Quando a Bíblia fala na salvação do pecador o que está em foco é muito mais do que simples livramento de perigos iminentes, pois é sobretudo a restauração do pecador caído para que nele se cumpra o propósito eterno de Deus de ter muitos filhos semelhantes a Jesus Cristo.
Somos a rigor salvos de nós mesmos, de nossa condição de miséria e de morte espiritual e eterna.
Somos livrados de uma inclinação constante para o mal para nos inclinarmos para o bem e para tudo o que se encontra na natureza de Deus.
Jesus nos livra do pecado; do consequente estado de morte espiritual que se transforma em morte eterna quando morre o corpo; e da também consequente ira, da condenação , e do juízo eternos de Deus; da servidão ao diabo; das enfermidades do corpo e da alma; da maldição da Lei – mas além disso Ele nos purifica, santifica, nos reveste de Suas próprias virtudes, nos reconcilia com Deus e nos torna seus filhos amados, e nos faz herdeiros juntamente com Ele de toda a glória que Ele possui no céu.
Para este propósito, desde que houve a queda do primeiro casal no pecado, Deus sujeitou a criação à vaidade, ao vazio, à maldição de ter que enfrentar tantos males e tribulações. Pode parecer um paradoxo, mas se não fosse por isto, jamais seríamos resgatados de nossa condição de orgulho e rebelião contra a justiça e a santidade.
Necessitamos das tribulações para sermos tornados humildes e vermos o quanto dependemos da graça e da misericórdia de Deus.
Para além das tribulações há os braços estendidos de um grande Pai de amor, que deseja que estejamos conscientes de nossa plena aceitação por Ele, apesar de sermos pecadores, por causa da visitação em juízo dos nossos pecados em Jesus.
Ele nos amou tanto que nos deu o Seu próprio Filho Unigênito, sem qualquer mancha ou pecado, cheio de glória e majestade, para que pudesse morrer a nossa morte, e assim tivéssemos acesso a tudo o que havíamos perdido por causa do pecado, e que Ele havia planejado para nós, para toda a eternidade.
Daí ter sido anunciado pelo anjo à virgem Maria que aquele que nela seria gerado pelo Espírito Santo era o eterno Yeshua (em hebraico), que significa o Salvador, ou Aquele que salva. No texto original grego esta palavra foi transliterada para iesous, de onde também por transliteração vem o nosso Jesus em português.
Ele, que é o Grande Eu Sou (YWHW – hebraico) juntamente com o Pai e o Espírito Santo, tomou este nome por causa do trabalho de livramento e restauração que Ele operaria em favor da humanidade, pois a salvação inclui tanto uma coisa quanto outra.
Muitas são as operações que estão vinculadas à salvação que Jesus veio consumar. Antes de tudo a eleição, depois a chamada, o convencimento do Espírito, a justificação, a regeneração, a santificação e por fim a glorificação.
Que grande trabalho de paciência e sabedoria eterna está envolvido em tudo isto.
Quem seria suficiente para tanto – algum homem ou anjo?
A resposta óbvia é não. Senão somente Deus de Deus, feito perfeito homem, nascido em corpo de homem, poderia realizar uma obra tão maravilhosa, celestial e espiritual.
Não temos um Salvador que foi estabelecido na hora da nossa emergência, mas Alguém que foi designado para tal antes mesmo da fundação do mundo. Alguém que foi anunciado por muitas profecias no Velho Testamento, e até mesmo nos dias anteriores a Moisés, como a promessa feita a Adão do descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente, e a feita a Abraão de abençoar no Seu descendente (Cristo) todas as nações da Terra.
Outro ponto importante a ser considerado na salvação é que ela é segura e firme. Nada pode apagá-la ou destruí-la. É uma obra de caráter eterno para adentrar a eternidade, assim como é eterno o nosso Salvador e Senhor.
O crente está firmemente seguro na graça que lhe foi concedida em Jesus para nunca mais ser daí removido de uma forma final. Ainda que caia será levantado pelo poder do Senhor, porque tem prometido não lançar fora por motivo algum a qualquer que tenha sido salvo por Ele.
E de tantas que são as profecias que temos em relação a esta salvação no Velho Testamento, não teríamos espaço suficiente para aqui enumerá-las, senão citar apenas algumas no anexo em que apresentamos vários textos relativos a este assunto.
Cabe lembrar que todo o mobiliário do tabernáculo, o ofício dos sacerdotes, profetas e reis, os sacrifícios de animais do Velho Testamento, tudo isto era uma figura, um tipo, do grande Salvador que se manifestaria ao mundo na plenitude dos tempos.
Pr Silvio Dutra