Sabemos que um dos papéis mais importantes da Paternidade é dar identidade ao filho, por isso, Deus Pai tem liberado palavras que estão restaurando direção e identidade em nossas vidas. Considero essa mensagem como uma dessas palavras pelo fato de tratar de uma das crises mais comuns em nossa caminhada. Porém, o fato de ser comum, não significa que deve ser aceita como algo normal, por isso vemos que a partir do capítulo três de Êxodo, Deus estabelece uma direção clara, uma verdade para Moisés, confirmando: “Eles ouvirão a sua voz”. Mas na continuidade vemos que Moisés não tinha essa mesma certeza, respondendo: “Eis que não crerão, nem acudirão à minha voz”.(Êxodo. 4.1). Moisés passava pelo que chamamos de “Crise de Credibilidade”. E ao contrário do que pensamos na maioria das vezes, cremos que o principal fator causador dessa crise estava dentro dele. Moisés tinha um histórico e frustrações passadas, e isso lhe trazia insegurança, impedindo-o de assumir uma responsabilidade presente.
Quando pensamos em “crises”, precisamos entender que entramos em crise quando as coisas saem de controle, e justamente esse era o perfil de Moisés, um homem que acreditava em uma promessa libertadora, mas todas as vezes que fez uso do controle, perdeu o controle da situação. Por esse motivo, a crise na maioria das vezes vem seguida de fuga, por isso, do palácio foi encontrado por Deus no deserto solitário, depois de mais ou menos 40 anos, um tempo que significa “preparação”. A grande lição é que Moisés não estava tão preparado quanto achava. Devemos atentar para isso, pois ao vermos Moisés em crise dizendo “eles não me ouvirão”, temos a impressão que ele é uma humilde vítima dentro dessa situação de reprovação popular, porém, esse discurso de humildade, tinha raízes de orgulho. Essa crise de credibilidade era fruto da quebra de um conceito elevado demais sobre ele mesmo e ela na verdade começou a acontecer quando Moisés se deparou com uma situação em que achou ter mais crédito do que realmente tinha, passando a resolver do seu jeito.
Segundo Êxodo 2.11, Moisés já era considerado um homem, segundo Atos 2.22-23, era educado em toda ciência do Egito, poderoso em palavras e obras, e tinha a idade de 40 anos, que conforme o livro de Hebreus (11.24), representa o fato de já ser um homem feito, considerado socialmente maduro. O que isso significa? Moisés sentia um desejo íntimo de fazer algo por seu povo, talvez entendesse o propósito específico para sua vida, mas teria entendido o tempo e o modo de Deus para esse propósito? Eclesiastes diz que para todo propósito existe um tempo e modo, mas somente o coração sábio conhece o tempo e o modo. A verdade é que muitos têm entendido propósitos, mas têm se perdido no tempo e no jeito de fazer a obra de Deus. Moisés pode ter pensado que aquele era o momento, que já havia alcançado a maioridade, e talvez se sentisse “pronto”, mas as conseqüências de sua ação mostram que não estava “pronto”. Preste atenção! O fato de se sentir um homem pronto não significa que esteja maduro para o que Deus quer que realize. A crise de credibilidade existe, justamente quando primeiro tentamos fazer algo com nossas próprias forças, vendo que os resultados dessas realizações são frustrantes, tememos a possibilidade de fazer algo parecido de novo.
Aos 40 anos, considerado pelos homens, preparado, teve que ir para as regiões do deserto de Midiã, onde ficou de 39 a 40 anos, representado um tempo que seria ensinado e preparado por Deus para fazer algo não mais na sua própria capacidade, mas agora em Deus. O Número 40 representa um tempo de preparação, durante os primeiros 40 anos foi preparado segundo os padrões do Egito, porém, essa formação não foi capaz de torná-lo o libertador de Israel, pelo contrário, o fez cair em descrédito aos olhos de todos, por isso, passou agora por mais 40 anos, afim de ter algumas aulas importantes que certamente não teria no Egito, por isso, cremos que apesar de parecer estar fora, por conseqüência de um erro pessoal, Deus continuava no controle e seu propósito continuava de pé com relação a ele. Deus sempre transforma o mal em bem, sempre está investindo em nosso crescimento, por isso, não podemos mais tratar conseqüências de nossas frustrações – que representam expectativas pessoais não correspondidas – antes de tratarmos as verdadeiras causas de toda crise. Portanto, se Moisés achava não ter crédito, confiabilidade e prestígio, ele tinha bons motivos pessoais para isso. Você pode ser a pessoa certa, estar no lugar certo, no entanto, fazer a coisa errada na hora errada e isso sempre trará conseqüências, crise de credibilidade diante do chamado do Deus.
