terra, nesta vida.
Depois de nos alcançar, Deus colocou um alvo diante de cada um de nós: precisamos crescer e nos conformar com a imagem de Jesus e precisamos frutificar enquanto caminhamos dentro deste processo. O plano revelado de Jesus a Sua Igreja foi o de fazer de cada um de nós suas testemunhas. Vivemos para isto, e se nossa vida cristã não está servindo a este propósito é porque precisa ser remodelada ao padrão divino.
DEFINIÇÃO DE TESTEMUNHA
Durante muito tempo tive um conceito errado do que é ser uma testemunha de Cristo. De alguma forma, talvez pela ênfase das igrejas nesta direção, associei o verbo “testemunhar” a “pregar” ou “evangelizar”. Sei que o resultado do testemunho que os apóstolos levavam eram gente sendo evangelizada e que aproveitavam muito bem suas oportunidades de testemunhar para proclamar a palavra de Deus, mas testemunhar não é pregar nem tampouco evangelizar. Quando os líderes religiosos do judaísmo tentaram proibir os apóstolos de falarem de Jesus, a resposta dada por eles mostra que eles entendiam muito bem o significado de ser uma testemunha de Cristo:
“Pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido”. (Atos 4.20)
Para eles não se tratava simplesmente de pregar, mas sim de contar tudo o que viram e ouviram. É isto que uma testemunha faz! Quando Paulo recebeu a comissão de ser uma testemunha de Cristo, foi colocado debaixo do mesmo encargo de falar daquilo que veria e ouviria:
“Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido”. (Atos 22.15)
Já testemunhei em processos legais mais de uma vez, e sei muito bem porque somos intimados a falar; não se trata de uma oportunidade de emitir uma opinião sobre algo, mas sim do dever de falar estritamente daquilo que você viu e ouviu. Você expõe fatos que você viveu. Ninguém tem autoridade para testemunhar com base no que outros viram, e sim naquilo que ele próprio viu. Isto é testemunhar. Jesus não considerou seus discípulos aptos a testemunhar somente pelo fato de o terem visto ressuscitado. Isto tinha muito peso, mas não bastava. Se testemunha de Cristo fosse só quem o viu ressuscitado, então a maioria dos crentes jamais poderia cumprir este papel, pois como declarou o apóstolo Pedro:
“A quem [Jesus], sem o terdes visto, amais; no qual, sem agora o verdes, mas crendo, exultais com gozo inefável e cheio de glória”. (1 Pedro 1.8)
Nosso relacionamento com o Senhor Jesus Cristo é pela fé. Isto significa que podemos caminhar com Ele sem a necessidade de vê-lo e que não devemos esperar que isto aconteça com ninguém, embora Deus, em sua soberania, possa revela-lo desta forma gloriosa a alguém. Mas este não é o padrão. Então, o que Ele disse que tornaria seus discípulos aptos a testemunhar era uma experiência que se repete conosco ainda hoje! Ele disse: “recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo”. Há uma ligação entre o poder do Espírito vindo sobre minha vida e o testemunho que terei para dar, porque é justamente a ação d´Ele em minha vida que me permitirá mostrar aos outros que Jesus vive em mim. Nosso testemunho é fruto de uma “parceria” entre nós e o Espírito Santo. Não é uma tarefa unicamente nossa e nem tampouco só dele; Jesus falou sobre isto:
“Quando vier o Ajudador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade que do Pai procede, esse dará testemunho de mim; e também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio”. (João 15.26,27)
Veja bem, se testemunhar é falar do que vimos e ouvimos, então o que mais precisamos é que o Espírito Santo nos leve a provar o poder do Jesus ressurreto em nossa vida. Vejo este princípio aparecer também numa outra afirmação, desta vez de Pedro:
“E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem”. (Atos 5.32)
Fui batizado no Espírito Santo aos quinze anos de idade, e a conseqüência principal disto não foi apenas a de que Ele me deu autoridade para pregar, mas comecei a ter experiências com seu poder. Jesus passou a ser comprovadamente vivo em minha vida! Passei a ver o poder de Deus de diversas maneiras. Primeiro minha vida mudou e comecei a refletir o Jesus de quem eu ouvira desde criança, mas que não conseguia demonstrar em minha vida. Em segundo lugar, comecei a ver respostas às orações, livramentos, provisões e outros tantos milagres e intervenções do Senhor. Depois, algumas coisas começaram a acontecer quando eu orava por cura e libertação; as pessoas realmente eram tocadas pelo poder de Deus e eu lhes dizia: “Está vendo? Esta é a prova de que Jesus está vivo e se importa com você!”
