Há um provérbio que ensina que quando o governador tirano morre o povo suspira aliviado.
E, de fato, há pessoas que ao morrerem não deixam de si saudades, senão alívio para aqueles que conviviam com elas.
Nós lemos em II Crônicas 21.19,20 que foi tanta a perversidade de Jeorão, rei de Judá, que se diz dele que ao morrer não deixou de si saudades e nem sequer foi permitido que seu corpo fosse sepultado no sepulcro dos reis de Judá.
Ele havia sofrido, antes de morrer, de uma terrível enfermidade por dois anos consecutivos (II Crôn 21.18), de forma que se manifestasse publicamente todo o grande desagrado que o Senhor tivera pelo seu modo de vida.
Ele vivera mal neste mundo e então não morreria em paz, senão do mesmo modo que ele vivera, a saber, mal.
O desagrado do Senhor pela idolatria que havia se espalhado em Judá, por obra de Jeorão e sua esposa Atalia, seria também manifestado em vários outros juízos previstos na Lei de Moisés para o caso de transgressão da aliança, como vemos no capítulo 26 de Levítico.
E o mais comum deles que era o de entregar o Seu próprio povo nas mãos de nações inimigas e tirar de debaixo do seu domínio aqueles que lhes eram tributários, invertendo-se a posição de em vez de Israel ser o credor do mundo, passava a ser o devedor, em vez de ser cabeça das nações, era a cauda.
Então nós vemos os edomitas sacudindo o jugo da servidão a Judá justamente nos dias de Jeorão, e outras nações subjugadas, como Libna, seguiram o exemplo deles (v. 20-22; II Crôn 21.8-10).
Como ele havia assassinado os seus irmãos, quando começou a reinar, o Senhor trouxe sobre ele os filisteus e os arábios, que saquearam o seu palácio, e levaram suas mulheres e filhos em cativeiro, tendo morto seus filhos mais velhos, ficando em Judá apenas o mais moço deles, Acazias, que viria a reinar depois da sua morte, porque o Senhor havia prometido a Davi que não lhe faltaria descendente no trono de Judá (II Crôn 21.16, 17; 22.1).
Assim, Acazias, filho de Jeorão começou a reinar no décimo ano do reinado de Jorão, rei de Israel, isto é, no último ano do reinado deste rei de Israel (v.24, 25).
Acazias tinha vinte e dois anos, quando começou a reinar, mas como sua mãe era Atalia, filha de Jezabel, esta o aconselhava a agir impiamente (II Crôn 22.3), e reinou somente um ano, porque foi morto por Jeú, e não somente ele, como os príncipes de Judá, e os filhos dos irmãos de Acazias, que haviam subido com ele a visitar Jorão, que havia sido ferido na batalha contra Hazael, rei da Síria, na qual havia sido ajudado por Acazias de Judá, e é dito no texto de II Crônicas que esta visita que Acazias fizera a Jorão, por causa das feridas que ele havia sofrido na batalha contra os sírios, vinha da parte do Senhor, para trazer os seus juízos também contra ele, porque estava aparentado com a casa de Acabe, e Deus havia ungido Jeú para exterminar a casa de Acabe, conforme havia decidido fazer desde os dias do profeta Elias (II Crôn 22.7,8).
Vemos assim, que quando vivemos de modo ímpio podemos influenciar e ser o motivo de duros juízos sobre outras vidas.
Quando alguém vive de modo irresponsável muitos outros pagam pela sua má conduta.
Estes juízos que são registrados nas paginas do Velho Testamento têm por alvo nos ensinar que teremos que tratar com um Deus que é totalmente justo e poderoso, e que apesar de estarmos agora numa dispensação de graça, o juízo não tem sido suspenso, senão apenas abreviado para aquele terrível Dia em que todos terão que prestar contas a Deus, de movo que vivamos de modo justo diante dEle, e com o temor que Lhe é devido, de modo que, em caso contrário, ainda que o mundo não diga, todavia o céu dirá em relação a nós que morremos sem deixar saudades.
Pr Silvio Dutra