Se nossa salvação por Jesus Cristo tivesse o simples objetivo de nos fazer prósperos neste mundo, em relação ao que é material e terreno, que diferença haveria entre o que serve a Deus e o que não o serve? Afinal, prosperidade mundana não é algo que sempre foi visto em maior escala entre aqueles que não são crentes?
E não os crentes neste mundo, muito mais afligidos com tentações e tribulações do que os ímpios?
Então teríamos motivo de nos gloriar em prosperidade terrena, mesmo quando a recebemos por uma intervenção direta da parte de Deus?
O fato de recebermos estas provisões materiais e terrenas é uma garantia de que estamos vivendo de fato de modo agradável a Deus?
É possível ser livrado de perigos, curado de enfermidades e obter provisões materiais, e ainda assim sermos achados dignos dos juízos divinos por conta de uma vida espiritual negligente?
Nós vemos no sétimo capítulo de II Reis que o Senhor havia aberto as janelas do céu aos israelitas livrando-os da opressão dos sírios e provendo-lhes mantimentos do próprio despojo deles, mas no oitavo capítulo nós vemos que as janelas foram fechadas logo depois, em face da falta de arrependimento dos israelitas.
Por isso é necessário ter muito cuidado para não formularmos doutrinas a partir de porções isoladas da Bíblia, porque alguém poderia ensinar contra a verdade das Escrituras que o Senhor sempre abre as janelas do céu para o Seu povo, em razão de estar vivendo na dispensação da graça, e ainda que este ande contrariamente com Ele, e se valha do evento narrado no capítulo sétimo do livro de II Reis para formular tal doutrina.
Entretanto, ainda que seja verdade que a mão do Senhor não está encolhida, a ponto de não poder suprir as necessidades do Seu povo, mesmo quando este não Lhe é fiel, todavia, esta condição de infidelidade não Lhe agrada, e não é de modo nenhum um caminho para se desfrutar das Suas bênçãos espirituais e da intimidade com Ele, pois isto demanda santidade de vida.
Muito ao contrário, é um caminho para nos colocar debaixo dos Seus juízos, conforme podemos verificar pelo que se narra logo no início de II Reis 8, de que Ele trouxe uma fome de sete anos sucessivos à terra de Israel, conforme havia prometido, desde os dias de Moisés, que o faria, em face da infidelidade deles.
Uma penúria espiritual não saciada pela falta de provisões por um comando neste sentido, que parta do céu, tem sido a condição de muitos verdadeiros cristãos, por causa da sua infidelidade para com o Senhor, pelo descumprimento voluntário dos Seus mandamentos, transgredindo assim a aliança que têm com Ele, por meio do sangue de Jesus, que foi derramado para que pudessem ser reconciliados com Deus, e viverem em santidade perante Ele.
Deus chama o Seu povo a uma reforma e obediência permanente, através dos Seus ministros, como fizera no caso dos israelitas através do ministério e vida de Eliseu; nos de Jacó e seus filhos através do ministério e vida de José; e nas diferentes épocas da história de Israel através de Moisés, Josué, Samuel, Davi, Elias, Eliseu, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Esdras, Neemias, e de todos os profetas que são nomeados na Bíblia, e Ele continua chamando a Igreja através do ministério deles, por tudo o que ordenou que fosse registrado na Sua Palavra para nossa advertência, como também pelo próprio Cristo e pelos Seus apóstolos e ministros, ao longo de toda a história da Igreja.
A carne e o mundo exercem um terrível atrativo sobre os servos do Senhor, e eles podem julgar erroneamente que não há uma vida espiritual de santidade, de fidelidade, de obediência aos Seus mandamentos, para ser vivida, em face do grande apelo e impressão que a carne e o mundo exercem sobre eles.
Mas somente um Noé é o instrumento de condenação de toda uma geração.
Não mais do que um Abraão é necessário para demonstrar que há uma vida celestial e uma vontade celestial para ser obedecida.
A própria vida deles grita bem alto, tal como a de Elias e Eliseu em Israel, dizendo: “Desperta tu que dormes!”. “Volta-te para o teu Deus!”. “Abandona o teu pecado e consagra a tua vida!”.
Felizes são aqueles que podem ouvir o que o Espírito diz à Igreja, e que não somente ouvem, mas que se dispõem a obedecer o que Ele está lhes dizendo, especialmente através da boca dos apóstolos e profetas do Senhor, a quem Ele inspirou a escreverem suas palavras para serem registradas na Bíblia.
Porque se esta chamada à reforma que Ele faz pela boca dos Seus ministros não é obedecida pelo Seu povo, se ela não é devidamente considerada, o que se pode esperar é que o Senhor trará sobre eles algumas formas de juízos, para que os Seus ministros sejam ouvidos.
Foi por isso que Ele trouxe aquela fome de sete anos a Israel, porque apesar de lhes ter falado pela boca de Eliseu, e dos seus demais profetas, e principalmente pela Lei de Moisés, continuaram endurecidos em seus pecados e não se arrependeram, convertendo-se ao Senhor.