Precisamos entender com isso que no Reino de Deus não se presume, não se move sem direção e confirmação. Mas e se assim como Moisés, já nos movemos, pensando que estávamos prontos e nos frustramos? E se já deixamos um lugar de respeitabilidade e nos encontramos numa realidade solitária e deserta? E se como Moisés tememos a possibilidade de sermos chamados por Deus para fazermos algo parecido de novo? O que fazer se nossas frustrações afetaram nossa confiança? O que fazer com relação a desconfiança das pessoas com relação ao fantasma dos nossos erros passados? Entenda que Deus não nos descarta por causa dos nossos erros, mas como Pai, Ele nos ensina e nos prepara para fazermos do jeito certo, por isso, vemos nesse texto a forma profética como o próprio Deus resolve essa crise de credibilidade de Moises, tratando diretamente de três fontes de descrédito, culpa e medo. Ele aponta três inimigos da igreja, porém, dos quais descobriremos nosso “maior inimigo”. Entenda que toda crise da credibilidade será vencida quando vencermos as forças que se opõem ao que temos para realizar em Deus.
O primeiro Inimigo
A primeira fonte de descrédito, representada nesse primeiro inimigo que Moisés deveria vencer era a serpente. O texto de Êxodo 4.2 diz: “Então o Senhor lhe perguntou: Que é isso em sua mão? Uma vara, respondeu ele. Disse o Senhor: Jogue-a ao chão”. Moisés jogou-a, e ela se transformou numa serpente. Moisés fugiu dela, mas o Senhor lhe disse: “Estenda a mão e pegue-a pela cauda”. Moisés estendeu a mão, pegou a serpente e esta se transformou numa vara em sua mão. E disse o Senhor: “Isso é para que eles acreditem que o Deus dos seus antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó, apareceu a você”. Esse ato profético é sombra da autoridade que temos em Cristo Jesus hoje sobre o diabo! Preste atenção! Ao contrário do que temos pensado, nosso primeiro inimigo, não é necessariamente nosso maior inimigo. Não por algum mérito ou poder nosso, mas por aquilo que Cristo fez por nós. Por isso, 1 João 3.8 diz que Jesus veio para “destruir as obras do diabo”, e que sua vitória sobre o inferno é nossa vitória, por isso, 1 Coríntios 15.54-57 diz que a “morte foi tragada pela vitória”. Deus nos dá a vitória sobre a serpente através de Jesus Cristo!
E isso não é tudo! Em Romanos 16.19 Paulo fala de uma igreja que vive em obediência, devendo ser sábia para o bem e simples, ou seja, “akeraios” que significa algo “não misturado” para o mal. A partir dessa realidade de obediência e pureza, o Deus de Paz, em breve, ou seja, “tachos” que quer dizer com velocidade, esmagará satanás debaixo de nossos pés. Se quisermos esmagar Satanás sob nossos pés, precisamos entender que esta metáfora “sob nossos pés” é usada com um propósito específico. Significa que o poder de Satanás será quebrado através do nosso “andar”, ou seja, através de avançarmos espiritualmente em obediência e pureza, numa fé não misturada. Não se trata de um ato histérico de most
rar a satanás o número do solado de nossos calçados, mas se trata de uma realidade responsável, ou seja, pela maneira que eu vivo posso neutralizar todas as intenções do inferno e subjuga-lo em minha vida, se estou em obediência, vivo a realidade de cobertura do Reino.
Lucas 10.17, fala que os setenta discípulos que voltaram entusiasmados pelo fato dos espíritos malignos lhes submeterem pelo nome de Jesus, que responde imediatamente: ”Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago”. A impressão que tenho é que Jesus está dizendo, eu o conheço, sei quem ele é, seu poder e seu valor, e vocês precisam entender algo sobre isso: “Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano. Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus”. Jesus está ordenando valores na construção do ministério deles. Nós temos autoridade sobre a “serpente”, mas isso não é o mais importante, o mais importante é atentarmos para nosso nome no livro da vida. Satanás não deve ser o foco do nosso ministério. Temos uma posição em Cristo, e se de fato estamos Nele, nessa posição satanás está bem abaixo de nós.
Afinal quem deve fugir de quem? Tiago 4.7 diz: “Sujeitai-vos, portanto a Deus, mas resisti ao Diabo e ele fugirá de vós”, entenda isso, quando nos posicionamos com relação ao diabo ele se posiciona com relação a nós como igreja. A nossa firmeza resultará em sua fuga! Devemos nos posicionar com firmeza e resistência a suas ciladas e armadilhas, por isso, Efésios 6.10 diz que devemos nos fortalecer no Senhor e na força do seu poder, vestidos com sua armadura para estarmos firmes contra as ciladas do diabo. Não se trata de um recurso pessoal, mas de uma capacitação Dele. Paulo em 2 Timóteo 2.26 ainda fala da importância de voltarmos à sensatez, ou seja, à sobriedade, para nos livrar-nos dos laços do diabo. Para que? O texto diz: “Tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade”.
Sobriedade que significa a moderação nas paixões e caprichos, um caráter sério provado num comportamento equilibrado, é retratada muito bem em 1 Pedro 5.8 que diz: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar”. Condicionando essa sobriedade e vigilância contra o diabo, primeiramente a um posicionamento com relação a Deus, ou seja, primeiro se humilhe diante de Deus. Como? Submetendo-se a sua Poderosa Mão. Para que? Para que Nele sejamos exaltados, para que em nós Ele seja exaltado. Dentro dessa realidade de submissão total a Deus, não vivemos mais ansiosos, ou seja, de mente dividida, cheios de incertezas. Isso é sobriedade, e a partir do momento que deixo de reconhecer a poderosa mão de Deus e que não me submeto a Ele, vivendo ansioso com relação as preocupações da vida, perco o equilíbrio com relação as minhas paixões, deixo uma realidade de governo de Deus e me torno vulnerável.
Outro fator importante a observarmos é como nosso adversário se comporta com relação esse nosso comportamento, o texto de 1 Pedro 5.8 diz que ele fica ao nosso derredor, no original, “peripateo”, que significa “aquele que faz bom uso das oportunidades”, rugindo como um leão procurando a quem possa devorar. Preste atenção nesse detalhe, pois o diabo só tem autoridade para matar, roubar ou destruir quando tem oportunidade, ele nada mais é do que um oportunista. Assim como o leão se alimenta de carne, o diabo se alimenta do pecado, por isso, Efésios 4.27 ao tratar o despojar-se do velho homem carnal, diz “Não deis lugar ao Diabo!”. Ao nos posicionamos com firmeza com relação a Deus, o diabo fugirá de nós, se vivemos em sujeição e obediência a Deus, temos sua cobertura, quando nos posicionamos com firmeza diante de Deus consequentemente estamos posicionados diante do diabo, ele entenderá nossa posição e fugirá de nós.
Jesus quando levado pelo Espírito para ser tentado mostra que quando nos posicionamos com firmeza com relação a Deus, automaticamente nos posicionamos com relação ao diabo que fugirá de nós (Mateus 4.10). O apóstolo João diz em 1 João 2.14 “…Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o maligno…”, uma palavra que aponta para uma realidade e não para uma condição futura. Se somos fortalecidos na força do Seu poder e permanecemos na verdade de sua palavra, vencemos o maligno, ou seja, a minha posição determina minha realidade e o governo que está sobre a minha vida. Se não há oportunidade, nossa maneira de viver subjugará satanás. Preste atenção! Em nenhum momento a palavra fala de fugirmos da serpente, fala de posicionamento diante de Deus e resistência.
