Quando falamos em adoração coletiva como igreja, logo imaginamos um grupo de louvor que “conduz a igreja à adoração”, e freqüentemente imaginamos estes grupos como tendo uma atuação levítica ou sacerdotal. Não há como negar que os que exercem tais funções (ministros de adoração, músicos, cantores, operadores de som, etc) são de fato sacerdotes. Mas isto não é privilégio somente de tais.
A palavra de Deus nos ensina que todos os que se entregaram a Cristo foram incluídos no corpo de Cristo, e imediatamente tornaram-se sacerdotes. Isto coloca todos os remidos em condição de igualdade perante o Senhor.
O trono da graça está disponível a todos, não apenas aos ministros, pastores e líderes (Heb 4:14-16). Cada um de nós, esteja ou não sobre uma plataforma ou púlpito, é um sacerdote, sendo também inteiramente responsável pela adoração que está prestando ao Senhor (tanto o líder ou ministro, quanto os demais irmãos presentes).Assim sendo, um ministro ou líder de louvor não precisa carregar um fardo que não é dele, quando por algum motivo a congregação “não está alegre”, o louvor “não flui”, ou a igreja “não responde”… até mesmo porque, quando isso ocorrer, o líder ou ministro poderá cair no erro de tentar “resolver” a coisa por conta própria.
Bom, se todos os cristãos tem acesso ao Pai e são sacerdotes, conclui-se que o papel dos ministros e líderes de louvor não seria exatamente o de “levar a congregação ao Pai”, e sim serem participantes e facilitadores no processo de todos irem juntos, como corpo, à Sua presença e adorá-Lo. Sempre é bom lembrar que adoração não se resume apenas à música, nem ao momento de cânticos congregacionais; podemos adorar com várias outras artes, gestos, em um momento de contemplação, etc; não dependemos de instrumentos ou outras ferramentas; e acima de tudo, devemos adorá-Lo com as nossas vidas.
O estudo do livro de Hebreus é fundamental para o entendimento da nossa posição em Deus como sacerdotes. Jesus Cristo, que não era descendente de Levi, tornou-se sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, e não de Arão (Heb 5:7-10), fazendo com que ocorresse uma mudança de ordem sacerdotal (Heb 7:11-16). Isto significa que foi inaugurado um novo pacto, uma nova aliança – sendo esta nova aliança superior à anteriormente vigente.
A ordenança anterior é revogada, porque era fraca e inútil – pois a Lei não havia aperfeiçoado coisa alguma – sendo introduzida uma esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus. Jesus tornou-se, por isso mesmo, a garantia de uma aliança superior. (Heb 7:18, 22)
Foi inaugurado um novo pacto. As leis do Senhor passam a ser escritas em tábuas de carne em nossos corações, e não mais em tábuas de pedra. Por exemplo:
No pacto anterior, um dia da semana era do Senhor. No novo pacto, todos os sete dias são dEle.
No pacto anterior, o Senhor tinha “direito” a 10% de tudo. No novo pacto, 100% do que temos é dEle (mesmo a quantia que não entregamos para a obra é dEle).
No pacto anterior, era necessário sacrifícios de animais para remissão de pecados. No novo pacto, o sacrifício de Jesus nos garante o perdão de todos os pecados.
No pacto anterior, era preciso que os sacerdotes conduzissem o povo até Deus, representassem o povo diante de Deus. Hoje, no novo pacto, todos os cristãos têm este acesso, e não precisam mais de mediadores humanos!
Graças ao Senhor por esta esperança superior que nos foi dada. É por meio da graça (o novo pacto) que podemos, individualmente, nos aproximarmos de Deus, sem mais necessidade de outro mediador além de Jesus Cristo (Heb 7:24-27 e Heb 8:6-7). Deus por sua infinita misericórdia estabeleceu um meio para que os homens pudessem chegar até Ele. O caminho está estabelecido, e a qualquer momento, podemos entrar em sua presença. Temos as leis do Senhor escritas em nossos corações. O Senhor permitiu que todos pudéssemos simplesmente ir e conhecê-lo. Todos os remidos são sacerdotes!
Se examinarmos todas as regras sacerdotais da Lei de Moisés e catalogarmos todos os atos ali especificados, poderíamos resumir as funções sacerdotais em duas palavras: ADORAÇÃO e INTERCESSÃO. Ora, se hoje todos os cristãos necessariamente são sacerdotes, isto significa que todos são responsáveis por adorar e por interceder. Sabemos que existem dons e talentos específicos que o Senhor dá, porém, como cristãos, nossa “função sacerdotal” deve incluir momentos de adoração e intercessão.
Nos nossos dias temos visto e ouvido muito ensino sobre adoração, e da mesma forma, muitos eventos e reuniões cujo foco é a adoração – o que é muito bom. Mas por outro lado, vemos que o outro grande pilar de nosso sacerdócio (a intercessão), está sendo um pouco negligenciado em boa parte de nossos arraiais. Precisamos interceder pelas necessidades de nossos irmãos; e precisamos entender que temos uma responsabilidade diante de Deus (adorar e interceder), responsabilidade esta que não se torna menor mesmo que existe um ministério específico de adoração ou de intercessão na igreja onde congregamos.
Por estes princípios bíblicos contidos em Hebreus, entendemos que o irmão que está dirigindo a adoração no culto é tão sacerdote quanto o irmão que está na congregação, que é tão sacerdote quanto o líder do grupo de intercessão. Diante de Deus, somos todos filhos, sacerdotes e igualmente especiais.
“Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias”, diz o Senhor. “Porei minhas leis em sua mente e as escreverei em seu coração. Serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará o seu próximo, nem o seu irmão, dizendo: ‘Conheça o Senhor’, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior. Porque eu lhes perdoarei a maldade e não mais me lembrarei dos seus pecados” (Hb 8:10-12)
Se compreendermos que todos os remidos pelo Senhor tornaram-se sacerdotes (e todas as implicações desta verdade), entenderemos um pouco mais sobre nosso chamado e nosso ministério se tornará mais frutífero.
Que Deus nos abençoe,
Helder Assis
Membro da Igreja Evangélica Capela do Calvário e Integrante da banda Sacrifício Vivo ( www.sacrificiovivo.com )