Se é bem certo que tudo o que é velho persiste, pois nada se cria mas tudo se transforma, como bem afirmava Lavoisier, estamos vivenciando uma transformação nada agradável do que venha a ser as tais igrejas renovadas e reformadas.
Lutero lutou ferozmente e fielmente contra a venda de indulgências comercializada pela Igreja Católica e por essa razão pagou alto preço. Escreveu sua revolta em 95 teses em 1517 e foi excomungado, continuou desafiando as autoridades eclesiásticas sendo julgado por heresia notória logo após. Jesus também fez o mesmo quando expulsou bravamente os vendilhões do Templo de Jerusalém (Templo de Herodes) onde os acusava de tornar o local sacro em cova de ladrões devido às suas intensas atividades comerciais. Jesus utilizou a força física nesse intento como bem explicita a bíblia em passagens como em Marcos 11:15-19; Marcos 11:27-33; Mateus 21:12-17; Mateus 21:23-27; Lucas 19: 45-48 e Lucas 20:1-8.
É cediço que os bens e serviços de que todos necessitamos são produzidos em organizações econômicas especializadas e negociadas no mercado. E as pessoas que estruturam essas mesmas organizações são aquelas vocacionadas à atividade de produção devidamente estimuladas pela possibilidade de ganhar muito dinheiro. Esse é o modelo capitalista. A linha empresarial capitaneada atualmente por pastores tidos pelos seus seguidores como “bem sucedido” são empreendedores e investidores, além do controle geral sobre o lucro obtido.
Inúmeros pastores se preocupam demasiadamente com o número de células ou quantos fiéis irão participar em determinado evento gospel. Estratégia e marketing são garantidos por pessoas contratadas para esse fim pois possuem uma meta a ser alcançada como em qualquer empresa. Intermináveis reuniões e planejamentos são imprescindíveis para esse fim.
O ganho obtido com a estratégia empreendida é dividida em partes igualitárias entre os “sócios pastores” . Contudo, esquecem-se que Deus não nos orienta nesse sentido. Muito pelo contrário. O que presenciamos é a deturpação da palavra de Deus, sua mercantilização barata e sem respaldo bíblico. Esquecem-se que ser religioso (como os fariseus eram) não é ser homens e mulheres de Deus com um chamado específico.
Seus membros não estão sendo doutrinados de forma eficaz. O que percebemos são membros idolatrando os homens em púlpitos, com palavras e gritarias que sugestionam para o mal a fé dos escolhidos (I Tessalonicenses 2:5; Romanos 16:18; Jó 32:21-22). O profeta Jeremias já alertava que os profetas falavam sobre a idolatria ao homem e o povo só escutava o que lhe era apraz. Quem se rebelava contra essa perversão era tido como maldito. Logo, os profetas revolucionários tinham por obrigação acariciar o ego do povo dizendo exatamente o que eles queriam ouvir. (Jr. 5:30)
Atualmente não é muito distinto. O povo quer bagunça, confusão, comércio, dinheiro fácil, fazendo de Deus um supermercado 24 horas. Os escolhidos andam cada dia mais egocêntricos, avarentos e soberbos. Manipulam Deus para que Ele os honre em sua principal ambição. Infelizmente nesse contexto Deus é o meio e não o fim.
Jesus disse que os bons e os maus cresceriam juntos para em breve serem separados e não cabe a nós julgarmos ninguém. Cabe-nos pedirmos discernimento e sabedoria sempre a Jesus Cristo para que possamos ter a mesma coragem que o Senhor teve em se levantar contra essa injustiça. Cabe-nos, ainda, orarmos e até ajudarmos quem ainda possui essa escama de peixe em seus olhos (Atos 9:18), para que possa reacender a essência de ser cristão: se arrepender genuinamente e voltar a pregar o Evangelho sem caricaturas e quaisquer invenções criadas pelo ser humano, tão falho e tão imperfeito.
Paz!