Após a morte de Josué, já estabelecidos na terra prometida, os israelitas iniciaram uma apostasia nacional. Repetidas vezes e meio que inexplicavelmente, eles se esqueceram do pacto, da lei, de como foram retirados do Egito e que Yahweh era único. O livro narra várias vezes esses desvios.
Foi um período crítico e sombrio e a causa visível para isso é a ausência de um líder sobre a nação, como Moisés e o próprio Josué foram. Foi o tempo de juízes que se levantavam para compensar essa falta. Alguns eram bons, outros nem tanto. Houve juízes abençoados como Gideão e Débora, mas houve reprováveis como Abimeleque e Sansão (embora sua vida seja muito pregada, ele foi um exemplo de um ministério infantil e soberbo). Esse foi o panorama político e religioso em Israel nesse período.
“Naqueles dias não havia rei em Israel; cada uma fazia o que parecia bem aos seus olhos” Jz 21.25
Faz muita falta um líder e é isso que enfatiza o autor de Juízes. E hoje não é diferente. Seja para um país, para uma empresa, para uma igreja. Mas não é essa abrangência que quero. Estou falando de nossas vidas. E não quero falar de liderança humana. Quero falar do Senhorio de Cristo.
Quando lemos Juízes e olhamos nossas vidas, somos obrigados a admitir: custou muito caro cada momento em que Cristo não exerceu sua liderança em nós. Custaram caro os tropeços e as quedas que sofremos por seguirmos aquilo que nos parecia bom.
O livro de Juízes deixa claro que assim como Israel, nós, o Israel espiritual, não fomos criados para viver sem Deus. Há um grande propósito em nossa existência e esse propósito diz que devemos viver sob a autoridade do verdadeiro Pastor, que nos garante sustento, segurança, plena satisfação; que acalma nossa alma, que nos consola quando o vento não está favorável; que se mantém fiel ao que prometeu e nos garante uma eternidade ao Seu lado. Parece que foi isso que ele quis mostrar aos israelitas naquele período.
Não há senhorio de Cristo em nós se não nos submetemos a Ele e sua vontade. A nossa, obrigatoriamente, precisa morrer. Além disso, não há senhorio de Cristo se não há devoção. Nossa submissão a Cristo sempre terá desdobramentos práticos e isso resultará em uma crescente busca por Ele; teremos prazer em perder nossa vida inteira nele e nossa comunhão com ele será viva e real e afetará cada área de nossas vidas, inclusive as mais simples.
Não caiamos no mesmo erro dos israelitas daquele período ao viver uma falsa devoção e comunhão. Não vamos escolher tropeçar na Rocha em que, na verdade, deveríamos nos apoiar. Será sofrível se assim o for! Será sofrível se, mesmo com toda a confissão externa de entrega a Cristo, formos guiados por nós mesmos.
Mais para frente, as coisas começaram a se ajeitar, uma vez que o ofício profético e sacerdotal foi restabelecido na pessoa de Samuel. Além disso, um rei foi escolhido pelo povo – Saul – que anos depois foi substituído por outro rei: o que foi escolhido por Deus – Davi. Da descendência desse rei, o mundo conheceu o Rei dos reis – Jesus. Tudo isso, perceba, como conseqüência de um período sombrio em que Deus era desconhecido.
Que estejamos longe de seguir homens, falsos líderes, cujo guia é a sua própria vontade. Que sigamos Cristo – como autênticos cristãos – e deixemos nossa vida ao seu controle. Sendo assim, desfrutaremos do jugo suave e do fardo leve que somente Cristo nos proporciona. Isso é, de fato, viver. Não viver para nós mesmos, mas para aquele que nos criou e nos chama a um relacionamento consigo; eterno e garantido por um amor que jamais muda.