Eis que me cabe por força do compromisso didático a responsabilidade de explanar sobre o tema acima proposto. Algo tão óbvio que, contudo parece se ocultar aos olhos de uma maioria. Pois bem, para situar você amigo leitor desavisado, o texto que tem em mãos é fruto da disciplina teológica (Filosófica?) denominada ESTÉTICA. A qual em termos mínimos nos remete ao uso da ARTE no meio Eclesiástico.
Para falar do Belo na Igreja me proponho uma viajem imaginária a um culto em minha própria igreja. Supondo que fosse num domingo a noite e a nave estivesse lotada. Antes do inicio do culto propriamente dito, me acomodo numa das cadeiras e passo a observar o lugar. O Templo ainda esta em construção, então os acabamentos e detalhes do prédio são bastante rústicos. Haja visto o chão o sem piso e a parede ao fundo ainda no tijolo sem reboco. Ainda há no ar um cheiro de cimento característico de ambientes em obra. Por outro lado, na parede central, logo atrás do púlpito vemos um grande tecido branco, emoldurado por outro tecido dourado e belas flores azuis. Hoje é dia de ceia e ali na frente vemos uma mesa coberta por uma toalha branca ornada por um tecido de cetim vermelho. Os cálices de suco de uva estão em uma bandeja própria de alumínio e os cubinhos de pão numa elegante vasilha de vidro. Há ainda um jarro com trigo e uma grande taça cheia de suco. Que bela imagem e claro, tecnicamente falando, a bandeja e a vasilha do pão, os primeiros exemplos de arte útil que percebi. Mas então acordo para a cadeira plástica em que estou sentado, lembrando que atualmente nossas Igrejas aboliram (em sua maioria) o uso dos desconfortáveis longos bancos de madeira. Estas cadeiras que primam pela estética e pelo conforto também são exemplos de arte útil.
Hoje em dia, ainda que muitos líderes sequer se dêem conta é natural que os templos ofertem em maior ou menor número de elementos de aparência agradável e confortável. O Mesmo podemos falar da qualidade do Som em nossos templos que já em sua construção prevêem a acústica ideal e mais tarde a aquisição seja dos instrumentos ou dos equipamentos de conexão e transmissão. Tudo feito da melhor forma, sim para honra e glória de nosso Deus, mas inegavelmente como artifício evangelístico, uma vez que aqueles que nos vistam ainda não conhecem a Deus e muitas vezes são cegos espirituais é importante ter algo que lhes atraia, tranqüilize e desperte o melhor de suas emoções. Características essas intrínsecas a expressão da arte.
Agora, ainda neste cenário imaginário de um culto de domingo a noite. Relembro a competente direção de um de meus irmãos de fé, seguida de lindos louvores de adoração e enfim da Palavra abençoadora ministrada pelo Pastor. É quando percebo que assim como os discípulos a caminho de Emaús eu também nada via. Até aqui expressei e registrei o Belo em suas expressões plásticas, mas ignorei completamente a verdadeira manifestação do Belo na Igreja e essa não é outra senão a gloriosa presença de Emanuel, Deus Conosco, Jesus Cristo, a Majestosa cabeça de leão da Igreja. Jesus é a Obra de Arte Suprema, perfeito nos mínimos detalhes. O Auto retrato de Deus esculpido em carne e sangue. Uma obra em cuja presença nos quebrantamos, nos iluminamos e somos motivados. Sim, sem qualquer margem de dúvida, Jesus Cristo, o Senhor, o Todo Poderoso dono da Igreja é ELE próprio a definitiva expressão do Belo na Igreja.
Ney Bellas