O segundo inimigo
Um segundo inimigo de Moisés, que aponta para um inimigo da igreja é o mundo, texto de Êxodo diz: “E se ainda assim não acreditarem nestes dois sinais nem lhe derem ouvidos, tire um pouco de água do Nilo e derrame-a em terra seca. Quando você derramar essa água em terra seca ela se transformará em sangue”. Esse derramar da água sobre a terra seca, pode ter a representatividade da vitória da igreja sobre o segundo inimigo, ou seja, o mundo representado no sistema de valores e comportamento corrompido e profano que tem como objetivo nos desviar do propósito e da vontade de Deus para ser executada hoje através de nós. O apóstolo João diz em 1 João 5.19 “Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no maligno”, Ele mesmo diz que esse sistema é fundamentado no desejo da carne, no desejo dos olhos e na soberba da vida! “Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente”. Os valores que governam esse sistema e ordem mundial não procedem de Deus, mas das próprias paixões do homem, fazendo com que esse mundo seja lançado ao maligno, diretamente influenciado por uma realidade imperialista de trevas e obscuridade.
Precisamos entender que não se trata do mundo “pessoas”, por isso, Efésios 6.12 diz que a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, confirmando esse império, em João 14.30 Jesus fala respeito do príncipe deste mundo, e diz: “Ele nada tem de mim”. Esses valores satânicos que regem esse sistema e ordem mundial, não procedem do Pai, esse sistema é falho, é temporal, ele passa juntamente com todos seus desejos. Agora, ao contrário desse sistema fundamentado no engano gerado pelo deus desse século (2 Coríntios 4.4), há um sistema, uma ordem espiritual, um Reino e governo, cujo os fundamentados são verdade e justiça, uma realidade superior, eterna, ou seja, em Cristo somos nascidos de uma realidade espiritual e não mais natural (Gálatas 4.24).
Preste atenção! Jesus esteve no mundo, mas o mundo não o conheceu, porque amou mais as trevas do que a Luz (João 1.10), Ele foi odiado, porque testemunhou contra suas más obras (João 7.7). Testemunhou no “Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós” (João 14:17). O que isso significa? Devemos fugir do mundo? Seguindo o exemplo de Cristo não podemos mais nos esconder ou fugir das pessoas que vivem dentro desse sistema, mas denunciá-lo, uma vez que Jesus foi odiado, por denunciar suas más obras. Cristo venceu esse sistema e
nos diz: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (João 16:33). Devemos encontrar paz Nele, pois assim como Ele, nesse mundo sofreremos muita pressão, mas precisamos ter coragem, pois assim como Ele venceu e superou, Nele também podemos vencer. Dessa forma, a vitória dele sobre o primeiro e segundo inimigo é a nossa vitória. Lembrando que nosso inimigo é o mundo sistema, não pessoas! Por isso, Jesus em João 17.15 não intercede em nosso favor, para sermos retirados do mundo, mas para que fossemos livres do mal que há nele.
Mais uma vez, nossa vitória depende de um posicionamento. Não devemos amar este mundo, porque não é o mundo que Deus criou, esse mundo está corrompido pelo pecado. Temos que amá-lo como Deus criou, por isso devemos como igreja profética e sacerdócio real, restaurá-lo! Tiago 4.4 diz: “Infiéis, (adúlteros e desleais para com Deus) não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus”. Esse texto fala de associação amigável, ou seja, a amizade a um, representará a inimizade a outro. Isso quer dizer que não há meio termo. Ou temos o espírito que se move no mundo, ou o Espírito que se move em Deus. 1 Coríntios 2:12 diz: “Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado imerecidamente” Ou somos guiados pela voz do Espírito Santo de Deus, que nos revela as proezas de Deus ou somos confundidos pelas vozes do mundo. 1 Coríntios 14:10 diz: “Há, sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo; nenhum deles, contudo, sem sentido”.
Efésios 2.1-3 diz: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais”. Aqueles que estão em Cristo não andam mais segundo o “curso deste mundo”. O que isso significa? Uma realidade espiritual infernal que atua sobre os filhos da desobediência, observe que se trata de outro governo, uma vez que a “obediência” é o princípio que ativa uma realidade de governo sobre nossas vidas. A partir do momento que o Reino de Deus é ativado pela obediência em minha vida, passo a estar assentado com Cristo em regiões celestiais, e isso quer dizer que da mesma forma que Jesus esteve no mundo – mas não era do mundo – estamos no mundo, mas não somos mais fruto de uma semente terrena, mas celestial, e trazemos em nós a imagem do que é celestial. (1 Coríntios 15.45). Essa verdade precisa deixar de ser simplesmente uma doutrina, para ser uma realidade. Não podemos mais viver segundo o curso deste mundo. Não podemos mais se deixar levar pelas filosofias e sutilezas que regem de maneira distorcida esse sistema (Colossenses 2.8).
