“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo.” (I Pe 5.8,9)
Há muitos que negam as influências do Espírito Santo. Não é de admirar, portanto, se a agência de Satanás seja posta em dúvida. Mas há abundante prova nas Escrituras que Satanás exerce um poder sobre as mentes dos homens. Pedro havia aprendido esta verdade por uma amarga experiência.
Satanás é o grande adversário da humanidade. Foi ele que causou a queda de nossos primeiros pais, Gên 3.1-5. Ele tem exercido uma influência semelhante sobre todos os seus descendentes. Ele ainda mantém sua inimizade contra a semente da mulher, Gên 3.15. Ele é corretamente comparado ao “leão que ruge”. O leão caça as suas presas com sutileza.
Ele é assim apresentado por Davi em sua descrição dos ímpios, Sl 10.9,10. Satanás também usa vários dispositivos para destruir as almas, Ef 6.11. Ele adapta as tentações que nos faz com um trabalho surpreendente: ele nos atrai para o seu laço antes que estejamos conscientes de seus projetos.
O leão vai muito longe em busca de sua presa, e Satanás anda para lá e para cá ao longo da terra: ele não abandona os seus esforços dia e noite, Apo 12.10. Ele é mais diligente quando sabe que seu tempo é limitado! Ele tem legiões de emissários atuando em conjunto com ele, Mc 5.9. Se em algum momento ele suspender seus ataques, isto é apenas por uma temporada, para que ele possa retornar mais tarde com maior vantagem.
O leão pouco se importa com as agonias que ele ocasiona; nem Satanás tem qualquer compaixão pelas almas que ele destrói.
O animal selvagem mata para satisfazer os apelos da natureza, mas o nosso adversário não colhe qualquer benefício da destruição dos homens. Seu esforços servem apenas para aumentar sua própria culpa e miséria, e ainda assim ele é insaciável na sua sede de nossa condenação.
É fraca a resistência de um cordeiro contra o leão voraz: ainda mais impotentes são os homens diante do “príncipe deste mundo”. Os ímpios estão totalmente submetidos à sua vontade; e nem os santos têm o menor poder de resistir a ele, se Deus não livrá-los de suas mãos.
Por isso não podemos deixar de desejar conhecer os meios de derrotá-lo. Nosso adversário, apesar de forte, não é invencível. Existe um mais forte do que ele, que pode vencê-lo, Lc 11.21,22; e Deus tem prescrito meios pelo quais nós também podemos vencê-lo.
A Moderação é um destes meios.
Um apego indevido às coisas do mundo lhe dão uma grande vantagem sobre nós. Ele não deixará de nos assaltar em nosso lado fraco, mas uma moderação em alguma medida, relativa ao mundo, irá desarmá-lo. Ele não prevaleceu contra nosso Senhor, porque ele não encontrou nenhuma afeição irregular nele, nem ele poderia facilmente nos vencer, se formos desapegados das coisas terrenas.
Um desprezo da vida tem sido o meio principal pelo qual os santos e mártires em todas as épocas triunfaram sobre ele.
A Vigilância é outro meio importante para vencê-lo.
A falta de vigilância, mesmo em um exército vitorioso, o expõe à derrota: muito mais do que isto, ficamos sujeitos ao poder de nosso inimigo sutil, se nos faltar vigilância. Pedro tinha experimentado seus efeitos perniciosos. Ele tinha sido avisado da intenção de Satanás assaltá-lo. Jesus lhe tinha ordenado para orar e vigiar para não cair em tentação, mas ele dormia quando ele deveria estar orando.
Ele agiu quanto a isto como a mulher de Ló, que se tornou um monumento de alerta para as futuras gerações, mas a vigilância de nossa parte irá contrariar os desígnios de Satanás. O cristão armado, vigiando em oração, será vitorioso. A Perseverança também é importante.
O cristão tímido cai em mil laços, Prov 29.25. A única maneira de obter a vitória é lutar corajosamente, e isso é o dever de todo seguidor de Cristo. Nunca devemos dar lugar a Satanás, Ef 4.27. Somos chamados a lutar e a enfrentá-lo; e nunca a nossa resistência será em vão, Tg 4.7. A Fé deve ser também destacada.
A incredulidade é um poderoso instrumento nas mãos de Satanás. Ele a estimula em nós para nos afastar da fé; nós devemos, portanto, manter firmes as doutrinas da fé. Não deveríamos prejudicar a nós mesmos por nos deixarmos mover da esperança do Evangelho, porque esta é a nossa âncora pela qual devemos superar a tempestade, Heb 6.19. Nós devemos também exercitar firmemente a graça da fé. Esta é a arma pelo qual vencemos o mundo; I Jo 5.4, e por isso triunfaremos sobre o próprio Satanás.
Texto de Charles Simeon, em domínio público, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.