Há na e pela graça da regeneração e da santificação, um poder que nos capacita a viver para Deus, e realizar todos os deveres de obediência que são requeridos por Ele e a seus mandamentos.
O primeiro ato deste hábito espiritual de santidade, que é decorrente e inseparável dele, é chamado de “força” ou “poder” em Isaías 40.31: “ os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.”, isto é, para a obediência ou andar com Deus, sem cansaço; porque a força que eles têm, e na sua caminhada com Deus é renovada ou aumentada. É pela mesma graça que somos “fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria,” – Colossenses 1.11, ou “fortalecidos com poder, pelo seu Espírito no homem interior” – Efésios 3.16; e daí ser dito “tudo posso naquele que me fortalece.” (Fp 4.13).
Na nossa chamada ou conversão a Deus, todas as coisas que dizem respeito à vida e piedade, ou seja à vida de santidade, nos são dadas pelo poder de Deus (I Pe 1.3), ou seja, cada coisa que é necessária para nos habilitar a uma vida santa.
O hábito e princípio da graça que é forjado nos crentes, dá-lhes um novo poder e força espiritual para todos os deveres de obediência. Era pela falta deste novo princípio de poder de santidade que recebemos na conversão que Paulo afirma que éramos fracos antes de conhecermos a Cristo (Rom 5.6).
Há uma suficiência na graça que Deus concedeu aos crentes, para capacitá-los para a obediência que lhes é exigida. Então Deus disse ao apóstolo Paulo, quando ele estava pronto para desmaiar sob suas tentações, que “a sua graça era suficiente para ele” – 2 Coríntios 12.9. Há assim um poder em todos os que são santificados, que lhes capacita a produzir uma obediência santa e completa a Deus. Eles estão vivos para Deus, vivos para a justiça e santidade. Eles têm um princípio de vida espiritual; e onde há vida, há o poder inerente a ela para atingir o seu fim.
Este poder na mente consiste em uma luz espiritual e capacidade de discernir as coisas espirituais de uma maneira espiritual, das quais os homens no estado da natureza estão totalmente desprovidos – 1 Coríntios 2.13,14.
O Espírito Santo, na primeira comunicação do princípio da vida espiritual e santidade, brilha em nossos corações, para nos dar “o conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo” – 2 Coríntios 4.6. Sim, este reforço da mente, por uma iluminação salvífica, é o ato mais eminente da nossa santificação. Sem isso há um véu, com medo e escravidão sobre nós, de modo que não podemos ver as coisas espirituais.
Mas onde está o Espírito de Deus, onde ele vem com sua graça santificante, há liberdade; e, assim, todos nós “com o rosto desvendado, contemplamos, como por espelho, a glória do Senhor, sendo transformados na mesma imagem de glória em glória” – 2 Coríntios 3.18. (Veja também Ef. I.17, 18).
Texto extraído do tratado de John Owen, intitulado A Obra Positiva do Espírito na Santificação dos Crentes, traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra.