Volta e meia os questionamentos retornam. E os divorciados? Casamos eles de novo? Podem tomar a Ceia do Senhor?
Engraçado que muitos pastores que excluem os divorciados da vida da igreja continuam recebendo seu dízimos com alegria.
Zapeando perto da hora de dormir, me prendi por alguns segundos em um programa de debates teológicos, muito ruim por sinal, no momento em que um pastor, tradicional, me parece, mandou a seguinte pérola:
“Não faço casamento de divorciados. O princípio divino é ‘até que a morte os separe’. Não posso impetrar uma bênção que não será abalizada por Deus”.
Ai, ai, ai… onde vamos parar com isso? Mudei de canal. Estava passando um filme muito louco em outra emissora… Mas não pude deixar de vir aqui. Vamos fazer o óbvio: consultar a Bíblia.
Jesus fala em Mateus 5:32:
“Eu, porém vos digo que qualquer um que repudiar sua mulher, a não ser por causa da prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério”
O Senhor falava sobre casamento. É o contexto da mensagem (Mateus 5:31-32).
Em algumas versões, a palavra ‘prostituição’ vem traduzida por ‘infidelidade’. O que queremos dizer com isso? Que o plano de Deus para nós é o casamento eterno. E isso quer dizer renúncia, sacrifício e perdão. Em Mateus 19:3 os fariseus voltam à carga, perguntando:
“É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?” Eles sabiam o que estavam perguntando.
Nos três versículos seguintes (4-6) Jesus mostra o plano de Deus: casamento duradouro, perpétuo. Mas no versículo 9, abre novamente a exceção. Ou seja, o no casamento, segundo a ótica da Palavra que lemos, o casal deve estar preparado para sobreviver a… quase tudo. O que não é uma determinante. Um cônjuge pode, sim, perdoar a traição do outro, visto que todos estamos sob o risco do pecado todos os dias. Jesus não está determinando o divórcio. Mas diz que ele pode, sim, ocorrer em uma excepcional situação específica.
Ou é isso ou querer torcer suas palavras. Mas claro do que ele foi, impossível.
Basta atentar aos termos ‘a não ser por causa…’ (Mateus 5:32) e ‘não sendo por causa…’ ( Lucas 19:6). Ninguém aqui defende o divórcio de ninguém. Mas que ele, o Senhor, abriu a exceção, abriu.
Por outro lado, ele torna o casamento um peso considerável, visto que é inaceitável qualquer outro argumento para o divórcio. Incompatibilidade de gênios, rotina, disputa por poder e distúrbios sexuais, as causas mais comuns de divórcio em nosso tempo, não podem ser aceitas na igreja como argumento para a separação.
A regra possui apenas uma exceção. E nada mais que isso. O que torna, como dissemos, o casamento um peso por vezes difícil de carregar. Os discípulos perceberam isso e disseram:
“Se é assim a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar” (Mateus 19:10).
Ou seja, eles perceberam que, caso a mulher nunca venha a cometer adultério, o casamento dever ser preservado até o fim. Jesus, afinal, investe o casamento de uma importância ainda maior do que a contemplada pela Torá, que permitia o divórcio por motivos indignos diante de Deus e da bênção do matrimônio.
Logo, posso, sim, casar divorciados, se, e somente se, a causa dos divórcios foi aquela prevista por Cristo: adultério.
Não, há, como constatamos, outra situação contemplada no texto.
É isso que temos na Bíblia.
O resto é costume de homens.
Podem criar uma série de malabarismos exegéticos para distorcer o texto.
Mas o que está escrito, escrito está.
Neto Curvina
Comunidade Shalom Filadélfia
Limitado ao texto.