“ Amo o Senhor, porque ele ouve a minha voz e as minhas súplicas.
Porque inclinou para mim os seus ouvidos, invoca-lo-ei enquanto eu viver.
Laços de morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; caí em tribulação e tristeza.
Então, invoquei o nome do Senhor: ó Senhor, livra-me a alma.
Compassivo e justo é o Senhor; o nosso Deus é misericordioso.
O Senhor vela pelos simples; achava-me prostrado, e ele me salvou.
Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo.
Pois livraste da morte a minha alma, das lágrimas, os meus olhos, da queda, os meus pés.
Andarei na presença do Senhor, na terra dos viventes.” – Salmos 116:1-9
O salmista havia experimentado a bondade de Deus para com ele na resposta que recebeu à sua oração.
Ele, em sua aflição, havia implorado humilde e sinceramente pela misericórdia de Deus, e o Senhor o ouviu, e deu paz ao seu coração.
Deus condescende em se inclinar para atender ao clamor dos aflitos e contritos de espírito. O que dificilmente o homem poderoso se dispõe a fazer, o Rei dos reis e Senhor dos senhores tem prazer em fazer, para atender ao menor de todos os pecadores que recorra a ele em busca de socorro e alívio.
O sofrimento do salmista era assaz extremo porque diz: “Laços de morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; caí em tribulação e tristeza.”, mas não se entregou ao desânimo em seu abatimento de alma, senão buscou ao Senhor com a convicção de que somente nele acharia descanso, paz e livramento daquela terrível aflição em que se encontrava.
Fizera isto porque estava experimentado nos socorros que recebera do Senhor no passado, de modo que havia decidido invocá-lo enquanto vivesse neste mundo. Estava convicto do amor que o Senhor tinha por ele, assim como ele também o amava, e bem conhecia o seu caráter bondoso, misericordioso, justo e compassivo.
Sabia que os olhos do Senhor estão continuamente postos sobre os que são humildes de espírito para levantá-los de suas prostrações de alma, com a sua poderosa salvação, verso 6. Este é o teor dos Salmos, bem como de todas as Escrituras, a saber, que Deus socorre e se compraz nos que são quebrantados de espírito.
Nada vemos de declarações de ousadas asseverações de que ele está obrigado a atender os nossos pedidos e a honrar a nossa fé. Nada vemos de afirmações ousadas de tomarmos posse das bênçãos que merecemos e que nos são devidas por Deus como um direito que temos para reclamar junto a ele em nossas orações.
Quanto isto está distante do espírito e tom das Escrituras, que nos apresentam como pessoas dependentes inteiramente da misericórdia e da graça de Deus.
Moisés que o diga. Davi que o diga. Paulo e Pedro que o digam. E todos os santos que o digam.
Todas as promessas que Deus nos tem feito, e não as coisas que declaramos serem devidas por ele a nós, são para serem obtidas com a mão humilde da fé, e com base nos méritos exclusivos de Jesus Cristo, por cuja causa, e em nome de quem somos recebidos e atendidos pelo Pai.