I Coríntios 8.1-13
O princípio da soberania divina
Aqui o apóstolo Paulo toca na questão do pensamento e do comportamento. Algumas pessoas se comportavam de forma errada porque tinham pensamentos errados. Essas pessoas, na sua maior parte, eram aquelas que gostavam de fazer listas de regras, que pensavam ter muito conhecimento, que faziam parte do grupo dos rigoristas.
O grupo dos rigoristas estava preocupado com a comida que era sacrificada aos ídolos porque pensava que aquela comida estava contaminada. Eles entendiam que os ídolos exerciam alguma influência sobre a comida e, depois, sobre os que se alimentavam dela. Assim, pensavam que os cristãos poderiam ficar doentes ou enfraquecidos porque haviam participado de uma festa com incrédulos e se alimentado daquela comida. Paulo, porém, percebe esse erro e entende que ele pode prejudicar uma decisão tomada na liberdade.
Por isso ele precisa corrigir essa distorção no meio da igreja. As pessoas estavam equivocadas no seu pensamento acerca dos ídolos; enganadas quanto ao poder que eles têm sobre a vida de um cristão. Os cristãos precisam entender que Deus é muito mais poderoso; que maior é aquele que está dentro deles do que o que está no mundo. Assim, os cristãos não devem jamais fazer ou deixar de fazer alguma coisa motivados pelo medo dos ídolos – ou dos demônios que estão por detrás deles. Por isso, Paulo faz as afirmações que estão nos versículos 4 a 6.
Assim sendo, os cristãos não devem ficar preocupados de participar de uma festa com incrédulos ou de ir a algum lugar onde existam imagens de idolatria. Ainda que os demônios possam estar presentes nesses lugares, o cristão é protegido e guardado por Deus e pelo Senhor Jesus. Deus é muito maior que os demônios. E o cristão não deve deixar de se relacionar com os incrédulos, sejam eles islâmicos, espíritas, macumbeiros, budistas ou o que for. Os cristãos não devem deixar de participar dos eventos sociais a que são convidados, nem ficar com medo de tomar esse ou aquele refrigerante que lhe é oferecido ou de comer essa ou aquela comida. Ele deve se misturar com as pessoas, tendo a consciência de que Deus é maior e Senhor de todos.
O princípio da consideração do outro
Contudo, Paulo apresenta um “porém” nas suas palavras. Nem todos os cristãos têm esse conhecimento; alguns têm a consciência fraca. Eles imaginam que podem ser contaminados pelos ídolos ou influenciados pela presença dos demônios que estão em algum lugar. Por causa de alguma situação na vida deles, por terem tido problemas com ídolos ou com demônios, eles têm dificuldade de enxergar que Deus é muito maior. Assim, diante disso, Paulo apresenta o princípio da consideração.
Os cristãos que sabem que Deus é maior devem ter consideração para com os outros. Eles não devem forçar os outros a agirem como eles agem nem devem escandalizar os irmãos. Antes, eles devem se abster de tomar essa ou aquela atitude se verificarem que o irmão será, de alguma maneira, prejudicado. O princípio da consideração leva em conta o irmão de consciência mais fraca, pois esse irmão pode ser influenciado a fazer justamente o que ele pensa que é errado. E, ao agir assim, ele pode ser contaminado, destruído, arruinado, vindo a afastar-se completamente dos caminhos do Senhor.
Esse jamais é o desejo de Deus. Antes, Deus quer que todas as pessoas permaneçam firmes no caminho da vida. Por causa disso, pelo amor a Deus e por consideração ao outro, os cristãos devem se abster de comer certos alimentos, de fazer certas coisas ou de freqüentar certos lugares, ainda que não sejam erradas aos olhos de Deus. Ao fim de tudo, percebemos que deixar de comer, freqüentar ou fazer diz respeito ao amor e não à legalidade para isso.