Quando falo de Jesus para alguém, não apresento apenas o plano de salvação e a mensagem do arrependimento. Mostro, testemunhando o que Deus tem feito em minha vida, que Jesus está vivo. Quando falo que Cristo cura, conto as curas que já recebi, as que Deus operou na minha família e muito das que Ele efetuou por meu intermédio. O problema de muitos crentes hoje é que eles não tem nada para contar!
Já disse que um testemunho não é aceito quando apenas retrata algo que outro viu e ouviu. Se a polícia souber de alguém que é testemunha de um crime, não vai encher as páginas de um inquérito com o que alguém disse saber da boca da testemunha, vai chamar a própria testemunha para depor! Mas muitos crentes não testemunham de Jesus, contam apenas o testemunho de outros…
O que precisamos é do poder do Espírito atuando em nossa vida. Foi a isto que Jesus se referiu ao dizer que o poder do Espírito Santo desceria sobre nós. Precisamos buscar não só a unção para pregar, mas o poder que funciona em nossa vida. Então, quando abrirmos nossa boca, estaremos falando não só do que está escrito na Palavra de Deus, mas de como tudo aquilo se tornou real para nós!
VIVER PREGANDO x PREGAR VIVENDO
Há uma enorme diferença entre viver pregando e pregar vivendo. Alguns se tornaram pregadores de Cristo. Falam sobre Ele e o que Ele tem feito, mas não demonstram isto em suas vidas. Outros demonstram isto por meio de sua vida e dispensam até mesmo palavras:
“Semelhantemente vós, mulheres, sede submissas a vossos próprios maridos; para que também, se alguns deles não obedecem à Palavra, sejam ganhos sem palavra pelo procedimento de suas mulheres, considerando sua vida casta, em temor”. (1 Pedro 3.1,2)
Acredito que muitas vezes só deveríamos falar de Jesus depois que nossa própria vida conseguiu chamar a atenção dos outros. Pedro também ensinou sobre isto:
“Antes santificai a Cristo como Senhor em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. (1 Pedro 3.15)
O propósito deste ensino é despertá-lo a buscar o poder do Espírito Santo em sua vida. Sem ele, jamais chegaremos a ser o que Deus quer que sejamos: testemunhas eficazes. Somente pelo poder do Espírito é que romperemos numa vida cristã vitoriosa e frutífera. E quando isto acontecer, basta compartilharmos com outros o que nós temos vivido… Acredito que o processo de nos tornar testemunhas envolve três estágios distintos:
1) Primeiro o poder de Deus deve agir em nós
2) Depois contamos aos outros o que experimentamos
3) Então Deus confirma este testemunho com sinais
TESTEMUNHANDO O QUE PROVAMOS
Já falamos sobre buscar primeiramente a ação do poder de Deus em nós; agora quero falar sobre a importância de repartir isto com outros. Quando Jesus libertou o endemoninhado gadareno, aquele homem quis acompanha-lo em suas viagens e segui-lo, mas o Mestre lhe fez outra proposta:
“Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes o quanto o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti. Ele se retirou, pois, e começou a publicar em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus; e todos se admiravam”. (Marcos 5.19,20)
Qual era o assunto que este homem deveria abordar ao conversar com as pessoas? Sua única mensagem era dizer o que Cristo lhe havia feito e com isto comunicar o que Deus queria fazer em favor de cada um dos homens. Quando falamos daquilo que provamos o impacto é muito maior nos que nos ouvem. O mesmo se deu com aquela mulher samaritana que Jesus encontrou junto ao poço de Jacó:
“Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; será este, porventura, o Cristo? Saíram, pois, da cidade e vinham ter com ele…muitos samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher, que testificava: Ele me disse tudo quanto tenho feito”. (João 4.28-30 e 39)
