A justiça é um dos atributos que compõem o caráter de Deus. Por ela se exige que todos os atos dos seres morais estejam conformados à Sua santidade.
Em sentido prático, ser justo é fazer somente aquilo que for bom para promover o bem. Em última instância, significa ser e fazer somente aquilo que for agradável à vontade de Deus.
Por isso se afirma que, aquele que ama o próximo tem cumprido a Lei, ou seja, tem agido de forma justa aos olhos de Deus.
De tanto que a palavra justiça é usada com o sentido de juízo, comete-se amiúde o equívoco de entendê-la com o sentido de punição do erro, com a devida exigência de reparação. No entanto, biblicamente, a palavra justiça, especialmente no Novo Testamento, é usada geralmente para designar o próprio Senhor Jesus Cristo como sendo a fonte da justiça, que é oferecida gratuitamente por Deus para justificar pecadores (Rom 5.17).
Ela é tanto justiça atribuída, sendo imputada ao crente para torná-lo considerado justo aos olhos de Deus, como se vê em Romanos 4, quanto justiça implantada pela obra de regeneração e santificação operada pelo Espírito Santo.
“Mas agora, sem lei, tem-se manifestado a justiça de Deus, que é atestada pela lei e pelos profetas; isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que creem; pois não há distinção.” (Romanos 3.21).
A justiça que Deus nos está oferecendo para sermos justificados é obtida simplesmente por meio da fé em Jesus Cristo; a justiça que é revelada no evangelho de fé em fé.
Sendo transgressor da Lei de Deus o homem é naturalmente injusto, e na condição de injusto, o juízo de Deus o condena à morte, então ele necessita de perdão e libertação da condenação por meio da redenção que há em Cristo, e uma vez tendo se conformado à morte de Jesus, pela fé nEle, é considerado morto para a condenação da Lei e vivo para Deus, para andar em novidade de vida perante Ele.
É justo que Deus justifique o pecador que crê em Cristo, porque Ele não tinha pecado e a causa da Sua morte foram os pecados de todos os pecadores, que carregou sobre Si na cruz.
Assim, a Sua justiça pode ser atribuída e imputada àqueles cujos pecados Ele carregou, e que se aproximam dEle para serem justificados e santificados.
Necessitávamos de uma justiça que nos fosse conferida somente por fé – a justiça da fé – porque se dependêssemos da justiça que é segundo as obras da Lei, estaríamos para sempre perdidos e condenados, porque a Lei exige que todos os Seus mandamentos sejam cumpridos perfeitamente, ao longo de toda a nossa vida, porém, tendo uma natureza que é decaída no pecado, jamais atenderíamos a tal exigência da Lei.
Por isso Deus planejou um caminho melhor e viável para nós, que não é um atalho para cumprir a Lei, mas o único caminho pelo qual poderíamos ser santificados perfeitamente, de modo que seremos achados no porvir com a mesma justiça que temos aqui (Cristo), e que excede em muito a dos escribas e fariseus, mas teremos uma perfeita medida desta justiça pela qual estaremos plenamente conformados a Jesus Cristo.
Vivemos pela justiça de outro (Cristo), mas não para sermos isentos da prática da justiça – ao contrário, devemos ser servos da justiça, pois foi para isto que fomos justificados pela fé.
Assim, apesar de não podermos ser justificados pela Lei, e, portanto, não praticarmos as obras da Lei para este fim de sermos justificados, todavia, importa confirmar a Lei pela fé, uma vez que em Cristo passamos a amar a Lei de Deus, e entendemos que ela é espiritual, justa, santa e perfeita, pois é o reflexo do caráter do nosso Deus.
Para tanto, Ele a tem escrito em nossas mentes e corações, e nos tem dado o Espírito Santo para sermos habilitados a cumpri-la.
Dessa justiça de Deus, que é pela fé e é revelada no evangelho, deram testemunho a Lei e os profetas, ou seja, há várias passagens do Velho Testamento em que ela é profetizada para ser manifestada em Jesus Cristo na dispensação da graça.
Pr Silvio Dutra