Gálatas 1:4 diz que Cristo se entregou pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai, portanto, devemos fazer valer a Cruz de Cristo nesse sentido em nossas vidas! E Tiago 1:27 completa dizendo que a religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo. O que temos que fazer então? Tomar posição! 1 João 4:4 “Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo”. O espírito que está sobre o mundo, portanto, é o espírito do falso profeta, o espírito do anticristo (1 João 4.3), mas se nos posicionarmos em sujeição a Deus, não precisaremos fugir do mundo, mas sim permanecer no mundo como astros de luz. (Filipenses 2.15 “irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo”). Não temos que fugir dele, mas resplandecer nele. A igreja que é luz, denuncia! Porque os “filhos da luz” denunciam as más obras dos filhos da desobediência. Como? Obedecendo!
Não podemos mais viver na obscuridade, na omissão e cumplicidade às obras infrutíferas das trevas, temos autoridade para denunciá-las com a manifestação da justiça, verdade, bondade e valores do Reino de Deus em nossas vidas. Entenda que a luz não tem voz, mas quando se manifesta denuncia tudo que está encoberto (Efésios 5.11 “E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as. Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha. Mas todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz. Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos, e Cristo te iluminará. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus.). Por isso, precisamos nos posicionar agora com relação isso, pois todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”. (1 João 5:4) Lembre-se que maior é o que está em nós do que o que está no mundo.
Nosso maior inimigo
O último e o que temos entendido como o maior inimigo é a carne, a nossa natureza caída, pois no texto de Êxodo Deus diz a Moisés: “Mete, agora, a mão no peito. Ele o fez; e, tirando-a, eis que a mão estava leprosa, branca como a neve. Agora, coloque de novo a mão no peito”. Moisés tornou a pôr a mão no peito e, quando a tirou, ela estava novamente como o restante da sua pele. O que isso pode significar? Cremos que Moisés teria triunfo se entendesse a necessidade de vencer sua própria carne. Por isso, precisamos entender algumas coisas sobre ela. Porque ela seria nosso maior inimigo? Como vimos anteriormente, para vencermos a serpente e o mundo, basta nos posicionarmos em Deus, não temos que fugir da serpente, mas o diabo fugirá de nós, não temos que fugir do mundo, mas vivermos nele e denunciarmos suas más obras. E a carne?
Com relação a carne, a palavra nos orienta a além de posicionamento e resistência, a fuga. Isso mesmo, Paulo aconselha seu discípulo Timóteo a fugir das paixões da sua mocidade (2 Timóteo 2:22 “Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”), ele aconselha a fuga no sentido de procurar segurança. Onde? Em Deus e no corpo que vive em justiça, fé amor e paz., ele mostra o caminho para Timóteo permanecer a salvo de si mesmo. Devemos tomar cuidado, pois essa realidade é mais séria e profética do que muitas vezes temos imaginado. Em 2 Timóteo 3.1diz: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes,desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto,o poder.Foge também destes”. Paulo aconselha Timóteo a escapar com segurança do perigo das paixões carnais que dominariam o homem a cada dia de maneira mais impetuosa, desejos insensatos que afogam os homens na ruína e na perdição (1Timóteo 6.11). Por isso, então a palavra confirma esse conselho: “Ó homem de Deus, foge destas coisas, antes segue a justiça, a piedade, a fé, e a si mesmos se atormentaram com muitas dores”. O texto de 2 Pedro 2.18 fala de homens que estavam prestes a fugir,
mas parece não terem fugido a tempo, ou seja, foram vencidos por suas próprias paixões. O vencido se torna escravo do vencedor…
A conotação que a Palavra dá para o inimigo “carne” é diferente e radical porque precisamos entender que a carne nunca irá se converter! Paulo diz em 1 Coríntios 15.50 “Isto afirmo, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a corrupção herdar a corrupção”. Carne não se converte, portanto, não pode herdar o Reino. Porque a carne está sujeita a corruptibilidade e o espírito não. A carne deve ser crucificada para assim experimentarmos a nova maneira de viver no espírito (Romanos 7.6). Por isso, devemos nos posicionar diariamente, uma vez que a luta contra a carne é diária, e a vitória sobre ela, consequentemente determina a vitória sobre a oportunista serpente, e sobre os desejos e valores que governam o sistema que não procede do Pai. Você percebe a importância de vencermos a carne? Não podemos mais negligenciarmos esse princípio, e para isso, essa palavra deve descer da mente para o coração.