No início, as pessoas foram atrás de Jesus por causa da experiência dela; depois, isto já não foi mais necessário, pois começaram a ter suas próprias experiências:
“E muitos mais creram por causa da palavra dele; e diziam à mulher: Já não é pela tua palavra que nós cremos; pois agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo”. (João 4.41,42)
OS SINAIS QUE SE SEGUEM
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado, será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. Eles, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam”. (Marcos 16.15-20)
Deus prometeu que avalizaria nosso testemunho com mais provas ainda. Mas o processo de nos fazer testemunhas segue, como já afirmei, um ciclo. Primeiro provamos o poder de Deus e temos nossas experiências, depois as contamos. E quando testemunhamos o que provamos, Deus fará mais para aqueles que nos ouvem. O livro de Atos também nos mostra Deus honrando o testemunho dos apóstolos:
“Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça”. (Atos 4.33)
Muitos cristãos têm tentado entrar direto neste estágio final sem permitir que o processo se estabeleça em sua própria vida no padrão que Deus estabeleceu. Mas nunca acontecerá assim! O estágio final é quando Deus coopera conosco (que já provamos o poder) e avaliza o testemunho com mais sinais. Foi exatamente assim que se deu com os apóstolos:
“Testificando Deus juntamente com eles, por sinais e prodígios, e por múltiplos milagres e dons do Espírito Santo, distribuídos segundo a sua vontade”. (Hebreus 2.4)
É hora da Igreja romper em sinais e milagres. Mas primeiro precisamos levar os cristãos a entenderem a importância de, individualmente, experimentar o poder de Deus, para depois rompermos numa demonstração maior do poder de Deus (1 Co 2.4).
Acredito que neste momento o que mais precisamos é nos voltar para o Senhor em oração, do mesmo jeito que os apóstolos fizeram no início (At 1.14). Isto desencadeará nossa própria experiência com o poder do Espírito Santo que, por sua vez, quando compartilhada, gerará ainda mais sinais para os outros. Foi assim com os apóstolos; depois de 10 dias perseverando em oração no cenáculo, foram cheios do Espírito Santo:
“E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito concedia que falassem”. (Atos 2.4)
Depois, ao testemunhar de Jesus na casa de Cornélio, Pedro vê Deus avalizar seu testemunho dando àquele grupo a mesma evidência do derramar do Espírito, a ponto de Pedro comparar a experiência deles com a sua própria:
“Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água para que não sejam batizados estes que também, como nós, receberam o Espírito Santo?” (Atos 10.47)
Tenho provado isto em minha própria vida. Os sinais e evidências que eu mesmo passei a provar ao ser cheio do Espírito Santo são reproduzidos hoje por meio de meu ministério em favor de outras pessoas. Experiências novas começaram a acontecer e demonstrar em minha vida que de fato Jesus está vivo e presente ao nosso lado todos os dias. Sem isso (mesmo tendo crescido no evangelho e sabendo expor de cor o plano de salvação) eu não seria uma testemunha eficiente.
Meu desejo é que sua vida seja um reflexo da ação do Espírito Santo, mostrando assim que Jesus Cristo de fato está vivo. Que ao pregar, você possa falar não só daquilo que você soube dele, e sim daquilo que tem provado. E se você não tem provado muito, está na hora de se despertar e cumprir com sua responsabilidade de busca-lo até que Seu poder atue em sua vida a ponto de fazer de você uma testemunha eficaz! Muitos estão adormecidos e suas vidas não refletem o propósito de seu chamado. Para estes, o Espírito Santo diz:
“Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará “. (Efésios 5.14)