Muitos falam de Davi. A febre em torno deste monarca atingiu os brasileiros de tal forma que temos de tudo: escola com seu nome, livros com seu nome, cds com seu nome, ministérios com seu nome, enfim.. quem não quer ser como Davi “homem segundo o coração de Deus??!!!. Quem não quer, numa geração que é caracterizada pela falta de paternidade ser um monarca rico, importante, famoso a ponto de fazer história e marcar sua nação; possuidor do melhor que o dinheiro pode comprar e ainda por cima levar a marca do selo divino autenticando seus atos?? Quem não quer ser ungido? Quem não quer ser amado? Quem não quer ser cantado pelas multidões? Amado e respeitado? Quem??
Mas o interessante é observar que ninguém reina sozinho. Ninguém consegue chegar lá sem ser apoiado, afirmado, fortalecido. Ninguém será ungido sem que alguém derrame sobre ele o óleo. Ninguém usará uma “capa” sem alguém antes se despir da sua. E é exatamente esta classe de pessoa que anda em falta no “mercado gospel”. Na nossa safra sobram Davis e faltam Jonatas. Sobram pessoas que querem o trono (ainda que dizem que é para dar glória ao Senhor) não vou entrar no mérito da questão, Deus julgará todos os desígnios e propósitos dos corações, porque afinal, com certeza de Deus ninguém zomba.
Mas voltando a nossa questão inicial hoje vou mudar o tema. Não vou falar da pessoa que sempre se da bem no reino, vou falar daquele que arrisca sua vida, sua família, seu status, sua dignidade para que outro seja levantado. Vou falar de alguém que dá sua capa e suas armas em nome do amor. Alguém que sai da zona de conforto e vai para trás da moita, de onde envia informações que mantêm vivo aquele que vai ocupar o lugar que por “direito” seria seu. Alguém cujo nome muitos acham bonito mas cuja renúncia e entrega poucos querem imitar: Jonatas foi um homem singular. Seu amor e abnegação foi cantado pelo poeta, mal interpretado pelos tendenciosos e pouco imitado pela grande maioria dos cristãos.
Não falamos de Jonatas nos nossos púlpitos. Tudo bem, ele desobedeceu seu pai, atraiu maldição sobre si e morreu no campo de batalha de forma muito degradante. Quem, nestes tempos pragmáticos e individualistas vai querer seguir tal exemplo? Não podemos perder tempo. Não temos tempo para os perdedores. Ainda que eles são necessários para que outros se tornem vitoriosos. Eles são apenas um “acidente de percurso”. Será? Poderíamos mesmo dizer que Deus vê as coisas assim?
Que tipo de amigo você escolheria para si? Alguém como Davi ou como Jonatas? Falamos muito de Rute como exemplo de amor, abnegação e amizade desinteressada. Tudo bem, ela é mesmo. Mas onde entra Jonatas? Afinal se fossemos falar de abnegação quem realmente negou mais? Quem acompanhou a pessoa que estava perdendo e a serviu ou quem tendo a oportunidade de matar seu concorrente o amou, apoiou, defendeu e o levantou?
Vamos ser sinceros conosco mesmos? No lugar de Jonatas o que você faria? Ficaria com aquela voz divina que te manda renunciar e sofrer o dano ou usaria de todos os meios cabíveis para “apagar” àquele que brilha mais que você? Afinal somos todos reis e sacerdotes não é verdade?
Não está muito em voga essa pregação fatídica de servidão, preferir o outro em honra, se alegrar quando Deus levanta o outro e você é o degrau onde ele se apóia.
Não, nós não queremos saber da kénosis (esvaziamento), não, queremos ser cheios. Cheios e cada vez mais. Não queremos lavar os pés, queremos as plataformas. Um verdadeiro avivamento virá quando a verdade for a bandeira do mercado gospel e quando começarmos a deixar fluir justiça e juízo de nossas vidas. Estamos prontos para tão grande empreendimento?
Pense nisso..
Cleonice Russo
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Fonte: Adorando