“O Brasil acordou!” Essa frase se tornou clichê nos últimos dias. O levante, visto positivamente pela maior parte da população, assusta alguns. A geração passada, desacreditada da nossa, está felizmente chocada. Mas o espanto das classes dominantes e dos políticos beira, em alguns casos, o terror. Há alegria no coração do povo e medo na liderança nacional. Protesto tupiniquim, com força, com festa e tom pacífico. As exceções violentas, seja por vandalismo ou ideologia anarquista, são sociologicamente explicáveis e ínfimas em relação à totalidade do movimento histórico.
Nas mídias tradicionais ou na internet, a maior parte aprova. Alguns por medo criticam. Outros estão calados ou alienados. Um movimento apartidário, do povo e para o povo. Sem partido político ou religioso.
No entanto, escrevo para apontar a apatia que tenho visto por parte da maioria da Igreja Evangélica Brasileira. Enquanto a Igreja Católica lutava embasada pela Teologia da Libertação nos tempos de Ditadura, os evangélicos estavam submissos. O Brasil protesta e a maior parte do evangelicalismo limita-se a apenas observar tudo com ar de desconfiança. Por outro lado, alguns cristãos protestam de uma forma que envergonham o nome de Cristo.
De forma direta, com o tom dos gritos das ruas:
O texto de Romanos 13, usado por muitos para justificar a própria apatia e condenação dos envolvidos nas manifestações, se analisado em seu contexto, não reprova protestos públicos ordeiros por parte do povo. Como a história nos conta, os primeiros a reivindicarem a abolição da escravatura foram cristãos protestantes. Martim Luther King, um dos maiores nomes contra a segregação étnica nos EUA era um pastor evangélico.
O uso de força e violência, ainda que justificado por algumas correntes ideológicas, não são coerentes com a ética cristã.
O protesto nas ruas por parte dos cristãos, sem o cumprimento do imperativo bíblico de I Tm 2:1-2, é no mínimo uma inversão de ações e também pecado e incoerência.
Lutar contra a corrupção dos governantes, não lutando diariamente contra nossa corrupção interior é hipocrisia. Buscar justiça social sem averiguar como anda sua própria justiça é tolice.
Nossa primeira cidadania é a celestial, isso não nos exclui do exercício da cidadania terrena, ao contrário, nos convida a dar o exemplo de “como fazer”. Com caráter, oração e ação persistente!
Pra cima deles Brasil!