Toda a verdadeira vida espiritual procede da virtude e graça de Jesus Cristo operando em nós. Mas não podemos ter isto caso não estejamos de fato unidos a ele por meio da fé.
Esta condição de pertencer a Cristo e de estar em Cristo é indicada em várias passagens bíblicas pelo preposição “em” que indica à relação de lugar e tempo a determinado sujeito ou objeto. No caso a que nos referimos o sujeito é o próprio Jesus Cristo. Daí ser muito comum encontrarmos expressões como as seguintes: “nEle, estais aperfeiçoados”, Col 2.10; “somos justiça de Deus nEle”, II Cor 5.21; “nEle radicados, e edificados e confirmados na fé”, Col 2.7; “Nele, também fostes circuncidados”, Col 2.11; “Todo aquele que permanece nEle não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu.”, I Jo 3.6; “Nisto conhecemos que permanecemos nEle, e ele, em nós: em que nos deu do seu Espírito.”, I Jo 4.13.
À luz destas citações podemos ver que é totalmente vã aquela religiosidade que consiste em todo tipo de cumprimento de dogmas e práticas de cunho ascético ou não, quando não somos convertidos a Cristo, ou quando, apesar de pertencer a ele, não estivermos em comunhão com Ele, em razão, especialmente por negligência na prática da Palavra, da vigilância e da oração.
Sem esta união com Cristo e sem o desfrutar de íntima comunhão diária com ele, no Espírito, será vão portanto, até mesmo se esforçar em frequentar os cultos públicos de adoração; abster-se de alimentos para fins religiosos; guardar dias especiais considerados santos pela tradição religiosa; julgar aqueles que andam conforme a nossa regra, em razão de termos uma pretensa humildade baseada em práticas religiosas anti ou não bíblicas – provindas na verdade do orgulho espiritual de uma mentalidade carnal.
É também de pouco ou nenhum proveito, deixar de usar ainda que de forma não abusada de qualquer meio lícito de comunicação (TV, Internet, etc), por considerar que é assim procedendo que se agrada a Deus, e por toda e qualquer outra prática, que viermos a considerar como sendo necessária a uma verdadeira santificação. Digo isto porque conheço pessoas que afirmam não assistir qualquer programação na TV, não assistir qualquer filme, e que pensa que Internet é coisa do diabo, e que na verdade, sequer tiveram um encontro pessoal com Cristo, ou seja, não são convertidas de fato. Não se vê nelas aquelas evidências que existem em todos os convertidos, e portanto, não podem ser participantes da santificação, porque sequer o foram da justificação e da regeneração. O Espírito Santo primeiro regenera, e depois santifica.
Cristo é a nossa santificação. É na comunhão com ele que somos santificados. Fora da operação real e poderosa da sua graça em nós, não há qualquer santificação. E sem isto, não há qualquer religião verdadeira, porque esta significa ser religado ou reconciliado com Deus.
Daí a recomendação do apóstolo Paulo:
“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo. Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus. Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade.” – Colossenses 2:16-23