“Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.” (2 Timóteo 2.22)
As paixões naturais da mocidade não são para serem seguidas, mas contidas, ao que o apóstolo chama de “fugir das paixões”.
Como a época da juventude é indizivelmente importante, por isso está exposta a perigos peculiares. De fato, cada período da vida tem suas próprias provações e tentações. E como este é um mundo de provação, seria estranho se não houvesse tentações adequadas para cada idade e condição de vida. Pois as virtudes são forjadas em nós especialmente pelo meio de se vencer as tentações e suportar as provações. O soldado é provado e aperfeiçoado no campo de batalha. E assim, os jovens cristãos o são de igual forma através das vitórias que obtêm sobretudo sobre as próprias tentações e provações.
O modo indicado pelo apóstolo para que o jovem se mantenha guardado das paixões naturais a esta faixa de idade, é seguindo a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.
O mal do pecado é como um veneno mortal que age independentemente de termos consciência ou não de que o estamos tomando.
E quão comum é se tomar tal veneno na fase da juventude, por não ter ainda o jovem todas as suas faculdades exercitadas e amadurecidas para discernir tanto o mal, quanto o bem, da maneira adequada.
A explosão de sentimentos e de emoções, e a grande energia pertinente a esta fase da vida, apresentam-se como grandes dificultadores para se ser sóbrio e moderado conforme exigido de todos por Deus, independentemente da faixa etária, uma vez atingida a idade da consciência.
Deus tem regido o universo e deve reger nossas vidas por meio de suas leis fixas. Sobretudo, o nosso comportamento deve ser regido por suas leis espirituais e morais, mantendo-nos nós em nossas respectivas órbitas. Todavia, há em todos uma predisposição natural para violar estas leis, seja por negligência, ignorância ou voluntariamente.
O descuido e negligência quanto ao dever de se seguir estas leis divinas conduz ao desperdício da graça que nos está sendo oferecida em Cristo para nos capacitar ao cumprimento do dever referido.
De certo modo os jovens são também reféns de sua própria época, porque quando se multiplicam os maus exemplos, eles se espelham naqueles que elegeram como ídolos para serem imitados, e na falta de modelos apropriados, seguem aqueles que mais excitem suas emoções e seus sentimentos.
E assim somente a determinação de nadar contra a correnteza de suas disposições naturais, poderá lhes dar a vitória, por seguir, de modo prático, a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.
Seguir bons exemplos demanda então estar em companhia de quem invoca o Senhor com um coração puro, e não em más companhias.
Não há força natural em nós, para nos dispor a estarmos satisfeitos na companhia de outras pessoas que buscam se santificar e adorar a Deus com um coração puro, mas a nossa sinceridade em buscar este objetivo em oração fará com que a graça de Cristo nos seja disponibilizada para nos dar a força necessária para isto.
Temos visto em linhas gerais que tudo o que é bom e agradável a Deus deve ser obtido mediante esforço, sim, com grande diligência, e sem uma mente e espíritos exercitados na disciplina do Espírito Santo e na Palavra do Senhor, será impossível acertar o grande alvo da vida, que temos dele recebido.
Não é de se admirar portanto que especialmente os jovens estejam tão mais predispostos a serem dominados por vícios, porque estes se instalam onde falta diligência para um viver correto, que é sempre trabalhoso e exigente de todo o empenho de nossa atenção e faculdades, quer da corpo, da alma ou do espírito.
Os vícios chamam ao que é repetitivo e fácil, ainda que cause a nossa destruição pessoal, não somente por ocuparem a maior parte do nosso tempo, como também por nos desviarem daquele comportamento aprovado que deveria ser visto em nós, bem como por nos incapacitarem a um viver diligente, sóbrio, disciplinado, e reto.
O padrão da medida de comportamento que devemos seguir não se encontra no mundo, em outros, nem em nós mesmos, mas somente em Cristo e na Sua Palavra.
Tudo deve ser medido por este padrão, e não por nossos sentimentos, por mais sinceros e agradáveis que possam nos parecer. Se não estivermos conformados à vontade de Cristo, o fruto de nossos pensamentos e ações não podem ser bons e aprovados.
Sem a justiça, a fé, o amor e a paz do evangelho de Cristo, existindo e crescendo em nossos corações, jamais poderemos ver vencidas as paixões da mocidade, ou quaisquer outras.
O mal somente pode ser vencido com o bem. Votos e compromissos assumidos de forma verbal quanto a uma melhoria dos nossos modos não serão eficazes por si só, e durarão pouco tempo, enquanto estivermos sob o domínio das paixões que nos têm governado.
Se não nos entregarmos ao trabalho progressivo da graça na destruição destas paixões nunca poderemos ver um bom fruto sendo produzido em nós, no lugar dos maus hábitos, tentações e influências que nos prendem.
Somente quando a Palavra de Cristo estiver habitando ricamente em nossos corações poderemos estar certos da vitória.
“De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra.
De todo o coração te busquei; não me deixes fugir aos teus mandamentos.
Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti.” Salmos 119:9-11