É importante entendermos que todos os homens tiveram que lhe dar com essa realidade, até mesmo Jesus. Em Hebreus 4.15 diz: “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado”. Ele como homem foi tentado pelas mesmas paixões, mas venceu. Paulo em Romanos 6:19 também fala da fraqueza da sua carne: “Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação”. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo (Romanos 7:18). Ele reconhece a fraqueza moral de sua natureza, a disposição reprovável de sua carne, por isso, tem um ensino muito claro e preciso a respeito do “não viver mais eu, mas Cristo viver em mim”, de um viver a vida que vive na carne para glória de Deus em Cristo Jesus.
Em Romanos 8 confirma isso falando a respeito do novo modo de viver do Espírito, e da necessidade de um posicionamento radical com relação a si mesmo. Jesus diz em João 3.6, que quem é nascido de carne é carne, quem é nascido do Espírito é espírito, Paulo confirma isso em Romanos 8.5 dizendo que “os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito”. Essa inclinação fala de uma natureza, por isso, o original fala que os que “são carnais” pensam e sentem as coisas da carne, uma realidade que fala de natureza, e essa realidade traz consigo as suas devidas recompensas, ou seja, a recompensa da carne é a morte, mas do Espírito a paz, a recompensa da carne é inimizade contra Deus e os que estão na carne não podem agradá-lo (Romanos 8.6-7).
A questão aqui começa a ficar muito séria e precisamos analisar com um pouco mais de maturidade qual o modo de vida que temos adotado. Não estamos falando de adotarmos uma linguagem evangélica, mas de novo nascimento. Será que temos entendido isso? Será que alguém nasce de novo de um dia para outro? Demoramos quanto tempo para nascer? O natural não é sombra do espiritual? Não seria bom começarmos avaliar isso melhor? O fato de muitos terem recebido, pela fé, uma divina semente de uma nova natureza de homens nascidos de Deus que não vivem mais na prática do pecado, não significa que todos eles foram devidamente cuidados e nasceram do alto. Muitos têm a confissão e a linguagem evangélica, mas poucos têm vivido como homens nascidos do Espírito, que podem ver e perceber o Reino (João 3.3). A árvore se conhece pelos frutos, e os frutos que temos visto por onde temos andado é de carnalidade ou espiritualidade? (Tiago 4:1 De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?) Carne e sangue não herdarão o Reino, por isso, devemos fugir de nós mesmos, pois quanto mais longe de mim estiver, mais perto de Deus estarei.
Agora, você pode perguntar: Mas afinal, como vencermos nosso maior inimigo? Martirizando-se? Enchendo-se de culpa e auto condenação? Subjugando-se ao legalismo arbitrário e castrador? Entenda algo importante! Não se vence a carne, lutando segundo a carne! Paulo entendia isso muito bem, por isso, devemos procurar a realidade desse novo nascimento, procurar crescer na realidade dessa nova criação, para o novo modo de vida do Espírito. Gálatas 5:16 diz: “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne”. A vitória sobre a carne está na cruz, no novo modo de vida do Espírito. Paulo começa a falar dos que são e dos que não são, em Gálatas 5:24 diz: “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências”. Se queremos alcançar essa realidade espiritual primeiro temos que morrer para nossas paixões e desejos, e então, vivendo no espírito que gera em nós o desejo pela vontade do Pai, vencemos todo o pecado que diariamente nos assedia. Não existem atalhos ou leis religiosas que possam nos fazer vencer a natureza do homem caído, apenas a cruz.
