Deus já havia confirmado a escolha da casa de Arão para o sacerdócio com um milagre de juízo e ira, pois destruiu os líderes rebeldes que haviam seguido Datá, Coré e Abirão (Núm 16), e o confirmaria também com um milagre de graça (Núm 17), pois ordenou que fossem colocadas no interior do tabernáculo, diante da arca do testemunho, varas com os nomes dos príncipes das tribos de Israel, e na vara da tribo de Levi seria escrito o nome de Arão, e disse que a vara correspondente ao homem que fosse o seu escolhido para o sumo sacerdócio brotaria miraculosamente, e no dia seguinte, quando Moisés entrou no tabernáculo, apenas a vara de Arão não somente havia brotado como produzira gomos, rebentara em flores e dera amêndoas maduras (Núm 17.8).
Moisés trouxe todas aquelas varas à presença dos israelitas e pelo mandado do Senhor tornou a colocar a vara de Arão perante a arca do testemunho, de forma que ficasse revelado para sempre a Israel, que o nome que estava registrado naquela única vara que havia frutificado era o nome de Arão.
Esta foi uma ação preventiva da parte do Senhor, para que cessassem as murmurações dos israelitas quanto a tentarem questionar a chamada exclusiva de Arão e de sua casa para o sacerdócio, de modo que não fossem exterminados pelos Seus juízos, em face das rebeliões deles.
Um pai sábio procura eliminar as situações que dão ocasião às desobediências de seus filhos, de modo que não tenha que puni-los.
Foi este mesmo cuidado preventivo que o Senhor teve em relação aos israelitas, com a medida descrita no 17º capítulo do livro de Números.
Com este milagre de graça, o Senhor revelava que o ministério do sumo sacerdote não era um ministério para morte, senão para a vida, pois varas mortas foram colocadas diante do testemunho, e somente a do sumo sacerdote rebrotou e frutificou.
Mais do que de vida é ministério de ressurreição, porque aquela vara não poderia reviver, a não ser por uma ação miraculosa e poderosa da parte de Deus.
Cristo é Sumo Sacerdote, para que o Seu povo tenha vida e ressuscite.
Assim também, todos os ministros a Seu serviço têm um ministério com a mesma função e característica, cabendo-lhes, portanto, intercederem junto de Deus em prol da humanidade, para que pecadores que se encontram mortos espiritualmente sejam perdoados e revivificados por Cristo.
Tudo isto nos faz lembrar das palavras do Senhor Jesus em Jo 15.16:
“Vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.”
Todavia, os israelitas não entenderam o sentido preventivo do milagre e as palavras de Deus, relativas ao fato de que nenhum estranho à casa de Arão deveria disputar o sacerdócio para que não morresse.
Eles eram de fato um povo de dura cerviz, como o Senhor se havia referido a eles, pois em vez de se humilharem, e se sujeitarem à poderosa mão do Senhor, na sua aflição, eles se queixaram de estarem sendo tratados de modo muito inflexível e duro, e que nenhum deles poderia sobreviver diante de um Deus tão exigente.
Vejamos o teor das suas palavras:
“Então disseram os filhos de Israel a Moisés: Eis aqui, nós expiramos, perecemos, todos nós perecemos. Todo aquele que se aproximar, sim, todo o que se aproximar do tabernáculo do Senhor, morrerá; porventura pereceremos todos?” (Núm 17.12,13)
Eles estavam em fel de amargura e é uma coisa muito ruim se irritar contra Deus, quando estamos em aflição, porque a nossa angústia servirá somente para aumentar as nossas dores.
Devemos, ao contrário, nos submeter e ter bom ânimo como nos é ordenado pela Palavra, para o nosso próprio bem, para que sejamos curados de nossas murmurações, orgulhos, vaidades, endurecimentos, enfim de todas as formas de manifestação do pecado.
Deus tem um propósito bom quando nos corrige, e chama ministros para zelarem por nossas almas, que é o de nos fazer participantes da Sua santidade, de modo que possamos ter intimidade e comunhão com Ele, e sermos livres de nossas mazelas que militam contra as nossas almas.
Ele é um Pai sábio e amoroso e faremos bem em nos sujeitar à Sua correção e aos meios que Ele tem provido para o nosso próprio bem e de toda a Sua Igreja, especialmente chamando alguns para exercerem o ministério de liderança do Seu povo, o qual deve ser exercido com longanimidade e amor.