Infelizmente a ineficácia da religiosidade em fazer com que as pessoas vençam seus desejos, fez com que sutilmente o homem passasse aceitar suas quedas, acreditando em Jesus como homem perfeito, mas nós como homens que sempre serão afetados pelos desejos carnais. Isso não é algo explicito, mas implícito, revelado na conduta. Apenas pergunte isso para as pessoas que estão a sua volta: Você pode ser perfeito, sem pecado? A maioria dirá que não, e isso é um sofisma, um engano. Por quê? Sabemos que o sangue na antiga aliança, tinha a capacidade te cobrir o pecado. O homem, ele sim, nunca poderia ser totalmente santificado, mas a nova aliança estabelecida por Jesus, tira o pecado do homem, uma vez que Ele é o “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.
Por isso, aquele que é de Deus, nascido de Deus, não vive na prática do pecado, antes, aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca. (1 João 5.18), aqueles que são “nascidos de Deus”, são guardados por Ele, “o guarda” começa com um pronome reflexivo “o” que significa “ele mesmo” e “guardar” vem do termo “tereo” que significa tomar conta cuidadosamente ou olhar atentamente. Portanto, aqueles que são nascidos de Deus, são guardados e protegidos por Ele, uma realidade em que o maligno não nos toca. O que isso significa? Maligno vem de “poneros” ou seja, aborrecimentos, perigos, pressões, algo de natureza má de forma física ou moral, derivada de “ponos” que significa “grandes problemas”. O texto fala que estes males não nos tocam, de “haptomai” que significa não ter comunhão, no sentido de apegar-se ou ainda coabitar, essa palavra deriva de “hapto” que significa aderir ou acender e colocar fogo em algo. O que isso pode significar? Quando somos nascidos de Deus, não temos nenhum tipo de relação com o pecado e ele deixa de ter qualquer tipo de poder de influência e sedução sobre nossa carne, não há mais fogo, não há mais paixão, você entende isso? Em outras palavras poderíamos dizer que deixamos de ser inflamáveis.
Esse é o novo modo de vida do Espírito, onde “todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus”. (1 João 3:9). Porque se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados (Hebreus 10:26), ou s
eja, se continuamos deliberadamente na prática do pecado o sangue de Cristo, não tem efeito sobre nós. Entenda algo importante! Somos perdoados e purificados dos pecados que nos arrependemos e não dos pecados que ainda cometemos sem frutos de arrependimento. Se temos vivido na escravidão da carne, que se alimenta do pecado, não o conhecemos, não somos dele (1 João 3.5) “Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado. Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu. Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como Ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo”.
Por fim, entendemos que não existem fórmulas para vencer a nós mesmos, apenas há um caminho, tomar cada dia a nossa cruz, ou seja, a cada dia lembramos que estamos mortos em Cristo, e que através dele temos acesso a essa nova realidade de vida no espírito. Não existem atalhos, apenas ande no espírito e jamais se rendam aos desejos da carne (Gálatas 5). Declare a cada dia a vitória de Cristo e que todo escrito de dívida foi cancelado, portanto, não retrocedamos nisso. Colossenses 2.11diz: “Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos. E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Isaias 40.1).
Conclusão
Por fim, entendemos que Moisés estava sendo restaurado, um processo em que deveria deixar de confiar em si mesmo,e confiar simplesmente em Deus. É um processo fácil? Temos visto que não, pois a frustração é de nos sentirmos mais destrutivos com relação a confiança, pois mesmo sendo ministrados sobre a serpente, a lepra e a água em sangue sobre a terra, Moisés mostrou insegurança e resistência em voltar para o Egito. Êxodo 4.10-11 “Então, disse Moisés ao Senhor: Ah! Senhor! Eu nunca fui eloqüente, nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de língua. Respondeu-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? Ou quem faz o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor?” O que acho mais forte é que Moisés conseguiu deixar Deus irado, pela forma como continua lutando contra uma verdade de Deus para sua vida. Portanto, deixe-se ser vencido pela verdade de Deus para sua vida! Não importa a proporção dos seus erros, o quanto você tenha se equivocado em suas expectativas, o que realmente importa é a verdade de Deus para com a sua vida. O que Ele diz a nosso respeito é a verdade e não podemos lutar contra ela, mesmo que pareça incompatível com as circunstâncias naturais. Assim como Deus conseguiu recuperar a identidade de Moisés, sejamos simplesmente aquilo que Ele diz que somos, e façamos aquilo que Ele diz que podemos fazer.
Pr. Anderson Bomfim
Missão Mobilização
Amor é compromisso, compromisso é atitude…
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